É difícil prever o que vai
realmente ocorrer no affaire
Petrobrás. Há um repúdio geral às práticas ali verificadas, com a
institucionalização da propina em termos tão genéricos que levam a inquinar de
suspeitas em termos práticos a um grande número de transações.
Graças à
delação premiada, os corruptos estão sendo denunciados. No depoimento à CPI
mista – que foi retirada de seu letargo pelo trabalho do Juiz federal Sergio
Moro – o ex-diretor Paulo Roberto Costa declarou haver mencionado o nome de ‘algumas
dezenas’ de políticos na delação premiada. Pouco depois, foi precisado o número
de 35 políticos envolvidos no esquema pela Lava-Jato.
Essa corrupção
não faz exceções e ocorre em todo o Brasil. Atinge rodovias, ferrovias, portos,
aeroportos e hidrelétricas. Apesar de ‘Paulinho’ (o ex-diretor, hoje delator,
desmentiu, a propósito que o Presidente Lula assim o chamasse) se dizer enojado
com a corrupção no estatal.
Para a opinião
pública, que está cansada de saber tanto da corrupção (sobre-preços e outros
mal-feitos, em dilmês) em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e
hidrelétricas, o que interessa será não ficar nesse cômodo e cúmplice da
denúncia genérica, sem consequências práticas, mas na determinação dos
corruptos passivos e ativos no depoimento do delator, e se tais assertivas
serão conducentes à condenação dos culpados. O Povo está interessado em que os
ladrões – como no passado esses senhores se chamavam – vão para a cadeia, sem
regalias, sem excessivos cortes nas penas (que hoje parecem grandes mas são
logo podadas pelos artiguetes e a jurisprudência do Supremo).
Por sua vez,
o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, manteve a estratégia de negar
envolvimento no esquema e disse desconhecer corrupção na empresa.
Cerveró só
concordou com Paulo Costa em que a
compra da refinaria de Pasadena, que deu enorme prejuízo à estatal, é da
responsabilidade do Conselho da Petrobrás, na época presidido pela senhora
Dilma Rousseff. Assim o conhecimento do
assunto da futura Presidenta parece discrepar um pouco do rompante no despacho
feito em resposta a quesito de jornalista do Estado de São Paulo.
Ah, já me
esquecia que à noite – consoante noticia O Globo – o ministro do Supremo
Tribunal Federal Teori Zavascki revogou a prisão preventiva do ex-diretor da
estatal Renato Duque. Tenha-se presente
que no passado recente o Juiz Sérgio
Moro havia logrado convencer o Ministro Teori Zavascki de não revogar a prisão
de outro acusado na Lava-Jato, dado o risco de fuga, por dispor de vultosas
contas no exterior.
Não é
possível determinar se o Juiz Moro fez idêntico pedido ao Ministro Zavascki, do
STF, para não revogar a prisão
preventiva de Renato Duque.
Com a
revogação por Teori Zavascki, através de liminar, da prisão preventiva do
ex-Diretor de Serviços da Petrobrás
Renato Duque, abre-se exceção que até o momento não fora aberta na Lava-Jato.
Duque fora preso junto com 22 executivos e funcionários de empreiteiras, em 14
de novembro, ele que é acusado de ser o operador do PT no esquema de corrupção na
Petrobrás.
Consoante
os delatores, a Diretoria de Serviços, sob a direção de Renato Duque, cobrava
propinas de até 3% sobre o valor total de uma obra, e os recursos eram
repassados para o PT e para operadores do esquema.
Segundo o
delator Paulo Roberto Costa, Duque foi indicado para a diretoria pelo
ex-ministro José Dirceu, condenado pelo Supremo no julgamento do Mensalão do
PT.
Assinale-se,
por oportuno, que ao converter a prisão temporária de Duque em preventiva, o
juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal no Paraná, disse que havia risco de fuga e
que o ex-diretor mantém “verdadeira
fortuna” em contas bancárias no exterior.
Por
oportuno, é de assinalar-se no que tange ao Sr. Duque, que a 20 de novembro o
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre, já
havia negado um habeas corpus para o senhor Renato Duque.
Na ocasião, o
desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator, rejeitou o pedido de
liberdade, sob o argumento de que havia “risco de reiteração criminosa”.
Nesse
contexto, o ex-diretor de Serviços negou a participação no esquema em depoimento
à Polícia Federal. Ele disse desconhecer
casos de corrupção na Petrobrás e duvidou das afirmações de Paulo Roberto
Costa.
Sem embargo,
em outro momento, o ex-diretor da Petrobrás confirmou ter recebido R$ 1,6
milhão da construtora UTC – cujos sócios também foram detidos – mas disse que o
valor era referente a pagamentos por serviços de consultoria que prestara após
deixar a Petróleo Brasileiro S.A.
Duque também
negou ter conhecimento de que um subordinado seu na estatal, Pedro Barusco,
houvesse recebido propina ou mesmo que mantivesse contas bancárias no exterior.
Semelha
interessante ter presente que o citado Barusco assinou um acordo de delação
premiada no qual se compromete a devolver mais de US$ 100 milhões.
( Fontes: O Globo e, subsidiariamente,
VEJA )
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