terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Em dificuldade a Rússia de Putin

                                       

                           
         Não será necessária bola de cristal para prever que, muito em breve, o Kremlin deverá fazer ajustes não só na parte econômico-financeira (que está indo para o brejo), mas também no comportamento agressivo de sua política externa.

         Nem todos os problemas do governo Vladimir Putin têm a ver com as consequências de suas diversas violações ao direito internacional público (que a diplomacia de Dilma Rousseff finge não enxergar).  A queda nas cotações do petróleo – que é o principal ítem na exportação russa – está aí para corroborar esse desafio.

        Por outro lado, pressionado pela fuga de capitais, o rublo registra a maior queda em 16 anos. Diante do quadro petrolífero, os compromissos (ostensivos ou não) assumidos pela política de força começam a pesar de forma fora do previsto no orçamento russo.

       A dramática elevação da taxa de juros de 10,5% para 17% ao ano, a sexta seguida neste ano, denuncia o nervosismo das autoridades responsáveis. Assinale-se que ainda no campo financeiro a autoridade monetária já gastou (ou torrou) cerca de US$ 80 bilhões das reservas internacionais, só para sustentar o valor da moeda (com  depreciação de 49% neste ano). 

        Para que se tenha ideia da força da crise, só ontem o rublo caíu 10,1%, o que vem a ser maior desvalorização diária desde 1999 (são necessários 64,4455 rublos para adquirir um greenback).

        E não para por aí. Por força da húbris de gospodin Vladimir Vladimirovich, que pensou poder partir para  política de invasão e de provocação de conflitos na Ucrânia oriental (sem falar da recente anexação da Crimeia, que tampouco saíu barato para o Tesouro russo), o diabo está solto e trabalha com afinco para afundar ainda mais a economia e, por conseguinte, o estado da Rússia.

        Os erros de Putin são basicamente dois: (a) julgou que a sua política imperialista engordaria os cofres russos, quando está acontecendo justamente o contrário; (b) por outro lado, apostou forte na firmeza do principal artigo de exportação, o petróleo, e não é que, com a sua vertiginosa queda na bolsa internacional, está, no mínimo, cortando pela metade os fundos disponíveis para bancar a aventura da Rússia grande potência.

        Certas companhias indesejáveis costumam aparecer em tais ocasiões. Com a moeda fraca, crescem os preços dos produtos importados. Surge a inflação, acirrada pelas sanções cuidadosamente direcionadas, pela alça nervosa dos juros, sem contar com os dispêndios além da conta de imperialismo que exagerou na própria exposição das forças. Assim, o consumidor russo pode comprar menos com o rublo desvalorizado, e ver crescer à sua volta o perigo de dupla frente  tributária: além dos impostos, dona carestia, que é um imposto tão mesquinho quanto falso ( embora pese no bolso,  não traz benefício algum para o Erário público).

 

( Fonte:  O  Globo )

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