Aumenta a maioria republicana no Senado americano
Mary Landrieu lutou o bom combate,
mas desta feita não bastou para garantir-lhe a reeleição. Se lograra pequena
vantagem, na primeira eleição, a veterana senadora democrata não conseguiu
mantê-la na eleição extraordinária, perdendo para o republicano Bill Cassidy, que em janeiro de 2015 assumirá como o novo
senador por Louisiana. Na legislatura anterior, Cassidy era deputado.
A senhora
Landrieu, considerada a mais conservadora da bancada democrata, representou o
estado por dezoito anos, em três mandatos. O seu conservadorismo, que lhe
garantira as vitórias pregressas, desta vez não lhe serviu. Malgrado as
vantagens que a sua antiguidade lhe garantia na hierarquia senatorial, os
eleitores de Louisiana queriam engrossar a onda do GOP nessa eleição intermediária.
Dessarte, o
partido do presidente Obama fica sem nenhum senador oriundo do Sul profundo (deep South), e a sua bancada na Câmara
Alta – que em 2015 será minoria – fica ainda mais fraca.
Baixa na Inflação dos serviços ?
A inflação constitui um dos
traços mais negativos da Administração Dilma Rousseff.
O
consumidor, pelas lambanças econômicas do Dilma I, enfrenta esse ‘imposto’, que
é decerto o mais cruel, por não trazer nenhuma vantagem para economia.
Dentre os
componentes do dragão, os preços dos serviços, em que a pressão inflacionária
ocorre muito pelo sintoma maria vai com
as outras, dado o característico oportunismo e a pouca relação com as
realidades do mercado, desta vez parece que haverá um certo refresco.
Assim, segundo os dados do Ibre/FGV,
a alta em 2014 do ítem serviços
será de 8% (contra 9% em 2013).
A ganância
oportunista que caracteriza tais elevações – feitas em geral sob atmosfera de
aproveitar o embalo, qualquer que ele seja – se reflete na discrepância com o IPCA. Em novembro ele fechou a 6,56%. Ainda obviamente se ignora o IPCA de
dezembro, mas não será decerto menor do que o do último mês.
Assim se
assegura, pelo visto, para os serviços o incremento suplementar que cobram do consumidor ...
A Ficha demora a cair...
Segundo as
últimas pesquisas do Datafolha, sete em
cada dez brasileiros pensam que Dilma Rousseff tem alguma
responsabilidade no escândalo de corrupção na Petrobrás.
Dadas as
dimensões do caso, a avaliação do eleitor pode ser considerada como ainda relativamente favorável
à popularidade da Presidenta. Dada a quantidade de elementos negativos que têm
vindo à tona, o PT e a Presidente podem ainda considerar-se singrando um mar navegável.
Há certa
discrepância, no entanto, entre esse dado acima e a popularidade de Dilma. Para
o brasileiro, nada teria mudado desde 21 de outubro, às vésperas do segundo
turno das eleições: 42% dos
eleitores continua a achar que o governo da petista é ótimo ou bom, que é a cópia xerox da parcela do eleitorado que assim se posicionou na semana decisiva
para a sua reeleição.
Retrocesso imediato e decepcionante
Malgrado a
expectativa, a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da
Fazenda não constitui o remédio milagroso para a nossa recuperação
econômico-financeira. Se acaso se alimentavam esperanças nesse sentido, o novo
aporte do Tesouro ao BNDES determinado por Guido Mantega, o ainda Ministro da
Fazenda, serve para a brutal relativização do discurso otimista de recuperação em Dilma II.
Ficam soltas no
ar as palavras de Levy em defesa do equilíbrio fiscal e na afirmação de que a
prioridade agora é reduzir aportes nos bancos públicos, para baixar a dívida
bruta.
A resposta de
Mantega reflete a realidade – e põe realidade nisso – econômico-financeira do
Brasil sob Dilma. A MP 661 autoriza a União a conceder crédito de até R$ 30
bilhões ao BNDES, com ulterior manobra para fechar as contas de 2014. Essa
infausta MP autoriza a equipe econômica a utilizar receitas do chamado
superávit financeiro para o pagamento de despesas primárias obrigatórias, como
pessoal e previdência, por exemplo.
Assinale-se que na visão de técnicos
do orçamento essa MP fere os princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF). No parágrafo único do artigo 8º , a LRF estabelece que “os recursos
legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente
para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso
daquele em que ocorrer o ingresso.”
Queda
na cotação do petróleo
A queda nas cotações do petróleo – de US$ 115.06 o barril (19.Jun) para US$ 70.15 (28.Nov.) – é acompanhada com
atenção pelas principais potências. A Arábia Saudita estaria apostando na
queda dos preços para inviabilizar economicamente a produção não-convencional
americana que se apóia em tecnologia cara, baseada na fragmentação
hidráulica de rochas subterrâneas. Por outro lado, o gás não-convencional
estadunidense deixaria de ser rentável com uma cotação do petróleo em torno de
US$ 40.00
Nesse aspecto, é
mister ter presente que o fato de ser gravoso não impediria prima facie a produção americana, que
atende igualmente a considerações de autonomia energética.
