* A notícia no site
de O Globo de que 7 milhões de pessoas ainda passam fome
no Brasil surpreende sobretudo pela sua discrepância com os comunicados
grandiloquentes do governo e da própria Dilma Rousseff, ao congratular-se com o
eleitorado pelo avanço da política social do Partido dos Trabalhadores. A acreditar na propaganda, a Presidenta
estaria ganhando a guerra contra a miséria.
É o caso de perguntar:
se a campanha vai tão bem, por que um número tão alto de brasileiros vai
tão mal, continuando sem ter o que comer
?
* A situação financeira da Federação
Russa permanece preocupante, mas o ex-KGB Vladimir Vladimirovich Putin,
Presidente da Rússia, continua a impressionar pela sua cara dura. Não chega a
dizer que tudo vai bem, senhora marquesa quando
questionado nas entrevistas de fim de ano, mas continua o Putin de sempre, com
o inescrutável semblante do jogador de pôquer, que jamais revelará as péssimas
cartas que ora tem em mãos.
O rublo
despencara 45% este ano – há estatísticas ainda piores – mas o bom Putin cuida
de tocar a tecla estrangeira para explicar a barafunda em que se meteu. Para
ele, os problemas financeiros da Rússia se devem às sanções (ditas injustas) sobre
a economia. Ainda no campo de caçar bodes-expiatórios, o presidente resmunga
que o Banco Central deveria estar mais
atento e agir um pouco mais.
Responsabilidade, terá acaso alguma?
Tudo somado, ele acha que não, embora fique difícil de explicar o
surgimento das sanções de Estados Unidos e da U.E., senão por causa de política
imperialista, de que sofre agora notadamente a Ucrânia.
Sem embargo,
por dispor de grandes reservas, o rublo registrou ontem sua maior alta desde
1998: 11% frente ao dólar, que fechou cotado a 60.74 rublos. A que se deve esta súbita recuperação? Tal se deveu às ainda fartas reservas de
dólares americanos de parte do Banco Central. Além da venda dos dólares,
funcionou a promessa do banco de ajudar as empresas, em especial as
exportadoras, a honrarem suas obrigações em moeda estrangeira. Consoante o
britânico Financial Times, o ministro
de Finanças russo disse que o governo está pronto para vender US$ 7 bilhões no
mercado de câmbio.
De qualquer
forma, se terá presente que a Rússia tem uma gordura finita de reservas em moeda forte, para a qual existe
obviamente um término. Uma política desse gênero só é pensável para o curto
prazo. Esse tipo de solução, portanto, não satisfará ao mercado, pela simples
razão – segundo o diretor do Instituto de Rússia no King’s College, Sam
Greene - que “as reservas do país não
vão durar para sempre”. Por isso, a
equipe econômica do Presidente Putin teria de agir depressa.
Segundo
Greene, o maior problema da economia russa é a falta de quaisquer fontes de
crescimento. Assim, sem os preços altos do petróleo (com a atual queda
sistêmica no preço do barril) e sem acesso ao mercado de capitais (por causa
das sanções do Ocidente), a economia russa “está sem combustível”.
Dado seu
tamanho, a crise na Rússia incomoda o Ocidente, notadamente a países como a Alemanha, que tem
relações econômicas e comerciais bastante amplas com o Kremlin. Uma situação do
gigante dos Urais vizinha de concordata não interessa a ninguém, muito menos
aos maiores parceiros comerciais de Moscou.
Por isso, soa
a hora da negociação. É importante que a oportunidade seja bem aproveitada. Se
não interessa à Europa e Estados Unidos uma Rússia em crise, a disposição de um
eventual auxílio e de um conjunto de medidas que tornem a situação menos
perigosa – tanto para a Rússia, quanto para os seus grandes parceiros – deveria
ser sopesada com atenção e visão política. A costura dessas intervenções
conjuntas deveria, contudo, ter um pressuposto: a cessação de parte do Kremlin de sua postura imperialista e de fomento de guerra civil na
vizinha Ucrânia. A situação da Crimeia será talvez difícil de remediar, não
obstante a ilegalidade da ação militar e o fajuto referendo, que não suportaria
qualquer exame sério por tribunal internacional.
A sugestão da
composição para Vladimir Putin é pensada pelo mercado financeiro de Londres,
como transpira na sugestão abaixo do diretor do King’s College, relativa a um eventual pacote de medidas pontuais
para criar condições de solução da sua crise: “O presidente Putin e seus ministros não têm como trazer os preços do
petróleo para os altos patamares em que se achavam, mas podem fazer outras
coisas. Podem buscar uma acomodação na relação entre o Ocidente e a Ucrânia, de
modo a conseguir que as sanções aplicadas sejam suspensas.”
De alguma
forma, Vladimir Putin deve ser confrontado com a dura verdade de que uma
política imperialista, no que tange a seus vizinhos e notadamente a Ucrânia,
não é compatível com acerto duradouro que inclua vantagens econômico-financeiras
que respaldem a frágil economia russa.
(Fontes: CNN, O Globo)
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