sábado, 28 de julho de 2012

Notícias direto do Front

                              
A abertura dos Jogos Olímpicos

     Apesar de longa, a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres – a terceira que lá se realiza – foi original e, na maior parte do tempo, interessante e motivadora. A Grã-Bretanha tem muitos trunfos em personagens utilizáveis. A começar pela Rainha Elizabeth II, ladeada  pelo atual agente 007, Daniel Craig , com a solenidade de Buckingam Palace amenizada pelos simpáticos corgis[1], A direção de Danny Boyle para a  grande cerimônia soube palmilhar um caminho que enalteceu a velha Albion, sem cair na areia movediça das patriotadas.
     Se o  sol de Sua Majestade já se põe, passados os dias do predomínio nos mares, a Inglaterra tem ainda muito o que mostrar, para as grandes audiências mundiais. Hilariante presença foi trazida pela figura de Mr Bean (Rowan Atkinson), um dos maiores cômicos britânicos que tão bem sabe refletir a esperteza light do súdito classe C  que circula em Mini Cooper e fura fila de liquidação anual. No show, todo enfarpelado, brinca aborrecido com tecla e arranja jeito de passar à frente dos corredores que evocam ‘Carruagens de Fogo’.
    O subtexto e o caráter simbólico do magnífico cenário, e da participação de tantos atores, atrizes e voluntários anônimos, poderia ter sido traduzido com maior verve e conhecimento pelo pessoal da Record. Infelizmente, em muitos aspectos, por falta de maior base, as explicações dos locutores da tevê que ganhou a exclusividade  da cobertura das Olimpíadas de Londres, deixaram a desejar.
    Considero, no entanto, um aspecto positivo que o virtual monopólio da Rede Globo tenha sido quebrado, o que tende a acirrar a competição, com maior proveito para o telespectador.
   É bom não ouvir por uns tempos as agourantes estatísticas de Galvão Bueno, na narração das partidas.


O desfile das delegações


    Aplaudida por D. Dilma, passou a delegação brasileira no ritual desfile de abertura. A nossa bandeira, simbolicamente foi fincada ao lado da helênica – que, afinal, inventou os jogos olímpicos, e trouxe o quadrienal certamen para o mundo grego, junto com a temporária paz, o calendário e a mística dos campeões do estádio, premiados por coroas de louro e se, fora do comum, por estátuas comissionadas por suas cidades agradecidas.
   Além do falatório dos políticos de Pindorama – que prometem mundos e fundos – vejamos como se comportam os nossos atletas. Terão a princípio de enfrentar o oba-oba da mídia e o incurável otimismo de cantar vitória antes do tempo.
   Seria bom que se não esquecessem de que a nossa representação, por primeira vez, se diferencia das demais. Não é que daqui a quatro anos teremos de dizer ao que viemos, tanto em matéria de cerimônias, quanto nos resultados das provas ?
   É interessante, a propósito, o quanto, na realidade, distam as competições olímpicas da máxima do Barão de Coubertin. Aruba, as Ilhas Virgens, etc. podem pensar que tudo se cinge à alegria de participar. Será este acaso o pensamento de americanos, chineses, alemães, ingleses e brasileiros ?...


Ucrânia e Bielo-Rússia


    Ontem à noitinha, quando desfilavam as delegações ucraniana e bielo-russa, a minha atenção se dirigiu para Iulia Timoshenko, que está internada em cárcere hospitalar em Kharkov, por especial deferência do déspota Viktor Yanukovich, e para os anônimos prisioneiros nas masmorras de Alexandr Lukashenko.
    Será que os robustos e bem-alimentados atletas da ditadura bielo-russa e do regime autoritário ucraniano terão presente a real situação de seus países?
    Na próxima segunda-feira, em plenas olimpíadas, o Parlamento ucraniano realizará sessão especial, no intento de aprovar a polêmica iniciativa do governo pró-russo de tornar o idioma do poderoso vizinho ao norte também oficial em regiões da Ucrânia. A maioria pró-Yanukovich já havia votado esse instrumento que, em favorecendo a utilização oficial do russo, não trabalha decerto pelo reforço da língua nacional ucraniana.
    O presidente da assembleia, Volodymyr M. Lytvyn, recusou-se, no entanto, a firmar o projeto de lei. Na nova sessão, se procurará persuadir o presidente Lytvyn a assinar a legislação. Se persistir na negativa, tentarão eleger um substituto, que se preste a tal formalidade contrária ao interesse da Nação ucraniana.
 


( Fontes:  Folha de S.Paulo, O Globo, International Herald Tribune )



[1] Os cães Corgi é  raça originária do País de Gales, e que é a preferida da Rainha.

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