O GOP aprendeu a lição?
Na verdade,
o último fechamento do governo, pela irresponsabilidade do Tea Party, cobrou caro do
Partido Republicano em termos de popularidade, e é por isso que Boehner e Obama
estão no mesmo barco.
Por sua vez,
se a Câmara Baixa está pronta a costurar um entendimento que ponha um termo
temporário à política de condicionar o funcionamento do Estado e a manutenção
de seus compromissos financeiros, além de não querer prejudicar os seus
candidatos à sucessão do 44º presidente, sempre pensam cobrar um preço
suplementar.
Desta feita,
o GOP encaixou um rider (vale dizer, uma cláusula oportunista)
no projeto legislativo, em que faz uma mesura a Wall Street, de que os republicanos são fiéis aliados. E por isso
lá vai um artigo que diminui poderes da reforma do mercado acionário, que os
democratas lograram quando tinham as maiorias das duas Casas (a partir da
próxima legislatura, estarão em minoria tanto na Câmara, quanto no Senado).
É
interessante que a tentativa de manter intata a lei Dodd – Frank, que regula o
mercado acionário, foi empreendida por
duas mulheres, na Câmara, Nancy Pelosi,
e no Senado, Elizabeth Warren, ambas
democratas. O bom combate não teve êxito, embora se deva compreender que a lei,
resultado da Grande Recessão. não
deveria pagar o pato do oportunismo republicano em manobrar o teto fiscal para
ganhos políticos. Esses agrados a Wall
Street podem custar caro no futuro à economia, como foi a derrogação da lei
Glass-Steagall, dos albores do governo
de Franklin Delano Roosevelt, e que
proibia bancos de depósito funcionarem também como bancos de investimento.
Derrogada de forma irresponsável na Administração Clinton (a instâncias de
Larry Summers e outros), a falta dessa lei seria instrumental para a farra
especulativa dos CDOs e outros papéis
que criariam a insolvência a atingir ao Lehman
Brothers, o primeiro dominó a cair no que seria a Grande Recessão.
Sétimo
Outro filme
argentino, este com Ricardo Darín no papel principal e sob a competente direção de Patxi Amezcua. A superior interpretação
do veterano ator R. Darín decerto não surpreende.
Impressiona a qualidade da recente cinematografia portenha. Este policial mantém o suspense quase do começo ao fim, assim como o ritmo empregado que se insere na tradição da filmografia policial americana. Este, inclusive, tem traços de filme noir. Outra coisa que o espectador não deixará de observar será o ótimo nível da película argentina, que tem qualidade similar a filmes estadunidenses.
Nesse contexto, outro obra de grande qualidade – e de que me penitencio não havê-la já referido - são os Relatos Selvagens, dirigido por Damián Szifron (co-produção argentino-espanhola). São seis episódios, em que, por vezes transpira a influência de Pedro Almodobar. O humor negro está presente e a violência nunca é gratuita, e pode revestir uma visão dantesca e sardônica de certas opções comportamentais em longas e pouco transitadas rodovias perdidas em cafundós de província. Em elogio ao conjunto, não é fácil escolher o melhor episódio. Para mim, seria o do casamento, que tem uma visão peculiar das possibilidades cênicas e comportamentais desse entranhado costume da civilização judaico-ocidental. Mas os demais na sua exposição de costumes, hipocrisias e possíveis retornos a práticas antissociais trazem um certo substrato da visão por vezes corrosiva do cineasta espanhol. Não é filme para senhoras que se persignem amiúde, nem para exibir em auditórios infanto-juvenis (se porventura ainda existam).
Impressiona a qualidade da recente cinematografia portenha. Este policial mantém o suspense quase do começo ao fim, assim como o ritmo empregado que se insere na tradição da filmografia policial americana. Este, inclusive, tem traços de filme noir. Outra coisa que o espectador não deixará de observar será o ótimo nível da película argentina, que tem qualidade similar a filmes estadunidenses.