A queda na
cotação obviamente favorece aos compradores (China, Japão e Africa do Sul). Por
sua vez, para o Brasil, o menor
valor do petróleo prejudica ulteriormente a Petrobrás,
já fragilizada por sua instrumentação pela corrupção. Além disso, a descoberta
do pré-sal encontra uma dificuldade
adicional. Se os depósitos do pré-sal nos chegam em momento em que os
combustíveis fósseis são menos atraentes, por considerações ambientais, a
acrescida baixa na cotação – dados os custos adicionais implicados na sua
explotação – torna os projetos respectivos menos atraentes economicamente.
O despencar nas
cotações do ouro negro pode ter boas consequências para o entorno da Rússia. Com o
recuo nos preços – o petróleo é o principal bem da exportação russa (metade de
suas receitas procedem do petróleo) e as sanções de Washington e da U.E. lhe
têm afetado a economia – acresce o temor
da recessão naquele país, cuja economia já está fragilizada pelas sanções
tópicas aplicadas por motivo do
imperialismo de Moscou (anexação
da Crimeia) e a invasão da Ucrânia oriental. Caso Putin venha a desistir de sua aventura imperialista por causa da
debacle petrolífera, e se as relações com a Ucrânia se normalizarem dentro da
norma de respeito às respectivas soberanias,
seria decerto um efeito virtuoso da crise no que tange às oscilações do
ouro negro. Não obstante, é mister reconhecer que há demasiados se nesta equação política, mormente se
tivermos presentes as atuais características desse poder regional[1]na
área europeia oriental. Além disso, a dinâmica política dificilmente
transformaria Vladimir Putin de lobo em cordeiro, mas não se pode dele
excluir um recuo forçado pelas circunstâncias. É oportuno lembrar que a queda
do petróleo há três décadas não só está na base da crise da dívida no México,
mas também teria sido um dos fatores que contribuíu para a dissolução da União
Soviética, em 1992.
Por outro lado,
a baixa nas cotações tem afetado negativamente o Irã e a Venezuela. Esses países têm projetos de atuação externa
(Teerã) e interna (Caracas), que serão atingidos (e reduzidos) pelo impacto da
queda nas cotações. A Venezuela de Maduro
está longe da situação de gastança exterior dos tempos de Chávez. Cuba, o regime gerontocrático do Caribe, já
deve estar sofrendo as consequências, eis que o sindicalismo autoritário de Nicolás
Maduro carece das minguantes rendas externas desta monocultura para alimentar
as classes C e D e manter-lhes o indispensável apoio à custa de subvenções cada
vez mais onerosas.
Decisão Importante e Oportuna
Segundo informa Monica Bergamo em sua coluna na Folha, a Comissão Nacional da Verdade,
que investiga crimes cometidos durante a ditadura militar, vai recomendar que
todas designações das obras públicas do país que tenham o nome de presidentes
militares ou de pessoas envolvidas com torturas e desaparecimentos sejam alteradas.
Dentre as obras
citadas, estão a rodovia Presidente Castelo Branco, o Elevado Costa e Silva (o
Minhocão), e a rua Sérgio Fleury, os
três em São Paulo. E em Brasília, a
ponte Costa e Silva.
Por esses Brasis afora, existirão
muitas outras obras públicas, que devem ser testemunhos de democracia.
Antes tarde do que nunca.
Onde estão os nossos craques?
Renato Maurício
Prado comenta em sua coluna que, no Brasil, os craques desapareceram.
Atualmente, o
único craque indiscutível é Neymar.
Revendo a atuação de nossa seleção na recente Copa do Mundo no Brasil, a
disparidade de Neymar para o restante do elenco é manifesta. A maior parte das
jogadas seriam construídas em torno do antigo craque do Santos e hoje do
Barcelona.
Por fatos alheios
à sua vontade, Neymar apareceu no início do certâmen, mas nunca mostrou o jogo
do Torneio das Confederações. A
grande parte das jogadas eram realizadas por seu intermédio. Quanto aos outros
citados – e que estão na lista de revista inglesa – e com a possível inclusão de
Oscar – incluiria apenas Paulo Henrique Ganso.
A seleção de
Felipão não tinha meio-campo, e Ganso é ótimo jogador de meio-campo. O próprio
Renato alude à possibilidade de que
Ganso venha a integrar a lista. Uma contusão atrapalhara a volta de Ganso à
seleção, mas dada a sua recuperação – e muitas de suas atuações no São Paulo o
confirmam – ele faz por merecer nova
inclusão. Afinal, chamar um potencial grande nome para a seleção - nesse
deserto de craques - deveria ser retentado.
A propósito da
falta de grandes nomes na Seleção, por vezes o fenômeno não é casual. Na Copa
da África do Sul, o técnico (Dunga)
parecia preferir um grupo coeso e submisso a convocar jogadores de melhor
nível. Lembram-se do jogo Brasil x Holanda de então ? Depois do gol sofrido por
Júlio Cesar e a expulsão (merecida) de jogador nosso, não é que Dunga olhou
para o seu banco de reservas e, por força de muitas estranhas convocações, não
havia literalmente ninguém no banco que servisse de solução para a situação de
crise...
