Não é exatamente um presente de
natal para o principal opositor do
presidente Vladimir Putin. Aleksei A.
Navalny acaba de ser informado de que a
estranha ação que lhe era movida por tribunal interiorano – por suposta fraude
em operação comercial – virou sentença de três anos e meio de prisão. A
sentença, no entanto, foi aplicada a
título suspensivo.
Interpreta-se
essa ‘concessão’ como um meio de manter sob controle Aleksei Navalny. Sem
querer transformar Aleksei em um mártir político, o dispositivo armado pelo
campo oficialista não deseja, no entanto, que o antigo blogueiro e principal
opositor presidencial, possa acirrar as dificuldades que já enfrenta gospodin
Putin.
Dada a
situação das finanças russas, a queda no principal produto de sua economia, e a
consequente fragilização política do presidente Putin, por força de uma série
de fatores que, em parte, teve a ação agravada pela sua atuação, o poder não
quer transformar Aleksei Navalny em mártir político. Por isso, cuidam de
proteger o flanco de Vladimir Putin, mantendo o principal nome da oposição sob
a perene ameaça de eventual transformação em prisão firme. Tentando evitar
conceder a aura de mártir a Navalny, o Kremlin, se agravado o perigo, não
hesitará em transformá-la em detenção efetiva.
Pouco importa se tal violência configure confissão de fraqueza. O
despotismo de Putin, colocando diante de um desafio mais grave, dificilmente hesitaria
em apelar para tal tipo de recurso.
Já o irmão de
Aleksei, Oleg Navalny, foi objeto de igual sentença, com a diferença de não lhe ter
sido infligida a título suspensivo. Por isso, Oleg já está trancafiado em algum
cárcere do vasto universo prisional de todas as Rússias.
Por sua
vez, os serviços de segurança do governo
estão em alerta, pois preveem protestos e manifestações maciças dos numerosos partidários
de Aleksei Navalny. Como se sabe, a ação
movida contra o opositor de Putin foi urdida pelo Kremlin e o seu escopo é o de
perseguir e afastar, com um processo montado, a ameaça política que a
popularidade de Navalny coloca para o todo-poderoso presidente russo. Transformar o irmão em refém pode ser mecanismo odioso, mas o comportamento pregresso do principal interessado não deixa ilusões quanto a sua manutenção e eventual acirramento, se as circunstâncias políticas assim o aconselharem. Se puxar a corda ainda mais possa ser interpretado como ulterior sinal de fraqueza política, não é de crer-se que o atual soberano russo, se acreditar-se ameaçado, há de hesitar quanto à oportunidade da medida. Ainda mais quando sentir-se com as costas contra a parede...
( Fonte:
The New York Times )
Nenhum comentário:
Postar um comentário