Haveria discrepância
no Governo Dilma quanto ao
significado da Operação Lava-Jato? Só a evolução da questão poderá pôr isto a
nu.
Segundo
consta, o Ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, informado na sexta da operação, entrou em contato com a
Presidenta, que determinou revidasse as críticas da oposição. Dilma Rousseff teria dado instruções para uma investigação “doa
a quem doer”.
Talvez haja
sido a magnitude da operação que tenha levado Dilma Rousseff a deixar de lado o
silêncio para declarar no dia de hoje que essa investigação pode mudar o Brasil
para sempre.
De qualquer
forma, foi um ministro da Justiça pugnaz que convocou em São Paulo a imprensa. Cardozo
partiu para o ataque, criticando no sábado o que definiu de tentativa de ‘politização’
das ações. Sem citar nomes, mas no mesmo
tom, o Ministro da Justiça disse que “a oposição não pode usar as prisões para
criar um terceiro turno eleitoral”.
O nervosismo
do Ministro deve ser visto à luz dos fatos de que na sétima fase da Lava-Jato, 23 executivos de grandes empreiteiras
foram presos até sábado, acusados de participação em esquema de corrupção na
Petrobrás.
Contrapondo-se
à elevação no tom ministerial, o ex-presidente Fernando Henrique ponderou que “como
qualquer brasileiro, a oposição só quer uma coisa: a verdade”.
Da Oceânia, a
Presidente Dilma orientou seu auxiliar a mostrar que o governo não está na
defensiva nem aceitará que a oposição tente colar na gestão petista a imagem de
conivência com a corrupção.
Ainda no
sábado, interrogado sobre a alegada participação do tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, no esquema, o Ministro Cardozo declarou que não iria prejulga-lo.
Mas acrescentou que a Pasta da Justiça intervirá para que provas não sejam
anuladas.
Dada a
magnitude da corrupção envolvida, o número e o peso dos empresários partícipes
no magno esquema de corrompimento, aumenta a relevância dessa operação da
Polícia Federal, assim como está para ser desfiado o gigantesco novelo das
propinas e dos contratos sob suspeita. A sucessão de superfaturamentos, de
aquisições que agridem ao bom senso empresarial, e a dinheirama que corrompe o
mecanismo e frauda as licitações continua a elevar-se e de forma exponencial.
Sob o velho
bastão do cui prodest? (a quem aproveita?) esse escândalo é decerto
maior do que a Petrobrás.
Ontem, em São
Paulo, houve passeata de dez mil, que caminhavam com cartazes que pedem o impeachment de Dilma. O Deputado
Bolsonaro movimentou muito menos gente mas
exagerou nas assombrações, querendo trazer de volta um tempo há muito
superado.
É muito cedo
para esboçar um desenho desse novo escândalo. Se o seu peso assusta, pelas
implicações que brotam por todo lado, as responsabilidades têm de ser
demarcadas. Por mais complexo que seja na sua operação, o esquema tem uma
feição descarnada, que incluiria três
atores principais: os corruptores
(cuja prisão está sendo decretada e implementada), os corrompidos (com diversa gama de responsabilidade e poder) e no fim
da linha, dessangrada, ofendida e humilhada a maior empresa nacional, a Petróleo Brasileiro S.A., um dos principais
contributos de um grande Presidente que saíu do Catete para a História, nos
braços do Povo, e sob o lábaro de integridade que nem o seu mais acérrimo
inimigo ousaria contestar.
( Fontes subsidiárias: Folha de S. Paulo, Site de O Globo.)
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