Dilma I está por terminar, e num
cenário normal, com a sua reeleição por cerca de dois milhões de votos, a mídia
deveria estar pululante de notícias acerca do novo mandato recebido pela candidata
do PT.
E, no entanto,
não é o que está acontecendo.
Seria como se o
primeiro mandato, com os seus erros de gestão, teimasse em não sair do quadro.
Pois, para
alguém que chegasse de fora, há de parecer estranho que as questões oriundas do
Dilma I continuem não só a ocupar o noticiário da imprensa, mas, o que bem é
mais estranho, persistam a exigir uma atenção que muitos definiriam como
prioritária.
E não estou só
me referindo às questões da inflação, que avança 0,51% em novembro, e nos
últimos doze meses, acumula alta de 6,56%. Pelo quarto mês seguido, ela estoura
o teto da meta de 6,5%, e há fortes indícios de que essa pressão inflacionária
entrará em 2015, de novo arrebentando com esse teto.
Eis uma das
‘conquistas’ da candidata de Lula: trouxe o dragão de volta! De resto, são
quase dispensáveis esses cômputos do IPCA. Qualquer brasileiro, adentrando um
supermercado, ou percorrendo uma feira-livre, verá que a carestia voltou mesmo,
com aquele imposto cruel de que acreditávamos estar livres, com a realização do
Plano Real.
Lula e Palocci
preferiram não brincar com a carestia. Com Mantega e as capitalizações, o
quadro não estava brilhante, mas de um jeito ou de outro, a inflação parecia
sob controle.
Dilma, de forma
irresponsável, trouxe de volta um desenvolvimentismo ultrapassado, e sobretudo
modos de aprendiz de feiticeiro, que não sabe com o que está brincando. Nos
primeiros tempos, pensou até em controlar o fenômeno com fórmulas retóricas,
que logo trouxeram lembranças desagradáveis de tempos que julgávamos superados.
A carestia não se doma com slogans nem com ameaças vazias, como nos tempos dos
ministros fazendários que chegavam com seus planos heterodoxos, para em
seguidas caírem nas garras do dragão.
A Presidenta foi
reeleita por uma coalizão à qual a bolsa-família e o assistencialismo
desenfreado eram os valores primordiais a serem preservados. A outra metade do
Brasil pensou mais neles, porém para essa apertada maioria pesou mais quem era
suposto controlar a boca do caixa.
A palavra
esquizofrênico tem sido muito usada no noticiário. Em termos de voto sufragante
em aprovação ao suposto legado do Dilma I, diante da série de problemas na
economia – excluída a inflação, temos a estagflação, esse peculiar vocábulo do
economiquês, em que juntamos o dragão com a mesmice, ou, se querem, a falta de
confiança dos empresários.
Como estará o
mercado agora, depois que o Ministro-designado Joaquim Levy viu mais uma
operação de ‘empréstimo’ ao BNDES, justamente o que precisara não mais seria
feito ? E continua a inchar a dívida
bruta da União, a par do desrespeito escrachado à Lei da Responsabilidade
Fiscal. A posteriori, dá até para
entender melhor a frenética oposição do PT à sua aprovação pelo Congresso,
chegando mesmo a contestá-la no Supremo ...
A LRF, nesse governo que institucionaliza o jeitinho e a contabilidade
fiscal criativa, não tem mesmo espaço, nem credibilidade. Não é de hoje que o
governo tem contribuído – apesar de afirmar o contrário – para torna-la uma
legislação pra inglês ver, com a sua implementação desfigurada sobretudo pelo
espírito que preside a operação desse governo. A LRF era a chave da abóbada da
responsabilidade fiscal do Governo. Como ela parece não mais estar entre nós, abriu-se
a temporada de caça...
Mas o dito de
Aporelly continua válido. Há muito
mais coisas no ar, além dos aviões de
carreira. Pronunciado na República Velha, pelo padroeiro dos humoristas
políticos em Pindorama, quem há de negar a validade desse diagnóstico de dias
de crise?
O Brasil sofre
um ataque brutal da corrupção. E ela, criatura nutrida na Petrobrás durante o
primeiro mandato de Dilma, continua a assustar.
De Curitiba, o
juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Brasil, continua a trabalhar. Foi
apreendida no escritório do doleiro Alberto Youssef uma planilha com lista de
750 obras públicas de infraestrutura, tocadas por 170 empresas. Essa planilha
relaciona valores que, somados, chegam a R$ 11,9 bilhões. Do total dessas obras
listadas, 59% estão ligadas à Petróleo Brasileiro S.A.
Por isso, tal
planilha, descoberta no escritório do doleiro, indica que o esquema criminoso pode englobar outras estatais e
empreiteiras, no Brasil e no exterior.
Diante desses
novos elementos de prova, o juiz Sérgio
Moro é levado a sustentar que “o esquema criminoso de fraude à licitação,
sobrepreço e propina vai muito além da Petrobrás”.
A par disso,
coube ao Ministro do Supremo Gilmar Mendes, que é um dos atuais representantes
do S.T.F. no Tribunal Superior Eleitoral – ao lado de seu Presidente, o
Ministro Dias Toffoli - a atribuição por
sorteio do exame da contabilidade da candidata vencedora Dilma Rousseff, no
último pleito. Para tanto, está sendo assistido por inúmeros técnicos em
contabilidade dos órgãos interessados.
É um trabalho
aturado, mas relevante, para determinar da lisura dos procedimentos relativos à
última eleição presidencial. Como
compete nesses casos, cabe silêncio ao observador, enquanto o magistrado
trabalha.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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