sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Diário da Mídia (XXXII)

                           

 

A morte de Thomaz Bastos

 

         Considerado o decano dos advogados, a ênfase da atribuição informal se devia menos à antiguidade na função, do que à influência na classe, influência essa decorrente do próprio valor intrínseco, e do consequente respeito que lhe votavam juízes e causídicos.

         Morreu na manhã da quinta-feira, dia 20 de novembro de 2014. Internado há dias no Sírio Libanês para tratamento de problemas pulmonares, trabalhou, à revelia do médico Roberto Kalil, até a véspera do falecimento (comandava a defesa das empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht na Operação Lava-Jato).

         Bastos – e isto não é floreio de necrológio – foi o mais influente advogado de uma geração de criminalistas que participou ativamente do processo de redemocratização do país, com o seu norte na defesa dos direitos humanos.

        Conhecera Lula em 1979, numa palestra no ABC. Escolhido pelo ex-dirigente sindical para ser  Ministro da Justiça, a sua presença nessas funções seria marcante, e não só em termos cronológicos. Regularmente consultado pelo Presidente na indicação de ministros para o Supremo, a instituição e a República agradeceriam. Indicou ou avalizou as escolhas de Eros Grau, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa.

        Foi determinante, outrossim, na revisão da decisão de Lula de cancelar o visto do jornalista Larry Rohter, do New York Times, que em  2004 escrevera sobre o presidente e a bebida. Com a carta branca de Lula, Thomaz Bastos definiria a relação com a Polícia Federal, a política de segurança  para os Estados, e teve papel marcante na relação entre Governo e Justiça.

        Em desenvolvimento característico da condição humana, Thomaz Bastos não manteve o mesmo prestígio e influência sob Dilma Rousseff, de quem nunca fora próximo, como indica Vera Magalhães, do Painel da Folha. A Presidenta não seguiu Lula no hábito de consultá-lo  sobre indicações para o Supremo, nem em outros setores.

        O ex-presidente Lula compareceu ao velório na Assembleia Legislativa de São  Paulo. Também foi – e segurou a mão da viúva – a Presidente Dilma Rousseff. Igualmente compareceram ministros do STF e do governo federal.

        Dentre os comentários alusivos, registrados pela Folha, recorto os seguintes: “Foi um corajoso defensor da lei, apaixonado pela ideia de um Brasil melhor. Um homem raro e que muito contribuiu para mudar a história do país” (Luiz Inácio Lula da Silva); “Marcio Thomaz Bastos será sempre inspiração para a defesa do estado de direito, dos valores constitucionais e dos fundamentos de uma sociedade civilizada”, (Marcus Vinicius F. Coêlho, presidente da OAB); e “Exemplar ministro da Justiça e defensor criminal de primeira linha”, (Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF).

 

A Recusa de Trabuco

          

           Segundo se noticia, o Presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, declinou do convite de Dilma Rousseff.  Consoante a versão para consumo público, ele não foi liberado pela instituição, pois se prepararia para assumir a presidência do Conselho de Administração do banco.

           Ainda sem nome para suceder a Guido Mantega, consoante a imprensa a Presidenta analisaria agora as seguintes opções: estariam sendo considerados Joaquim Levy (secretário do Tesouro no governo Lula e hoje no Bradesco), Nelson Barbosa (ex-número dois da Fazenda), e Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central.

           Se excetuarmos Tombini, que vem sendo regularmente referido na dança de posições para a Fazenda, a ausência de qualquer menção dos próximos de Dilma (como Arno Augustin, hoje no Tesouro) fala com maior eloquência sobre o relativo desprestígio da atual administração fazendária. O que se explica pela mera circunstância de que não subsistem muitas dúvidas sobre quem será ministro da Fazenda no Dilma II.

           Nesse contexto, quanto pagaria em linguagem turfística a pule de Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central sob Lula, e que foi afastado de considerações por Dilma desde que reivindicou a famigerada autonomia para o Banco Central ? 

           A eventual indicação de Meirelles para a Fazenda seria decerto enorme surpresa, na medida em que sinalizaria a decisão de Dilma de não ser também a ministra daquela Pasta.

 

A   Reforma  Imigratória  de  Obama

 

           Parece que os correspondentes dos jornalões brasileiros em Tio Sam todos rezam pela cartilha do GOP. O que em termos de vanguarda do atraso, é um desenvolvimento que em Administração de Presidente democrata não contribui de forma excessiva para a adequada informação do leitor.

          Não faz muito adiantara no blog do intuito de Barack Obama de fazer a reforma imigratória por via de decreto (executive order) (V. A Reforma da Imigração do Presidente Obama – Colcha de Retalhos B 43).

          Entristece o viés do noticiário dos coleguinhas que estão nos Estados Unidos, porque eles dão a impressão de que a alegada verdade estaria com os dinossauros do GOP. Falam assim de raios e trovões contra a alegada invasão de poderes em termos migratórios, quando a realidade está mais próxima do modesto latino, que mostra um cartaz com os dizeres :‘Gracias, presidente Obama’. 

          Os republicanos, máxime pela paralisia em Washington (dominam a Camara Baixa e em breve também a Alta) barraram o caminho de uma reforma moderada da imigração.

            Com a caução do respeitado Attorney General Eric Holder, o Presidente americano dá um viés mais positivo  (e menos repressivo) para o tratamento da imigração nos EUA.  Através disso, atende a compromissos de campanha, a par da necessidade de dar tratamento mais humano (e, por conseguinte, mais inteligente e socialmente produtivo) para a questão da imigração nos Estados Unidos.  

                         

(Fontes:  Folha de S. Paulo,  O  Globo,  The New York Times)

Nenhum comentário: