quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Da dílmica desordem nas contas

                                 

                 Não é novidade, mas continua constrangedor.  Os problemas da Presidenta com as contas públicas – que são decorrência da gestão ruinosa da economia – vão ser ‘resolvidos’ com aquele velho jeitinho à brasileira, que o esquema do Plano Real e a arquitetura da legislação de controle (a lei de responsabilidade fiscal) tencionam tornar irrelevante.

                 A mistura de sólida incompetência e irresponsabilidade voluntarista força as ‘otoridades’ a inventarem mágicas, que nos trazem de volta  ao mundo das decisões para inglês ver – a administração sabe que não são para valer, que prejudicarão ulteriormente a economia e o conceito do Governo, mas vai em frente, fingindo cinicamente que cumpre a legislação.

                 Nada de superávit primário para pagar os juros da dívida. Ao invés, com escasso respeito ético (e não se refere aqui ao público, mas ao próprio, que é suposto ater-se às normas regulamentares), as autoridades financeiras e do planejamento, e agora um prestimoso parlamentar, o Senador Romero Jucá, nos vem com mais um jeitinho, que a Presidenta outra vez torna inelutável.

                Não se pejando de vir a publico, e ainda por cima perante as câmaras do Jornal Nacional,  Jucá finge que o povo aceita gato por lebre. Ao invés de superávit primário, a linguagem oficial promete “meta de resultado”, ou seja, reconhece que o banido por autoridades mais responsáveis – vale dizer o déficit fiscal – vem fantasiado com trajes que não enganam a ninguém.

                Não é de hoje que voltamos ao tempo da irresponsabilidade fiscal.

                Por idiossincrasia eleitoral, uma precária maioria determina que dona Dilma deva continuar a maltratar as finanças públicas.

               Os números decerto minguaram, mas foram bastantes para garantir a Lula, consoante asseguram seja o seu propósito, que coloque em 2018 a sua pretensão a um terceiro mandato.

                Com a devida vênia, reluto em acreditar que o aparelhamento petista vá continuar a perder de vista. O regime involui até o presente em que as únicas verdadeiras crises de confiança se acham nos boatos soezes de que a bolsa-família seria interrompida.

                 Desse susto, decerto serão poupados os titulares desse assistencialismo.

                 Tendo presentes as características da gestão econômico-financeira, é de prever-se que as crises devem continuar, com o natural agravamento causado por incompetência congênita.

                 No entanto, a paciência tem um limite, e até mesmo a fiel base de sustentação não parece ser mais de ferro, como dantes. Assim, pasmem!,  para surpresa de muitos, sob a pressão de uma oposição revigorada, não é que fecharam por ora a fábrica de pizzas parlamentares, e concordaram  com a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, o sisudo João Vaccari Neto ?   

             Vai que...

 

( Fonte subsidiária:   O  Globo )

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