terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O artigo de Villa e o escândalo do Petrolão


                            

        Estava fazendo falta o artigo de Marco Antonio Villa. Incisivo, veraz, ele não teme gritar, como a criança na fábula, que o Rei está nu. No seu bem-vindo artigo[1] “Lula, Dilma e  o petróleo” mestre Villa alinha fatos, verdades e interrogações.

       A começar pelas mais simples. Não sou especialista em finanças públicas, mas já perguntara aos meus botões, ao ler sobre o montante das movimentações envolvidas: ‘como é possível movimentar fortunas sem que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) tomasse conhecimento ?’. Como Villa, achei estranho que tais movimentações não foram sinalizadas pelo Coaf.

       Há outros tópicos sobre os quais a cobertura dos jornalões segue a linha da ultraprudência,  que Villa não trepida em afrontar. No aludido contexto, citemos mestre Villa: “Neste processo, duas pessoas têm enorme responsabilidade como representantes do Estado brasileiro. O primeiro é o ministro Teori Zavascki. Caberá a ele a responsabilidade de, inicialmente, ser no STF o responsável pelo processo. Na Ação Penal 470 (mensalão), infelizmente o ministro acabou acatando a tese de um novo julgamento que levou à derrubada da condenação por formação de quadrilha da liderança petista. E, como ficou patente, o julgamento acabou desmoralizado e objeto de chacota. Já no caso do petróleo, é incompreensível a libertação de Renato Duque.

       “O outro é o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Quando assumiu a PGR – e participou da segunda parte do julgamento do mensalão – deixou nos brasileiros uma enorme saudade do seu antecessor, Roberto Gurgel. Teve uma atuação, no mínimo, pífia.”

       Villa não fica só nisso. Dedica a parte final do artigo a Lula da Silva: “ É impossível acompanhar o escândalo sem questionar o papel de Luiz Inácio Lula da Silva.  Afinal, a organização e a prática do esquema de corrupção tiveram início durante o seu longo período presidencial. (...)Até hoje, apesar da gravidade dos fatos, Lula se mantém em silêncio.” Deverá provavelmente aguardar a revelação das provas em poder da Justiça para emitir opinião. Lula é um safo, como vimos durante o processo do mensalão. Nomeou a diretoria da Petrobrás com o intuito inequívoco  de organizar o maior caixa 2 da história republicana. Se no mensalão ele se salvou, desta vez vai ser muito difícil. Pela primeira vez neste país poderemos ter um ex-presidente não só-indiciado, mas condenado pela Suprema Corte. Resta saber se o STF vai agir dentro da lei ou permanecerá um mero puxadinho do Palácio do Planalto, como em outras oportunidades.”   

        Pelo visto, a força inercial de sua convicção na Justiça empurra mestre Marco Antonio Villa para um certo otimismo, posto que condicionado pelas ominosas circunstâncias, que podem levar mais este escândalo – e põe escândalo nisso – ao gavetório da República.

         A esse respeito, o irônico no caso são as repetidas menções, nos debates, da candidata Dilma com Aécio Neves, ao PGR Engavetador Geral da República, críticando a atuação de Geraldo Brindeiro no tempo de FHC. A insistência deve ser atribuída ao marqueteiro João Santana, sabedor de que a referência teria repercussão popular.

      A pergunta a ser feita diante da avalanche de escândalos do PT seria :E agora José ? Os malfeitos só devem ser mencionados quando são praticados pelo adversário? O tapetão estaria aí para encobrir as derrapadas petistas, inclusive agora quando vem à tona a recomendação de técnicos do TSE de rejeição das contas da campanha de Dilma?

 

( Fontes:  artigo de Marco Antonio Villa; O  Globo )



[1] Publicado hoje, 9/12/2014, na página 16, Opinião, em O Globo.

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