Nem todos os
problemas do governo Vladimir Putin têm a ver com as consequências de suas
diversas violações ao direito internacional público (que a diplomacia de Dilma
Rousseff finge não enxergar). A queda
nas cotações do petróleo – que é o principal ítem na exportação russa – está aí para
corroborar esse desafio.
Por outro
lado, pressionado pela fuga de capitais, o rublo registra a maior queda em 16
anos. Diante do quadro petrolífero, os compromissos (ostensivos ou não)
assumidos pela política de força começam a pesar de forma fora do previsto no
orçamento russo.
A dramática
elevação da taxa de juros de 10,5% para 17%
ao ano, a sexta seguida neste ano, denuncia o nervosismo das autoridades
responsáveis. Assinale-se que ainda no campo financeiro a autoridade monetária
já gastou (ou torrou) cerca de US$ 80 bilhões das reservas internacionais, só
para sustentar o valor da moeda (com depreciação de 49% neste ano).
Para que se
tenha ideia da força da crise, só ontem o rublo caíu 10,1%, o que vem a ser
maior desvalorização diária desde 1999 (são necessários 64,4455 rublos para
adquirir um greenback).
E não para por
aí. Por força da húbris de gospodin Vladimir Vladimirovich, que pensou poder partir para política de invasão e de provocação de
conflitos na Ucrânia oriental (sem falar da recente anexação da Crimeia, que
tampouco saíu barato para o Tesouro russo), o diabo está solto e trabalha com
afinco para afundar ainda mais a economia e, por conseguinte, o estado da
Rússia.
Os erros de
Putin são basicamente dois: (a)
julgou que a sua política imperialista engordaria os cofres russos, quando está
acontecendo justamente o contrário; (b)
por outro lado, apostou forte na firmeza do principal artigo de exportação, o petróleo, e não é que, com a sua
vertiginosa queda na bolsa internacional, está, no mínimo, cortando pela metade
os fundos disponíveis para bancar a aventura da Rússia grande potência.
Certas
companhias indesejáveis costumam aparecer em tais ocasiões. Com a moeda fraca,
crescem os preços dos produtos importados. Surge a inflação, acirrada pelas
sanções cuidadosamente direcionadas, pela alça nervosa dos juros, sem contar
com os dispêndios além da conta de imperialismo que exagerou na própria
exposição das forças. Assim, o consumidor russo pode comprar menos com o rublo
desvalorizado, e ver crescer à sua volta o perigo de dupla frente tributária: além dos impostos, dona carestia, que é um imposto tão mesquinho
quanto falso ( embora pese no bolso, não
traz benefício algum para o Erário público).
( Fonte: O
Globo )
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