quinta-feira, 19 de julho de 2012

Notícias do Front (25)


 Guerra civil síria


              Se o estado-maior da segurança de Bashar al-Assad pode ser dizimado em um de seus redutos em que a respectiva proteção atinge o mais alto nível presumível, a pressão do levante sobre a estrutura governamental deve submetê-la a crescente tensão com reflexos sobre a respectiva capacidade de auto-defesa.
             Ao contrário do atentado realizado pelo Conde von Stauffenberg, a 20 de julho de 1944 no Wolfsschanze, o quartel-general do Fuhrer na Prússia Oriental, na última tentativa dos conjurados da Wehrmarcht de mudar o regime, e negociar a paz com os Aliados, este último, dos rebeldes sírios, não falhou, varrendo de cena o general Daud Rajha, o Ministro da Defesa cristão de Bashar, Asef Shawkat ( cunhado do Presidente e vice-ministro da Defesa, encarregado da segurança) e o major-general Hassan Turkmani, um dos vice-presidentes, incumbido do núcleo de repressão da revolução.
           O local da explosão dista cerca de um quilômetro do Palácio Presidencial. Bashar não participava da reunião. Não houve qualquer manifestação pública do ditador sobre o ataque, nem foi fornecida indicação sobre a sua localização.
          Nas duas hipóteses relativas à realização do atentado – que tenha sido artefato plantado pelo comando rebelde, ou haja sido provocado por  atentado suicida – semelham evidentes as lacunas nas medidas de segurança a cercarem a reunião dos principais responsáveis oficiais na condução da guerra.


Greve de Funcionários Públicos em Brasília


            Excetuados os professores universitários,  o governo de Dilma Rousseff não negocia por ora com os movimentos de funcionários que reivindicam aumento de salário. Ameaça cortar o ponto, e descontar os dias de ausência.
            Ao contrário de outros países, no Brasil as greves das categorias funcionais não implicam em corte na folha de pagamento pelos dias não-trabalhados.
           Por outro lado, persistem abusos, pela continuada falta de regulamentação da greve em atividades essenciais para a população civil, vale dizer, na saúde e na segurança. Essa lacuna – que é decorrência direta da reduzida semana de trabalho do Congresso, a qual se cinge na prática à quarta-feira – tem criado inúmeras dificuldades, quando da ocorrência de paradas ilegais, como se tem verificado e assinalado no noticiário.
             Há preocupação de parte da Administração com as exigências e os aumentos na despesa que acarretariam. Segundo dizem as autoridades, os grevistas não semelham ter presente que os movimentos ocorrem em momento de crise internacional financeira, e que implicariam em sobrecarga dificilmente suportável pelo Estado se todas as pretensões fossem atendidas.
            Outro aspecto que motiva fundada preocupação são episódios de vandalismo, praticados contra próprios da União. Que tais prédios sejam desfigurados por pichações é inadmissível. O ato em si evidencia um atentado contra o patrimônio, o que é indício de um misto de ignorância e irresponsabilidade.
 

A Venezuela de Hugo Chávez

        A Human Rights Watch (A Vigia dos Direitos Humanos) é uma agência não-governamental respeitada. Há quatro anos atrás dois diretores seus, por se acharem na Venezuela, foram sumariamente detidos e metidos no primeiro avião de saída da terra do coronel Hugo Chávez. O desagrado oficial de Caracas se devia às verdades que constavam do então relatório da HRW acerca da democracia chavista.
        Agora, às vésperas das eleições presidenciais de outubro, a Human Rights Watch desvela  práticas ditatoriais do regime. Na democracia de Chávez, é  ficção a divisão dos poderes. O Judiciário é mais uma arma para perseguir, ameaçar e intimidar os opositores. Na mesma direção de acosso e cerceamento de liberdade está o emprego da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), tendo em vista neste caso calar canais independentes de informação, ou constrangê-los a timorato silêncio.
        É lamentável que pelo fato de o Paraguai ser um país pequeno – e ter desagradado às senhoras Dilma Rousseff e Cristina Kirchner com o impeachment legal (posto que rápido) do presidente Fernando Lugo – haja sido sumariamente suspenso do Mercosul.
        Dentro de brevidade similar à empregada pelo parlamento paraguaio em assunto de sua competência, a diarquia brasilo-argentina (a participação uruguaia semelha nominal), com açodamento comparável, promoveu o ingresso da Venezuela no Mercosul, descurando até de requisitos mínimos do interesse dos demais membros.   
        Como a pressa é inimiga da perfeição, resta verificar os resultados práticos dessa adesão à toque de caixa. Com efeito, já no seu  Protocolo de Adesão de 2006 a Venezuela descumprira os compromissos de adotar as normas e o padrão aduaneiro do bloco, assim como informar a sua lista de produtos considerados sensíveis.
        Não tendo sido atendidos os requisitos do Protocolo, a presente adesão de Caracas será apenas um gesto político, sem reflexos  no intercâmbio do Mercosul.
        Com a imprevisibilidade característica do coronel Chávez e de seu regime, fica, portanto, em suspenso o que irá significar, em termos comerciais, este golpe de mão aplicado no Mercosul.


( Fontes: International Herald Tribune,  O Globo )

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