quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Ainda Malabarismos Fiscais ?


                    

       Boa parte da chamada base aliada não apareceu na sessão de ontem, nessa legislatura em que o grosso dos parlamentares só dá as caras no Congresso na quarta-feira. Diante do percalço – e sem maioria – os governistas não lograram aprovar a nova versão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que flexibiliza a meta do superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública).

       Na verdade,  flexibilização não passa de eufemismo para o não-cumprimento da meta fiscal, diante de uma realidade madrasta, que é o presente estado das contas públicas sob Dilma Rousseff.

       A oposição fez, portanto, o seu papel, inviabilizando a aprovação a toque de caixa da nova LDO, que como todo remendo não sairá bem no retrato. Trocando em miúdos, será operação para Wall Street ver (como antes se referia o para inglês ver). Dessarte, como toda tapeação tem de ser encarada, não como a deseja o Governo Dilma, mas como realmente é – um remendo, feio como tais expedientes, mas cujos efeitos negativos poderiam ser relativizados, caso os cortes sejam para valer, e a nova Administração fazendária de Levy & Cia. dispuser da necessária autonomia para empreender  a aturada faina de corrigir as tropelias do Dilma I.  

        Os ires e vires do pós-eleição, com a confirmação do resultado, em quadro, contudo, não de todo clareado, eis que pela raia de fora corre o mega-escândalo da Petrobrás, e cujos reflexos sobre o Governo em grande parte dependem dos autos do processo, com as muitas evidências da roubalheira (e nada menos do que o usualmente ponderado Superior Tribunal de Justiça (STJ) assim qualificou a corrupção na Petrobrás).

        Daí o significado  - que pode ser pressago – da charge de Chico Caruso sobre os dominós e sua sucessiva queda no escândalo da Petróleo Brasileiro S.A.

        Sob outro ângulo, até que o choro das carpideiras de plantão foi muito menor de o que se poderia esperar. Esse aspecto da questão denota a contrario sensu a gravidade da situação. De qualquer forma, a nova equipe – que inclui o veterano Alexandre Tombini no Banco Central – liderada por Joaquim Levy, na  Fazenda e Nelson Barbosa, no Planejamento – deverá começar a operar com base no Palácio do Planalto.

       Neste período de transição, os que saem permanecem nos seus gabinetes, e seria com eles que serão amadurecidas as novas medidas, mormente aquelas no campo fiscal, com os integrantes da equipe entrante. Não se podem excluir, portanto, as discrepâncias refletidas em vazamentos e em otras cositas más, resultantes da atmosfera que humanamente tende a circundar tal processo.

 

( Fonte:  O  Globo )

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