Nesse contexto, outro obra de grande qualidade – e de que me penitencio não havê-la já referido - são os Relatos Selvagens, dirigido por Damián Szifron (co-produção argentino-espanhola). São seis episódios, em que, por vezes transpira a influência de Pedro Almodobar. O humor negro está presente e a violência nunca é gratuita, e pode revestir uma visão dantesca e sardônica de certas opções comportamentais em longas e pouco transitadas rodovias perdidas em cafundós de província. Em elogio ao conjunto, não é fácil escolher o melhor episódio. Para mim, seria o do casamento, que tem uma visão peculiar das possibilidades cênicas e comportamentais desse entranhado costume da civilização judaico-ocidental. Mas os demais na sua exposição de costumes, hipocrisias e possíveis retornos a práticas antissociais trazem um certo substrato da visão por vezes corrosiva do cineasta espanhol. Não é filme para senhoras que se persignem amiúde, nem para exibir em auditórios infanto-juvenis (se porventura ainda existam).
Crise Israelo-Palestina
Surpreende
mesmo que a postura de Benjamin Netanyahu não haja provocado reações mais
violentas do povo palestino, Como há inúmeros episódios da parcialidade da justiça
israelense, em que o ganho de causa é geralmente dado ao colono judeu, ainda
que invasor ilegal de terra palestina, não surpreende que essa postura racista
de Israel – a par da antidiplomacia de ‘Bibi’ Netanyahu – se reflita na
transformação desse país em verdadeiro pária internacional.
Por pesada ironia do destino, o povo judeu –
que tanta simpatia colhera pela odienta perseguição sofrida do nazismo
hitlerista – hoje tem as suas missões diplomáticas, por causa do tratamento
injusto e opressivo dispensado ao povo palestino, transformadas em verdadeiros bunkers. Tampouco surpreende, por isso, que a
chancelaria em Atenas haja sido alvo de tiros, provocados decerto pelo “ataque
cardíaco” (segundo o diagnóstico de médico israelense) do Ministro palestino,
que foi derrubado pela inaudita violência soldado israelense de ocupação.
O GOP aprendeu a lição? (2)
O pacote aprovado
pela Câmara de Representantes – a que me reporto acima - não incluíu, por reiterada oposição republicana,
assim como omissão da Administração Obama, a inclusão, mais do que devida (foi
aprovada em 2010 pelos países membros) de reforma de cotas e de governança do Fundo Monetário Internacional.
O Partido
Republicano, por força de postura reacionária, se recusa em contemplar a já
votada e sacramentada reforma do FMI,
com a dita mudança nas cotas e na governança do Fundo. Tal reforma corresponde
a alterações necessárias nesse organismo, por força da evolução mundial, que já
não é exatamente aquela do acordo de Bretton
Woods, em que a predominância dos Estados Unidos era esmagadora nas
finanças mundiais.
Não será por
negar realidades que o GOP manterá
intata a ordem de Bretton Woods. Mais cedo ou mais tarde, os americanos terão
de conformar-se com a nova situação, em que emergentes como China e Brasil
terão mais voz e voto no FMI.
Terá necessariamente
de haver um reajuste na administração do Fundo, que corresponda à presente
situação da economia mundial, A própria francesa Christine Lagarde, atual diretora-gerente do FMI, o que reflete a ordem antiga – onde europeus e americanos têm
papel e voz que mais corresponde à situação do longínquo imediato pós-guerra,
do que ao estado de coisas atual – criticou as concessões do Presidente
americano aos republicanos na Câmara, eis que era mais do que esperada a
inclusão no Orçamento da União a
proposta de reforma de cotas e governança do organismo.
Para ter
aprovado o orçamento e vencer a chantagem do Tea Party e de parte dos republicanos, Obama – na sua conhecida
fraqueza – cedeu em disposições importantes, como no citado (e deplorável)
enfraquecimento da lei Dodd-Frank
sobre Wall Street, assim como ao permitir cláusula que abre o caminho para
grandes doações de agentes econômicos a campanhas políticas. Obama não mais
concorre a nada, mas os democratas não
veem com prazer que se abra as mais cancelas para as doações das grandes
empresas, que, em geral, se destinam aos representantes no Congresso do nosso
conhecido Grand Old Party.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, New York Times )
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