segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Afinal, as Eleições intermediárias

                         

       Afinal, as últimas eleições da Administração Obama se realizarão amanhã, terça-feira, 4 de novembro. Como se sabe, os comícios elegerão toda a Câmara de Representantes, um terço do Senado, e muitos governos estaduais.

       Ao contrário do período iniciado a partir de novembro de 2010 – quando com o shellacking (tunda) o Partido Republicano elegeu a maioria na Câmara, e com isso assegurou o domínio permanente do GOP na Casa de Representantes – no passado, também  a  Câmara Baixa estava em jogo, podendo ser controlada por democratas ou republicanos.

       Hoje em dia – e possivelmente ainda por vários anos – a disputa pela maioria na Câmara é mera ficção. Por força da relativa inexperiência política de Barack Obama, o GOP e suas bases estaduais puderam se prevalecer da abertura (dada a época de recenseamento) e criar condições  para que os distritos eleitorais fossem costurados de forma a ensejar – nos estados ‘vermelhos’, i.e. de então maioria republicana – uma base segura para que a alternância dos dois grandes partidos não mais fosse possível.

       É por isso que desde 2010 o deputado John Boehner, do Ohio, é o Speaker, e. o que talvez seja mais relevante para a questão em tela, a maioria dos deputados passou para o controle do Partido Republicano. Ficará mais fácil então entender a paralisia institucional, eis que a maioria democrata no Senado não pode transformar em leis muitas das reformas programadas, como v.g., a aprovação de reforma imigratória, que foi uma das principais questões favorecidas pelo eleitorado na reeleição do 44º Presidente.

        Sobre tal problema, no entanto, já nos ocupamos várias vezes – é a questão do gerrymander (redesenhamento político dos distritos eleitorais) – e para que os estados da União se vejam livre dessa fraude constitui verdadeiro desafio, que nada fica a dever aos trabalhos de Hércules, aos quais supera pela extensão e complexidade

        Como o quadro previsto pelos constituintes se acha substancialmente modificado, na atualidade será sempre o mais provável a referida paralisia (deadlock), ou então o controle do Congresso pelo GOP, no caso de arrebatar a maioria no Senado (no momento, o Partido Democrata tem a liderança na Câmara alta, com o Senador Harry Reid).

        Levada em conta a queda nos índices de aprovação de Obama – que é  fenômeno  característico  dos mandatários reeleitos e já adentrando o seu biênio terminal – as perspectivas, segundo os institutos de opinião, de que o encerramento do mandato constitucional do primeiro presidente estadunidense afro-americano  se conclua melancolicamente com o Congresso sob controle republicano é  possibilidade a não ser descartada e, para muitos, uma forte probabilidade.                 

       Será pelos motivos acima expostos, que os observadores americanos e os maiores especialistas – como a grande repórter Elizabeth Drew, já por mim várias vezes citada – não se detêm no quadro da Câmara, mas sim optam pelo Senado.

        É uma luta extremamente renhida, mas se sente que o partido com maiores probabilidades para ter maioria no Senado é o Grand Old Party (GOP). E esse viés está presente por toda a parte, a ponto de que se fale,ou de desastre dos democratas (rout),  ou de uma disputa com vitória  no photo-chart  para esses últimos.

        Nesse contexto, o New York Times tenta simplificar a luta pelo controle do Senado por intermédio da disputa das cadeiras dos estados de Louisiana e Georgia.

        Na Louisiana, a Senadora Mary L. Landrieu, democrata batalhando para manter a cadeira contra dois republicanos, o deputado Bill Cassidy e um coronel da Força Aérea, Rob Maness (afiliado ao Tea Party). A Senhora Landrieu é uma veterana no Senado, e as suas vitórias em 1996 e 2002 foram igualmente em runoff.    

        Na Georgia, há outro embate em torno de representação senatorial em que a disputa se realiza por cadeira vazia. Há a possibilidade de que um candidato libertário (que favorece a intervenção mínima do Estado) force a realização de eleição suplementar (runoff) para determinar o vencedor final, que está entre a Democrata Michelle Nunn (filha do conhecido Senador Sam Nunn) e o republicano  David Perdue. Contudo, no entendimento dos observadores, a possibilidade de runoff é mais forte na Louisiana do que na Georgia, pelo maior peso relativo do representante do Tea Party.

 

 (Fontes:  The New York Times e, subsidiariamente, The New York Review)

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