Talvez essa
crise de valores no Brasil da atualidade se reflita também no futebol. Só para
citar, em 1950, os craques Juvenal
(beque), Danilo (meio campo), Ademir e Jair da Rosa Pinto, sem esquecer o ponta direita titular Tesourinha, que não pôde então jogar,
por estar contundido, e em 1958,
quando conquistamos o mundo e a copa na Suécia com Gilmar, Bellini, Newton Santos, Didi, Garrincha e o
garoto Pelé?
Hoje, o Brasil virou exportador de jogadores.
A quantidade é enorme, e inclusive a Fifa
aceita a prática da naturalização futebolística, de que há inclusive exemplos
de jogadores brasileiros na Alemanha e na Espanha, para só citar entre os
grandes. Nos pequenos, comparece até a Croácia... Mas quanto à qualidade, as
nossas últimas seleções não se comparam aos times do passado. Estamos acaso na
entressafra?
O vexame do 7x1 contra a Alemanha,
pensando bem, não aconteceu por acaso. Sob o imenso peso da expectativa
nacional colocada sobre os ombros da nossa não tão brilhante seleção, e com
orientação técnica defasada (levar quatro gols em dez minutos, perdoem-me Felipão
e os defensores da seleção, é inaceitável). Recordo que em Porto Alegre, com
jogadores de muita vontade e baixa técnica, a Argélia foi para a prorrogação com
a ‘maravilha alemã’. Se nessa última fase, levaram dois gols, ainda fizeram um,
que estufou a rede. O segredo dos argelinos? Disposição, raça e boa orientação
técnica, que surpreendeu a esquadra (e o técnico ) alemães. Se os teutônicos entraram no Beira-Rio com empáfia, saboreando a
goleada (que não veio), no fim os argelinos deixaram o campo com a cabeça
erguida: Alemanha 2x1 Argélia. E além da determinação dos jogadores, não
lhes faltou o esquema tático que o técnico do time argelino soube dar.
Será por acaso que o Brasil não consegue
vencer e levar o caneco quando joga em casa? Em 1950, prefiro dizer que lá
estava o Sobrenatural de Almeida,
porque o time brasileiro era de longe o melhor do torneio (2x0 sobre a
Iugoslávia, 6x1 contra a Suécia, 5x1 contra a Espanha e por fim, um chute
chocho do senhor Ghiggia, aos 36 do
segundo tempo decretou a tragédia nacional, vista por um Maracanã calado, com
prá lá de duzentas mil pessoas. Aquele campeonato foi decidido por um tetragonal.
Fomos o único time que chegou ao final invicto, enquanto a Celeste se arrastou, até empatando com um dos outros integrantes da
chave (Brasil, Uruguai, Espanha e Suécia).
Não
importa, estava escrito. Que o Obdúlio Varela, o capitão, tudo fez com
a costumeira catimba, para irritar os nossos jogadores. Que Friaça faria o gol
aos cinco do segundo tempo, que Schiaffino empataria aos dezesseis, e lá, perto
dos quarenta, o ponta Ghiggia, nos veio com chute despretensioso, que Barbosa
aceitou, e lá se foi o nosso sonho...
Era outro
Brasil, bem menor do que o atual, mas, assim como na última Copa, a expectativa
nacional – esperava-se a vitória da Inglaterra, que foi derrotada pela zebra Estados Unidos, se não me engano
em Minas – foi crescendo até confluir em um Maraca hiper-lotado... A confiança,
como de hábito, era total, irrestrita. Não se pensou sequer na tradição da Celeste e das partidas sempre duras e de
resultados imprevisíveis. A instrução era jogar bonito, para fechar com chave
de ouro a campanha. A concentração arranjada
em São Januário – o técnico era Flavio Costa – como local ultra-exposto, e, portanto, inadequado. Dentro
da atmosfera de obaoba, o que dizer da preservação psicológica dos jogadores,
se literalmente na véspera da partida decisiva permitiram que se mimoseasse nossos
atletas com a incrível distribuição antecipada das faixas de campeão?
Se não
há dúvida que era um outro Brasil, já
carregávamos muitos de nossos defeitos, como o hiper-otimismo... E quem diria,
se visse as partidas anteriores, que o resultado podia ser diferente? Gostosamente,
sonhamos com o caneco, e esquecemos que
eles nos conheciam bem, e que os jogos com a Celeste costumavam ser equilibrados, difíceis e imprevisíveis. Tudo isso foi esquecido, levado pela
corrente das apoteóticas goleadas contra os suecos e a Fúria espanhola, com o
Maracanã cantando a marchinha das touradas de Madri...
No
domingo, tudo sairia diferente. E não é que os uruguaios nos castigariam com
uma palavra nova, o Maracanazo?
O tempo
passou e me perdoem, mas será mesmo por acaso que as cinco estrelas na malha
canarinho, nós as conquistamos em plagas estrangeiras?
( Fontes: New York
Times, O Globo; Folha de S. Paulo )
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