terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Novas e Velhas de Pindorama

                                  

        Estelionato Fiscal?

 

         A aprovação pelo Congresso do projeto de lei que flexibiliza a meta do superávit primário – em que a redação da L.D.O. havia sido rechaçada pela Oposição, com a ajuda da Situação na semana passada  -  será reapresentada na jornada de hoje aos senhores congressistas.

         Não por coincidência, a Presidenta editou decreto  que prevê – vejam só que agrado ! – R$ 747,5 mil adicionais a cada um dos 513 deputados e 81 senadores, o que enseja a destinação por Suas Excelências de mais recursos a seus redutos eleitorais.

         E tampouco de forma sutil, o governo Dilma I avisou que a dita verba só será liberada se os senhores parlamentares derem o necessário aval – negado na semana passada – às mudanças nas regras da política fiscal.

         Nesse contexto, duas observações cabem: (a) esse desvirtuamento – que nada tem de sutil – nas regras do superávit primário (de resto básicas para a recuperação da economia) como deve ser entendido no quadro do introito à suposta nova política fiscal sem os truques e as mágicas fiscais do conhecido armazém Mantega & Arno Augustin ? e

        (b)  como fica no foto o que a oposição – reportando-se ao decreto, mas na verdade apontando  para o dito pacote,  classificara de ‘chantagem’ e ‘desrespeito ao Legislativo?

        E se indagação cabe, como interpreta o mercado e adjacências essa audaz manobra, que tanto se parece com os procedimentos do Dilma I  (que muitos pensaram superados)? E nesse quadro, tão reminiscente das estranhas regras – e que produziram o arreganho de descalabro que aí está – como tudo isso se encaixa com as implícitas, risonhas promessas  de o que será a nova administração fazendária, sob a avisada direção do sorridente novel Ministro da Fazenda, Joaquim Levy ?

 

       Déficit  Comercial

 

       Mais um déficit para roer com nossas reservas. Com as importações superando as exportações em novembro último,  o rombo mensal será de  US$ 2,35 bilhões.  E semelha, por conseguinte, inevitável que após catorze anos de superávits anuais, a balança em 2014 fechará no vermelho.

         A derradeira vez em que o balanço foi negativo aconteceu em 2000, sob o governo de FHC. Então as importações ultrapassaram as exportações  em US$ 732 milhões.

        No corrente ano de 2014, dispomos de um déficit acumulado de US$ 4,221 bilhões (de janeiro a novembro).  A notar que em 1998 (igualmente sob FHC), o saldo ficou negativo  em US$ 6,112 bilhões.  Tal saldo é bastante grande para tornar pouco provável a quebra do recorde por um saldo em dílmica administração (que seria superior a  US$ 1,891 bilhão).

 

           Oportuna observação

 

           Foi com o consueto prazer que li o comentário de mestre Carlos Heitor Cony sobre a peculiar preferência de Dilma Rousseff pelo termo Presidenta. A mim sempre  pareceu eivado de alguma vulgaridade.

           Para Cony, o equívoco inicial – se corresponde à realidade que a primeira Magistrada da República teria dúvidas sobre a respectiva escolha – ‘demonstra que a presidente da República não está nada segura de suas preferências’.

           No que me concerne, presidenta é um manto que não casa com a elevação do cargo.

           E ao cabo, Cony nos brinda com clássica cadência em assertivas que tem um quê de virgiliano: Nada tenho... Mas desconfio das escolhas...

           

 (Fontes: Estado de S. Paulo, O Globo, Folha de S. Paulo).

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