Não cessa,
apesar de tudo, de surpreender a amplitude do ilícito que continua a atingir a
principal companhia brasileira. Em ondas sucessivas, a Operação Lava-Jato mostra que ainda tem muito caminho pela frente. E,
como oportunamente sublinha Ricardo
Noblat, o que está fazendo a diferença no caso em tela é que muita gente
graúda está caindo nas malhas da Polícia Federal.
É tal o
volume da operação fraudulenta que envolve a Petróleo Brasileiro S.A. e o peso
das pessoas que vão caindo nos alçapões da Polícia Federal, que, mesmo em Pindorama, teima em persistir a
estarrecida surpresa na opinião pública,
diante dos incontáveis peixões que se debatem nas malhas da P.F.
Sempre em
função das investigações da PF, a
Justiça decretou bloqueio de bens de
dezesseis pessoas físicas. Por isso, a
corrente não se detém. Em consequência, mandados
de prisão são expedidos em cinco estados da Federação e no próprio Distrito
Federal.
Há grande,
acintosa diferença na Lava-Jato, em
relação a escândalos anteriores. Aqui não temos a ver com os sólitos peixes
miúdos, aqueles costumeiros bagrinhos que vão sendo alcançados pelo braço longo
da lei. Ora, os camburões também se
abrem para aqueles que, no passado, estariam acima de qualquer suspeita.
Pelos
cômputos, não obstante o pescado já nas malhas da rede ou prestes a nelas caír,
ainda faltaria muita gente importante. Nesse momento, em que escasseiam os
telefonemas, as mesuras e até o cafezinho, a hora da prestação de contas sai dos
gabinetes, enquanto o suspeito vê aproximar-se, inexorável, aquele momento
emblemático, em que espoucam os flashes e não exatamente para as habituais sorridentes
poses dos figurões. Nessa hora em que vaca desconhece bezerro, as sombras se
transformam em clarões.
Dentre os
operadores partidários, Marice Correa
Lima, cunhada do tesoureiro do PT, teria recebido cem mil do doleiro
Youssef. E a Polícia Federal está atrás
de Fernando Baiano, que vem a ser
operador do PMDB.
Nesse quadro, estaria acaso a cunhada do
tesoureiro do Partido dos Trabalhadores entre os suspeitos ?
No entanto, o
tamanho da Lava-Jato não para de
crescer. Nesta manhã, já foram detidos dezessete presidentes ou altos diretores
da OAS,
Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, UTC e Galvão Engenharia.
Por outro
lado, executivos da Mendes Júnior, Iesa e Engevix se achariam também entre os alvos
da ação. Ainda no contexto da Lava-Jato, de manhã a sede da Odebrecht
foi alvo de operação de busca e a apreensão de documentos.
Dada a relevância e as óbvias implicações desta ação
policial, as ações da estatal registraram queda de quase 5%. Por sua vez, o Ibovespa
caiu 1% e o dólar volta a subir, indo para R$ 2,61.
Apesar dos
despachos tonitruantes, o escândalo da Petrobrás, esta enorme conquista
nacional, teima em estrebuchar no Congresso Nacional, e até em altas esferas do
Planalto, desde que, pouco a pouco, se vai entranhando na consciência ética brasileira
a podridão que avança sobre a grande criação de Getúlio Vargas e de tantos outros ínclitos brasileiros que jamais
pensariam fosse ela transformada em criadouro de escândalos de toda sorte, a
começar pela estranhíssima aquisição da refinaria de Pasadena, até hoje ainda
não bem compreendida, a despeito dos despachos raivosos nas altas esferas.
Pela mão
firme da Polícia Federal, instituição que se alevanta e se afirma sempre mais,
sob os olhares de aprovação da cidadania, vira-se a página dos depoimentos
encomendados pelas dóceis CPIs que nada ficam a dever às comissões que se
reuniam, como nos tempos de Orestes Quercia, para servir pizzas aos senhores
parlamentares, e o que é pior para ilaquear a cidadania.
A Polícia
Federal vem trabalhando para pôr abaixo os alegres pavilhões com que os Potiomkin de plantão pensam
apresentar ao Povo a farsa costumeira.
( Fontes: Site do Globo, O Globo )
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