sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tigre de Papel ou Gerentona ?

                              
       Dilma Rousseff firmou seu nome na constelação lulista como gestora competente da alta administração. Com a forçada partida de José Dirceu – e mais adiante de Antonio Pallocci – ela ficou sozinha em campo.
      Dada a incapacidade do Presidente Lula da Silva em atender a rotina administrativa do governo, Dilma se tornaria a virtual Primeira Ministra e, nessa condição do trato imediato do primeiro escalão, a candidata natural a suceder o chefe carismático.
     Na área que lhe é mais afeita, o Presidente não teve grandes dificuldades em apontá-la como sua sucessora, dado o tirocínio evidenciado na gestão da Casa Civil e no acompanhamento da mastodôntico ministério. A par disso, durante a campanha, não se deve esquecer a colaboração da oposição pela sua singular incompetência na disputa eleitoral.
     Excluída a participação de Marina Silva, e  sua heróica afirmação, malgrado o ridículo espaço concedido a seu partido pela propaganda obrigatória, a inexperiência da candidata do P.T. foi mais do que suficiente para levar de roldão o adversário que, a par das previsíveis traições, não soube transmitir a confiança de um vencedor.
     Depara-se agora Dilma Rousseff com uma greve generalizada, que semelha avatar de fenômenos anteriores a assombrarem os precedentes ocupantes do Palácio. Como assinala Elio Gaspari, a Presidenta terá delegado a seus ministros a negociação, com o consequente agravamento das pendências.
     Depois da greve dos professores, alastrou-se o protesto no serviço público. A falta de pulso e as cautelas do segundo escalão contribuíram para que outras categorias se juntassem aos reivindicantes da primeira hora, a ponto de ora chegarmos ao extremo de que nem estatísticas de desemprego podemos examinar, eis que o IBGE resolveu aderir ao movimento grevista.
     As greves no serviço público se ressentem de legislação que as regulamente,  em especial aquelas dos setores vitais do Estado, como segurança e saúde.
     Ao contrário da maioria dos países, se costuma adotar o modelo ‘para inglês ver’ igualmente para as greves. Aqui o corte do ponto é uma ameaça ritual do poder estatal. Brandir tal castigo, e depois ‘esquecê-lo’, só tende a desarmar a autoridade, diante da certeza dos líderes grevistas de que o eventual descontos das faltas não é para valer.    
     Assim, fica fácil entrar em greve, ou aderir a movimento de outras categorias, com a certeza de que se receberá ao cabo a remuneração integral.
    Nesse contexto, Dilma terá falhado como gerente. Ao invés de atalhar de pronto o movimento, evitando que se difundisse, ela delegou o trato do problema para os ministros das pastas respectivas que não têm a capacidade e o poder de bater o martelo.
    Das duas, uma. Ou se adota o modelo de Pindorama, e a chefe de Estado negocia uma rápida solução para a pendenga; ou se deixa apodrecer a questão, enquanto se avisa que o corte do ponto é para valer,em se mostrando determinação de não ceder, o que, em geral, dissuade eventuais oportunistas de se agregarem à onda grevista.
      Como d. Dilma não fez uma coisa nem outra, como no velho provérbio, em agindo desse modo,  ajudou a semear muitos ventos.
      Daí, as tempestades que ela irá colhendo, em um círculo que tende a alargar-se sempre mais.   



( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo )

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