De novo, a censura judicial
O
escopo do juiz é descobrir a fonte de reportagem publicada pelo jornalista, com
base em informações de um inquérito aberto pela Polícia Federal, em 2011,
relativo a esquema de corrupção implicando fiscais de trabalho na cidade.
A esse
propósito, assim se manifestou o editor-chefe do jornal, Fabrício Carareto: “A
decisão é uma afronta à liberdade de imprensa e uma tentativa de violar o que
está previsto na Constituição Federal, que é o sigilo da fonte. Um repórter não quebra segredo de Justiça,
ele só divulga as informações. Tanto o indiciamento (do repórter) quanto a
quebra do sigilo são decisões arbitrárias e abusivas”.
É
importante notar que processo semelhante foi movido contra jornalistas da “TV
Tem”, retransmissora da TV Globo em São José do Rio Preto, por divulgarem as
mesmas informações do ‘Diário’. A
decisão da Justiça, no entanto, foi diversa e favorável, como seria de esperar,
à liberdade de imprensa, tendo sido o processo
arquivado pela 1ª Vara da Justiça em Rio Preto. Na oportunidade, ao decidir pelo encerramento
do processo, o juiz Adenir Pereira assim se expressou quanto à ação do Ministério
Público Federal: colocava em “risco a liberdade de informação, enquanto pilar
do regime democrático”.
Por sua
vez, entidades de classe como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) criticaram a decisão do juiz Lattiere Jr. , da 4ª Vara
Federal, em Rio Preto (SP).
Sarney
fez ontem, 18 de dezembro, discurso para um Senado esvaziado. A pouca atenção recebida pelo ex-Presidente –
que se despede da Câmara Alta – contrastou com o plenário cheio que
acompanhara, com emotiva participação, a alocução de despedida do Senador
Pedro Simon (PMDB-RS).
José Sarney assinalou que
aquela seria a última vez em que ocuparia a tribuna parlamentar. Começara em
1955, com a UDN e, portanto, no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, que
então era a capital federal.
Em
sua oração, tentou defender o Maranhão (no Senado, ele representava o Amapá
pelo PMDB), a despeito dos índices negativos do estado natal. Um ato falho
cometido pelo ex-presidente foi o de haver chamado de ‘revolução’ o golpe
militar de l964.
Disse ter sido um ‘erro’ de sua parte, haver continuado na vida pública,
disputando cargo eletivo, depois de haver sido presidente da república. Elogiou
a propósito a Constituição americana, que proíbe o exercício de cargos eletivos
aos presidentes, após dois mandatos. Na
verdade, a proibição se refere à 22ª emenda à Constituição americana, aprovada e ratificada pelos Estados Unidos, a
27 de fevereiro de 1951. O intuito da emenda foi o de evitar, no futuro, que se
repetissem as reeleições de Franklin
Delano Roosevelt. Antes, pela norma consuetudinária encetada por George
Washington, os presidentes americanos concorriam apenas a uma reeleição.
Da longa trajetória política de Sarney, registre-se: era governador do
estado, quando estourou, em 1964, a chamada ‘revolução’. Com a sua habilidade
política, logrou manter-se no cargo. Mais tarde, afastaria o chefe político
local, o Senador Vitorino Freire. Sarney passou à Arena, na década de setenta,
e mais tarde também presidiu o novo avatar do partido governista, o PDS (Partido
Democrático Social) que igualmente apoiava
o regime militar. Nesse sentido, foi
presidente tanto da Arena, quanto do PDS.
Com o enfraquecimento do governo
João Figueiredo, José Sarney se aproximou da aliança presidida por Tancredo
Neves, e acabou integrando a sua chapa, como candidato a Vice-presidente. A
chapa do regime militar era encimada por
Paulo S. Maluf. Após a eleição, com a enfermidade de Tancredo, assumiu como
vice-presidente. Com a subsequente morte
de Tancredo, e a negativa de Ulysses Guimarães de substituir o
presidente-eleito morto, Sarney foi empossado como presidente, e permaneceu no
Planalto de 21.IV.1985 até 14.V.1990, até a posse do novo Presidente, Fernando Collor.
Perseguição à imprensa na China
Essa
política repressiva, já marcante no governo de Hu Jintao, se acentuou
com o atual presidente Xi Jinping. Às vésperas de sua
confirmação para a presidência, a Bloomberg
News, servindo-se de documentos corporativos e de entrevistas calculou a
fortuna do entorno familial de Xi em bens no valor de centenas de milhões de dólares. Como não havia maneira de o Governo
chinês explicar o porquê do montante dessa fortuna, a solução foi bloquear na
rede o web-site da Bloomberg, que assim permanece até hoje.
Por
conseguinte, e em tal contexto, a expectativa de que o novo Presidente faria ‘abertura
política’ se dissipou com a rapidez da névoa matinal.
O recente livro de Evan Osnos registrou mídia
bastante viva e atuante na RPC, o que
se estende à internet. A sua observação, no entanto, somente aflora
o início de Xi, eis que a permanência de Osnos na China grosso modo coincide com a presidência de Hu.
Nesse
contexto, o toque especial de Xi Jinping já se mostra
inconfundível: A RPC é o país que mais encarcerou jornalistas em 2014! São
44 profissionais. Isso sem contar a Liu Xiaobo, que pela sua condição de
Prêmio Nobel pode ser considerado hors
concours.
A
reativação da repressão sob Xi Jinping, se tivermos presente a reportagem da Bloomberg News, chama a atenção para
detalhe relevante. O mártir da democracia Zhao
Ziyang (que foi, de resto, quem
introduziu a reforma financeira na China, que
se livrou das constraints
(limitações) do marxismo-leninismo) achava a reforma política importante porque
coibiria o fenômeno da corrupção, que hoje continua florescente, ao valer-se da
censura do PCC.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Prisoner
of the State (edited by Bao Pu) e Age of Ambition, de E. Osnos )
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