quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Problemas no Leste (2)


  Na Democracia de Yanukovich

         As eleições parlamentares na Ucrânia, dadas as inúmeras irregularidades praticadas pelo governo de Viktor F. Yanukovich, tem dado motivo a diversas contestações pela oposição.
         A fraude generalizada nos comícios de 28 de outubro motivou requerimentos pelo partido oposicionista – cuja chefe, Yulia Timoshenko cumpre pena política em hospital de Kharkov – em que se solicita ou a recontagem, ou uma nova votação. Tal se deve a um molde de desrespeito, em que os abusos institucionais proliferam, tanto no nível da realização, quanto no da apuração dos sufrágios.
         Além de cercear a capacidade da oposição de organizar-se – o que é feito não só pelo afastamento da principal líder partidária, mas também por outras detenções e proibições abusivas – agora os simpatizantes da oposição têm contestada a presença nas vizinhanças da Comissão Central Eleitoral, em Kiev. Apesar de ser protesto pacífico pelas irregularidades praticadas pelo governo Yanukovich, a força policial considera ilegal a manifestação, e suscetível, por conseguinte, de ser desfeita através de seus usuais e violentos meios.
          Dentro do modelo das chamadas democracias adjetivadas, as forças que apoiam a administração Yanukovich têm ampla maioria no parlamento. Sem embargo, o reconhecimento de vitórias tópicas em alguns distritos fortemente contestados motivaria a oposição na sua luta por abrir espaços no contexto de um meio crescentemente autoritário, que ora constitui a ´democracia´ do presidente Viktor Yanukovich.

A  guerra civil síria           

           Prossegue o conflito na Síria – orçado já em 35 mil mortes desde o seu início em princípios do ano passado. Como uma doença crônica, à falta de grandes convulsões a sua gravidade se reflete em eventos distintos.
          Assim, Mohamad Osama al-Laham, irmão do presidente do Parlamento Sírio, Mohamad Jihad al-Laham, foi abatido a tiros, quando se dirigia de carro para o seu local de trabalho, em Midan.
          Este assassínio político se sucede à liquidação  de Mohamed Rafeh. Estrela da tevê governamental, Rafeh se marcara pelo incentivo à brutal eliminação pelas forças do regime dos pretensos terroristas estrangeiros armados, o que constitui o jargão oficial para designar os grupos oposicionistas.
         Por outro lado, a Turquia de Recip Erdogan acaba de colher sete generais (com as respectivas famílias). Com tais defecções,  cresce para 42 o número de oficiais generais sírios que se acham asilados no país vizinho.
          A par disso, há um incremento na violência, com explosões e choques entre destacamentos governamentais e rebeldes, que se tem espraiado por grande número de núcleos populacionais. Nesse quadro, três bombas explodiram  em Qudsiya, um bairro proletário em Damasco, com o sacrifício de dez pessoas e o ferimento de outras quarenta.
          Nesse contexto de progressiva deterioração, o Primeiro Ministro inglês David Cameron – que é partidário da ajuda não-militar para o levante na Síria – sugeriu em entrevista à rede de teve saudita al-Arabiya que se organize a partida segura (com possível imunidade) para Bashar al-Assad, se tal expediente representar uma maneira para acelerar o fim do conflito – que já se tornou o mais longo e o mais violento no quadro das revoluções causadas pela Primavera Árabe.
           A bem intencionada sugestão de Cameron se choca contra dois fatos. Até o presente, Bashar al-Assad não deu nenhuma indicação de que considere a possibilidade de renunciar à presidência, e a afastar-se do país, para assim abrir espaço para um novo governo. Por outro lado, diante da legislação internacional na matéria, seria de perguntar-se com que base se conferiria imunidade àquele que muitos chamam de carrasco de Damasco.

 Nova Tempestade Ameaça a Nova Inglaterra

          Não é um furacão como foi Sandy – que acaba de passar pelo leste estadunidense, deixando um rastro de destruição e transtornos generalizados – mas os especialistas climáticos já individuaram outra tempestade potencialmente perigosa, trazendo chuva, ventos fortes e altas marés. Essa tempestade se estaria aglutinando na costa sudeste dos Estados Unidos e se antecipa uma possível volta na direção do Norte, atingindo áreas já flageladas pelo furacão Sandy.
          Os ventos deste novo fenômeno natural teriam velocidade entre 48 e 64 km, com rajadas de até  96 km, na região de New York. Se ela não tem a força de Sandy, poderia provocar novas quebras de luz e inundações entre leves e moderadas na mesma região devastada na semana anterior por Sandy.
          As autoridades temem que o novo fenômeno – que sequer tem uma denominação – possa pôr a prova consertos temporários no sistema elétrico, causando problemas complementares em um cenário já bastante debilitado e em precárias condições, dada a violência do furacão Sandy.
           Somar-se aos estragos produzidos por Sandy seria uma perspectiva sombria para os provados moradores das áreas atingidas. Como se sabe, agora se entra em fase difícil, no que tange às condições residênciais de muitas das moradias. Dentre essas, algumas são suscetíveis de consertos em breve prazo, mas muitas delas exigem despesas e reparações que demandarão muito mais tempo e dispêndios, tanto do órgão público responsável, quanto do particular.
           Seria mostra benfazeja se a referida procela – que ainda não tem designação oficial – se perdesse no oceano Atlântico, poupando a população ribeirinha de nova e cruel provação.

 

( Fonte: International Herald Tribune )

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