sexta-feira, 18 de abril de 2014

Reflexões sobre o Carrossel do Dia


                         
 Greve de polícias

          A greve da Polícia Militar da Bahia só durou dois dias, mas deixou um rastro de 52 mortes em Salvador e entorno. Declarada ilegal pela Justiça, muita coisa errada ocorreu entrementes, até que as lideranças da PM arrancaram do governador petista Jaques Wagner pesadas concessões (o governo baiano aceitou elevar gratificações de policiais, discutir o plano de carreira e o código de ética da corporação, além de rever processos contra PMs grevistas em 2012).
        Como seria de esperar, o governador negou ter cedido a pressões, alegando ter assinado o que praticamente fora ofertado antes da greve.

         A paralisação foi liderada por um soldado, Marco Prisco, vereador em Salvador pelo PSDB e pré-candidato a deputado.
         As greves nos serviços públicos essenciais – saúde e segurança – foram irresponsavelmente permitidas pela Constituição de 5 de outubro de 1988. Com essa falha gritante e beirando o criminoso, esse gênero de greve tem grassado não só em Salvador (vejam o curto intervalo para nova chantagem: a anterior foi em 2012), mas também na Brasília, no próprio Distrito Federal, com uma maneira solerte e igualmente danosa de pôr em perigo a incolumidade da cidadania, entregue na prática à bandidagem.

          Em Brasília, foi uma espécie de greve branca, a chamada Operação Tartaruga, de que resultaram totais inaceitáveis para uma cidade, ainda mais o Distrito Federal onde se acha sediado o poder executivo nacional. O Governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que é do PT, dispõe de baixíssimo nível de aceitação, que se deve a muitas causas, entre as quais está a de ter tolerado a dita operação da PM muito além de o que deveria.  Que um atrevido movimento ocorra na capital da república não respinga sobre o seu governador (pomposo nome para uma função de prefeito), mas também sobre o governo federal, que tampouco deveria admitir que um estado de coisas do gênero se estendesse pelo espaço de muitas semanas.

 
Morre Gabriel Garcia Márquez

 
         Sofrendo de câncer, que se originara dos pulmões, e nos últimos anos levando existência reclusa devido à sua demência senil, Gabriel Garcia Márquez morreu no México, aonde viveu nessa derradeira fase.
         Foi escritor prolífico, com muitos contos e romances, mas a sua obra prima, que lhe deu o Nobel de Literatura em 1982, “Cem Anos de Solidão”, a mítica história de não tão imaginária Macondo, se tornaria um best-seller mundial, vendendo incontáveis milhões de livros.

          Como se assinalou, Macondo apesar de enfurnado no interior da Colômbia, refletia a condição humana, a ponto de torná-lo língua franca para leitores espalhados pelo mundo afora.

           Um outro livro, “O Amor nos Tempos do Cólera”, era o preferido de Garcia Márquez, mas o seu sucesso foi bem inferior ao dos “Cem Anos de Solidão”, a que deve a cerimônia em Estocolmo.  Quiçá porque este último fosse considerado demasiado colombiano para ambicionar os galardões mundiais da saga de Macondo.

 

(Fonte:  Folha de S. Paulo)

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