Estava fazendo
falta o artigo de Marco Antonio Villa. Incisivo, veraz, ele não teme gritar,
como a criança na fábula, que o Rei está nu. No seu bem-vindo artigo[1] “Lula,
Dilma e o petróleo” mestre Villa alinha
fatos, verdades e interrogações.
A começar pelas
mais simples. Não sou especialista em finanças públicas, mas já perguntara aos
meus botões, ao ler sobre o montante das movimentações envolvidas: ‘como é
possível movimentar fortunas sem que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras) tomasse conhecimento ?’. Como Villa, achei estranho que tais
movimentações não foram sinalizadas pelo Coaf.
Há outros
tópicos sobre os quais a cobertura dos jornalões segue a linha da
ultraprudência, que Villa não trepida em
afrontar. No aludido contexto, citemos mestre Villa: “Neste processo, duas
pessoas têm enorme responsabilidade como representantes do Estado brasileiro. O
primeiro é o ministro Teori Zavascki. Caberá a ele a responsabilidade de,
inicialmente, ser no STF o responsável pelo processo. Na Ação Penal 470
(mensalão), infelizmente o ministro acabou acatando a tese de um novo
julgamento que levou à derrubada da condenação por formação de quadrilha da
liderança petista. E, como ficou patente, o julgamento acabou desmoralizado e
objeto de chacota. Já no caso do petróleo, é incompreensível a libertação de
Renato Duque.
“O outro é o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Quando assumiu a PGR – e participou
da segunda parte do julgamento do mensalão – deixou nos brasileiros uma enorme
saudade do seu antecessor, Roberto Gurgel. Teve uma atuação, no mínimo, pífia.”
Villa não fica
só nisso. Dedica a parte final do artigo a Lula da Silva: “ É impossível
acompanhar o escândalo sem questionar o papel de Luiz Inácio Lula da Silva. Afinal, a organização e a prática do esquema
de corrupção tiveram início durante o seu longo período presidencial. (...)Até
hoje, apesar da gravidade dos fatos, Lula se mantém em silêncio.” Deverá provavelmente
aguardar a revelação das provas em poder da Justiça para emitir opinião. Lula é
um safo, como vimos durante o processo do mensalão. Nomeou a diretoria da
Petrobrás com o intuito inequívoco de
organizar o maior caixa 2 da história republicana. Se no mensalão ele se
salvou, desta vez vai ser muito difícil. Pela primeira vez neste país poderemos
ter um ex-presidente não só-indiciado, mas condenado pela Suprema Corte. Resta
saber se o STF vai agir dentro da lei ou permanecerá um mero puxadinho do
Palácio do Planalto, como em outras oportunidades.”
Pelo visto, a
força inercial de sua convicção na Justiça empurra mestre Marco Antonio Villa
para um certo otimismo, posto que condicionado pelas ominosas circunstâncias, que
podem levar mais este escândalo – e põe escândalo nisso – ao gavetório da República.
A esse
respeito, o irônico no caso são as repetidas menções, nos debates, da candidata
Dilma com Aécio Neves, ao PGR Engavetador Geral da República, críticando a
atuação de Geraldo Brindeiro no tempo de FHC. A insistência deve ser atribuída ao
marqueteiro João Santana, sabedor de que a referência teria repercussão
popular.
A pergunta a ser
feita diante da avalanche de escândalos do PT seria :E agora José ? Os malfeitos
só devem ser mencionados quando são praticados pelo adversário? O tapetão
estaria aí para encobrir as derrapadas petistas, inclusive agora quando vem à
tona a recomendação de técnicos do TSE de rejeição das contas da campanha de
Dilma?
( Fontes: artigo de Marco Antonio Villa; O Globo )
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