domingo, 16 de novembro de 2014

A Lava-Jato e a corrupção na Petrobrás


                      
         Haveria discrepância no Governo Dilma quanto ao significado da Operação Lava-Jato? Só a evolução da questão poderá pôr isto a nu.

         Segundo consta, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informado na sexta da operação, entrou em contato com a Presidenta, que determinou revidasse as críticas da oposição. Dilma Rousseff  teria dado instruções para uma investigação “doa a quem doer”.

         Talvez haja sido a magnitude da operação que tenha levado Dilma Rousseff a deixar de lado o silêncio para declarar no dia de hoje que essa investigação pode mudar o Brasil para sempre.

          De qualquer forma, foi um ministro da Justiça pugnaz que convocou em São Paulo a imprensa. Cardozo partiu para o ataque, criticando no sábado o que definiu de tentativa de ‘politização’ das ações.  Sem citar nomes, mas no mesmo tom, o Ministro da Justiça disse que “a oposição não pode usar as prisões para criar um terceiro turno eleitoral”.

          O nervosismo do Ministro deve ser visto à luz dos fatos de que na sétima fase da Lava-Jato, 23 executivos de grandes empreiteiras foram presos até sábado, acusados de participação em esquema de corrupção na Petrobrás.

         Contrapondo-se à elevação no tom ministerial, o ex-presidente Fernando Henrique ponderou que “como qualquer brasileiro, a oposição só quer uma coisa: a verdade”.

         Da Oceânia, a Presidente Dilma orientou seu auxiliar a mostrar que o governo não está na defensiva nem aceitará que a oposição tente colar na gestão petista a imagem de conivência com a corrupção.

         Ainda no sábado, interrogado sobre a alegada participação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no esquema, o Ministro Cardozo declarou que não iria prejulga-lo. Mas acrescentou que a Pasta da Justiça intervirá para que provas não sejam anuladas.

        Dada a magnitude da corrupção envolvida, o número e o peso dos empresários partícipes no magno esquema de corrompimento, aumenta a relevância dessa operação da Polícia Federal, assim como está para ser desfiado o gigantesco novelo das propinas e dos contratos sob suspeita. A sucessão de superfaturamentos, de aquisições que agridem ao bom senso empresarial, e a dinheirama que corrompe o mecanismo e frauda as licitações continua a elevar-se e de forma exponencial.

        Sob o velho bastão do cui prodest?  (a quem aproveita?) esse escândalo é decerto maior do que a Petrobrás.

        Ontem, em São Paulo, houve passeata de dez mil, que caminhavam com cartazes que pedem o impeachment de Dilma. O Deputado Bolsonaro movimentou muito menos gente mas  exagerou nas assombrações, querendo trazer de volta um tempo há muito superado.

        É muito cedo para esboçar um desenho desse novo escândalo. Se o seu peso assusta, pelas implicações que brotam por todo lado, as responsabilidades têm de ser demarcadas. Por mais complexo que seja na sua operação, o esquema tem uma feição descarnada, que incluiria três atores principais: os corruptores (cuja prisão está sendo decretada e implementada), os corrompidos (com diversa gama de responsabilidade e poder) e no fim da linha, dessangrada, ofendida e humilhada a maior empresa nacional, a Petróleo Brasileiro S.A., um dos principais contributos de um grande Presidente que saíu do Catete para a História, nos braços do Povo, e sob o lábaro de integridade que nem o seu mais acérrimo inimigo ousaria contestar.

 

( Fontes subsidiárias:  Folha de S. Paulo,  Site de O Globo.)

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