Obama e o embargo
No entanto,
uma análise mais aprofundada da questão – e do jogo de interesses na sua
aprovação - há de indicar que este embargo, por não ser inexpugnável, pode ser até afastado por um Congresso de maioria
republicana. Explico-me: enquanto o bancada do partido democrata no Senado
votará, sem maiores dissidências, em
prol de sua derrogação, já o majoritário GOP não nos apresenta a frente maciça
contrária, como antes se pensava. Não há dúvida que Marco Rubio e outros
republicanos tendem a expressar-se a
favor da manutenção do embargo, mas ao contrário dos democratas – que apoiam a
sua abolição – a frente republicana não está coesa e, ao que parece, tem
representantes favoráveis à tese do Presidente Obama.
Por outro
lado, há interesses comerciais e empresariais na balança, e a cercania
topográfica da ilha com os Estados Unidos continental igualmente trabalham a
favor de se afastar essa considerável barreira ao desenvolvimento do
intercâmbio entre as duas economias.
Todos esses
fatores, portanto, somam a favor de eventual derrubada dessa portentosa barreira – ainda
que a batalha possa ser longa. De qualquer forma, por circunstâncias políticas
e econômicas há um conjunto de forças que poderá vencer a resistência do
núcleo-duro da comunidade cubano-americana. Os interesses econômico-financeiros
deverão, pela sua força inercial, derrubar a resistência advinda desse núcleo
que congrega os primeiros opositores à revolução de Fidel Castro.
A Lista do Delator P.R.Costa
A lista de Paulo
Roberto Costa, o ‘Paulinho’ de Lula, ex-diretor da
Petrobrás, apresenta 28 nomes de políticos, como recipiendários de propinas,
dentro do esquema investigado pela Lava-Jato.
Pode ser
interpretado como um retrato sem retoques da política, neste governo petista de
Dilma Rousseff.
Além de Renan
Calheiros (PMDB), presidente do Senado,
Henrique Alves (PMDB), presidente da Câmara, Antonio
Palocci (PT- ex-Ministro da Fazenda), Tião Viana (governador do Acre reeleito –PT), Humberto Costa (líder do
PT no Senado), Edison Lobão (Ministro e Senador Licenciado – PMDB), Sérgio Cabral, ex-governador do Rio -
PMDB;
Roseana Sarney (ex-governadora do Maranhão – PMDB), Lindbergh Farias
(Senador – PT), e Mário Negromonte (Ministro das Cidades – PP), Sérgio Guerra
(PSDB – falecido), e Eduardo Campos (PSB – falecido). A lista não para aí:
estão também relacionados - do PT:
Gleisi Hoffmann, Senadora; Delcídio do Amaral, Senador; Vander Loubert,
deputado federal; e Candido Vaccareza, deputado federal não reeleito; do PMDB: Valdir Raupp, Senador, Romero Jucá, Senador;
e Alexandre Santos, Deputado Federal, não se reelegeu; do PP: Ciro Nogueira, presidente do PP e Senador,
Senador Benedito de Lira, Nelson Meurer, deputado federal, e Simão Sessim, dep.
Federal. Por fim no PP, Luiz Fernando Faria, Dep. Federal, José
Otavio Germano, Dep. Federal, e os deputados federais não-reeleitos João
Pizzolatti e Aline Lemos e o ex-deputado
Pedro Corrêa.
Deverão,
de resto, ser melhor esclarecidos os casos de Eduardo Campos e Sérgio Guerra,
ambos falecidos.
A situação de Graça Foster
Apesar do
comovente apoio que lhe vem sendo prestado pela Presidenta Dilma Rousseff, a
situação de Graça Foster na Petrobrás está longe de ser esclarecida. Muitos
comentaristas consideram que ela não tem mais condições políticas de se manter
na presidência da Petróleo Brasileiro S.A.
A lógica no caso é simples: espera-se de uma chefe de empresa de tal
importância na economia nacional uma atitude mais alerta às realidades
circundantes e existentes na companhia sob sua responsabilidade.
E a sua
situação perante a atuação da corajosa Venina Velosa da Fonseca continua a
piorar. Em depoimento de cinco horas, a ex-gerente da Petrobrás reafirmou a
dezenove do corrente, que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, e toda a
diretoria da empresa sabiam de irregularidades nos contratos da Diretoria de
Abastecimento, chefiada por Paulo Roberto Costa.
Em tal
sentido, e consoante seu advogado, Venina
entregou cópias de documentos e e-mails que afirma ter enviado a
integrantes da cúpula da companhia. Neles, Venina Fonseca alerta sobre desvios
em contratos de comunicação e nas obras da Refinaria Abreu e Lima. A
funcionária da Petrobras entregou igualmente ao M.P. o seu computador, onde
estão gravadas as ditas comunicações.
