Afinal, as últimas eleições da Administração Obama se
realizarão amanhã, terça-feira, 4 de novembro. Como se sabe, os comícios
elegerão toda a Câmara de Representantes, um terço do Senado, e muitos governos
estaduais.
Ao contrário do período iniciado a
partir de novembro de 2010 – quando com o shellacking
(tunda) o Partido Republicano elegeu a maioria na Câmara, e com isso assegurou
o domínio permanente do GOP na Casa
de Representantes – no passado, também a Câmara Baixa estava em jogo, podendo ser
controlada por democratas ou republicanos.
Hoje em dia – e possivelmente ainda por
vários anos – a disputa pela maioria na Câmara é mera ficção. Por força da relativa
inexperiência política de Barack Obama,
o GOP e suas bases estaduais puderam
se prevalecer da abertura (dada a época de recenseamento) e criar
condições para que os distritos
eleitorais fossem costurados de forma a ensejar – nos estados ‘vermelhos’, i.e. de então maioria republicana – uma base
segura para que a alternância dos dois grandes partidos não mais fosse
possível.
É por isso que desde 2010 o deputado
John Boehner, do Ohio, é o Speaker, e.
o que talvez seja mais relevante para a questão em tela, a maioria dos
deputados passou para o controle do Partido Republicano. Ficará mais fácil
então entender a paralisia institucional, eis que a maioria democrata no Senado
não pode transformar em leis muitas das reformas programadas, como v.g., a aprovação de reforma
imigratória, que foi uma das principais questões favorecidas pelo eleitorado na
reeleição do 44º Presidente.
Sobre tal problema, no entanto, já nos
ocupamos várias vezes – é a questão do gerrymander
(redesenhamento político dos distritos eleitorais) – e para que os estados da
União se vejam livre dessa fraude constitui verdadeiro desafio, que nada fica a
dever aos trabalhos de Hércules, aos quais supera pela extensão e complexidade
Como
o quadro previsto pelos constituintes se acha substancialmente modificado, na
atualidade será sempre o mais provável a referida paralisia (deadlock), ou então o controle do
Congresso pelo GOP, no caso de
arrebatar a maioria no Senado (no momento, o Partido Democrata tem a liderança
na Câmara alta, com o Senador Harry Reid).
Levada em conta a queda nos índices de
aprovação de Obama – que é fenômeno característico dos mandatários reeleitos e já adentrando o
seu biênio terminal – as perspectivas, segundo os institutos de opinião, de que
o encerramento do mandato constitucional do primeiro presidente estadunidense
afro-americano se conclua melancolicamente com o
Congresso sob controle republicano é possibilidade a não ser descartada e, para muitos,
uma forte probabilidade.
Será pelos motivos acima expostos, que os observadores
americanos e os maiores especialistas – como a grande repórter Elizabeth Drew, já por mim várias vezes
citada – não se detêm no quadro da Câmara, mas sim optam pelo Senado.
É uma luta extremamente renhida, mas se
sente que o partido com maiores probabilidades para ter maioria no Senado é o Grand Old Party (GOP). E esse viés está presente por toda a parte, a ponto de que se
fale,ou de desastre dos democratas (rout), ou de uma disputa com vitória no photo-chart
para esses últimos.
Nesse contexto, o New York Times tenta simplificar a luta pelo controle do Senado por
intermédio da disputa das cadeiras dos estados de Louisiana e Georgia.
Na Louisiana, a Senadora Mary L. Landrieu, democrata batalhando para manter a
cadeira contra dois republicanos, o deputado Bill Cassidy e um coronel da Força
Aérea, Rob Maness (afiliado ao Tea Party).
A Senhora Landrieu é uma veterana no Senado, e as suas vitórias em 1996 e 2002
foram igualmente em runoff.
Na Georgia, há outro embate em torno de
representação senatorial em que a disputa se realiza por cadeira vazia. Há a
possibilidade de que um candidato libertário (que favorece a intervenção mínima
do Estado) force a realização de eleição suplementar (runoff) para determinar o vencedor final, que está entre a Democrata Michelle Nunn (filha do
conhecido Senador Sam Nunn) e o republicano David Perdue. Contudo, no entendimento
dos observadores, a possibilidade de runoff
é mais forte na Louisiana do que na Georgia, pelo maior peso relativo do
representante do Tea Party.
(Fontes: The
New York Times e, subsidiariamente, The New York Review)
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