sábado, 8 de novembro de 2014

Diário da Mídia (XXX)

                                      

 A  Praga da Reeleição



       Na sua tortuosa propaganda, a candidata Dilma Rousseff utilizou o governo Fernando Henrique como um perene quadro negro no qual buscava colocar o seu rival Aécio diante dos males supostos ou imaginários do último período tucano.

       Quem estivesse passando pelo interrogatório teria o direito de pensar que se discutia um passado já remoto, ao invés de permitir-se que a longa e imediata permanência do governo petista fosse colocada debaixo do crivo. A tática do marqueteiro era pôr o outro lado na defensiva, como se o eleitor tivesse mais interesse em pesquisar o passado longínquo de um governo cada vez menos relevante para o debate, do que o festival de erros do quadriênio de dona Dilma.

        Mas quem sabe por um ponto crucial, o governo Fernando Henrique deva ser considerado como a raiz de todos os males, do momento em que abriu as comportas da reeleição, essa dádiva maldita que muito em boa hora Marina se propôs acabar.

        Não há causa maior de corrupção e subversão eleitoral que essa falsa reforma introduzida por FHC.

        Conseguida afinal a reeleição, D. Dilma (II) enceta a liberação de informações indevidamente represadas. Agora que Inês é morta, o eleitor pode saber que o desmatamento da Amazônia disparou em agosto e setembro. 

         Com efeito, 1.626 km2 de florestas foram então devastados – um crescimento de 122% na comparação com os mesmos dois meses do ano passado.

          As análises do sistema de alertas de desmatamento Deter estavam prontas ao menos desde 14 de outubro  no  Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

          Quais as causas desse infausto avanço? A começar pela queda na fiscalização, mudanças na legislação ambiental e expansão da agropecuária. Em outras palavras, displicência do IBAMA e por conseguinte avance do desmate.

          Ocultar do eleitor a inépcia de um governo deve continuar a ser havido como um fato da natureza, contra o qual nada se possa fazer?

 

Novos e auspiciosos padrões de justiça?

 

           Interessante o artigo “Padrões de  Justiça” de Luis Francisco Carvalho Filho. Ele assinala a presteza da decisão do novel Ministro Luís Roberto Barroso, do STF. Com efeito, José Dirceu  obteve o direito de progredir para o regime aberto (prisão domiciliar), com o despacho do Ministro Barroso saindo apenas nove dias depois do pedido.

           E, notem, o processo ainda tramitou pela Procuradoria da República, que rapidamente concordou com o benefício.

           O articulista, se preciso fora, sublinha que esse não é o padrão de tempo da Justiça brasileira, e nem mesmo do STF, espraiando-se um sentimento de impunidade e privilégio.

           Não foi desse novel juiz que saíu o famoso artigo um ponto fora da curva?

           Daí, cabem as indagações do articulista:  Dirceu deveria ser tratado como são tratados os presos?  Ou, ao contrário, os presos deveriam ser tratados como os réus do mensalão em matéria de execução penal?

           E Carvalho Filho faz o seguinte comentário terminal:  “Que esse padrão de Justiça se irradie pelo país. Seria um bom começo.”

 

( Fonte:  Folha de S. Paulo ) 

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