Rio de Janeiro: onde está a Polícia?
A Polícia Militar,
subordinada ao Secretário José Mariano Beltrame, volta a pautar-se pela ausência na Linha
Vermelha, que é uma das principais e
mais movimentadas artérias de acesso ao centro do Rio de Janeiro, assim como
para o aeroporto do Galeão.
Na sexta-feira,
novamente, os motoristas de carros particulares e de taxi, foram assaltados por
bandidos que ingressam nessa via rápida através de buracos nos espaços
laterais, buracos esses que são feitos pelos próprios meliantes. Além de
apontar para a incúria das autoridades responsáveis – que não providenciam a
reposição das lâminas – durante o ataque (que em geral ocorre de manhãzinha),
os facínoras dispõem de inteira liberdade para assaltar os motoristas, eis que
a polícia prima pela ausência, malgrado a repetição de tais práticas.
Não é só
na Linha Vermelha em que o braço da lei não aparece. Ontem, por exemplo, ao sair para algumas
compras do cotidiano, pude verificar que, na extensão de quatro quarteirões,
todos eles próximos da praia de Ipanema, não havia vivalma com uniforme da PM.
Dada a
presença anterior de policiamento intensivo nesses locais – o que se deve a
repetidos assaltos e tentativas –
julguei assaz estranho que a área estivesse totalmente desprovida de agentes da
lei, justamente na tardinha, ao cair da noite, hora da preferência dos
grupelhos da mala vita para o assalto
dos transeuntes.
A Entrevista Anual de Putin com o Povo Russo
Seguro de sua popularidade junto ao povo russo
– que chegaria aos 75% a favor, embora palavra de cautela se imponha, porque a Federação Russa não é exatamente uma
democracia, nem os institutos de opinião se afiguram confiáveis – Putin
enfrentou a maratona de três horas em que responde às questões dos cidadãos
russos.
A sua
postura foi a do negativismo. Segundo ele, não existe crise alguma na economia
russa. Pela faccia tosta, como diriam
os italianos – a tradução mais aproximada para o português seria cara de pau - pensa Vladimir
Vladimirovich refutar a presença de qualquer crise. Se terá impressionado o
cidadão comum, como ele está lidando com uma situação factual, o seu engenho
não terá boas perspectivas de vencer a realidade a médio prazo, e através
disso, convencer os seus ouvintes.
Pela ousadia e até desfaçatez, o presidente
Putin pode lograr algum sucesso, mas qualquer impressão arrancada pela força de
suas negativas tenderá a dissipar-se, quando cada cidadão tiver a oportunidade
de verificar no dia a dia, que as coisas não estão assim tão bem quanto apregoa
o presidente.
Outra
promessa feita por Putin e sem qualquer perspectiva de ser aceita pelo governo
de Kiev, é a oferta de apresentar-se como mediador
para a crise ucraniana. Nem como humor negro um tal despautério pode ser
conjuminado. Em outras palavras, que possibilidades tem alguém que invadiu a
Ucrânia, que se apossou da Crimeia, e que tudo tem feito para desestabilizar o
governo de Kiev – agora com a cara lavada vir a apresentar-se como mediador nessa crise ?
Esse
cinismo na proposta só pode existir em ambientes como o do encontro anual com o
povo russo. Apesar de a guerra não-declarada com a Ucrânia já tenha sido
associada aos body-bags[1] de soldados russos
mortos nesse conflito fabricado por Putin, a grande maioria da população ainda
ignora a margem de envolvimento (e de dispêndio) com tal aventura imperialista,
que reedita moldes do século XX, como os ‘movimentos espontâneos’ dos nazistas
e de suas quinta-colunas. Está na base do controle da informação que essa
jogada anual do interrogatório do Presidente pela população pode ser encenada.
Mas uma
crise com a seriedade e a potencialidade da presente não semelha suscetível de
ser escamoteada do povo russo, a despeito da audácia de gospodin Putin. Como a mentira terá sempre as pernas curtas, a
negação da realidade não terá fôlego de apresentar as coisas como elas não são.
No médio prazo, se não intervierem outros fatores que o favoreçam, as
perspectivas apontam para dificuldades crescentes na manutenção de um teatro de
faz-de-conta.
( Fontes: Rede Globo, Site do Globo )
[1] O body-bag – um plástico
negro que recobre o cadáver – é o procedimento dito usual para expedir ao país
natal o saco com o cadáver do soldado vitimado em combate. Foram os body-bags e
seu volume que apressaram o fim da aventura americana no Viet-Nam.
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