Financiar Superporto no Uruguai?
Tudo indica –
porque em Pindorama não há grandes obras a publicizar – que a opção de D.Dilma
é pelo incremento do consumo, como vemos de resto, nos cortes de tributos de
bens de consumo durável, e na distribuição de bondades, como na oportunidade de
faixas de baixa renda adquirirem a crédito eletrodomésticos.
Ora, ao invés das
miçangas e de outras bugigangas que nos acompanham desde o descobrimento, o que
a Terra de Santa Cruz precisa é de investimentos em infraestrutura (rodoviária,
aeroviária e portuária), saneamento básico, educação e saúde.
Pelas estripulias
fiscais, a presença da inflação em uma taxa pra lá de 6,5% - e o que é pior –
de forma sustentada, se foi tirando o fôlego do gigante Brasil, a quem
mimoseiam com rebaixamento de notas, além dessa falta de elã que explica o
tardo passo do antes promissor emergente.
Semelha relevante,
contudo, limitar essa análise à excessiva generosidade do regime petista no que
tange em particular à Cuba e ao Mercosul, e em especial o Uruguai.
Não é que se decida
a sobrecarregar o BNDES – que deveria ter a própria ênfase no Brasil – e não arcar
com empreendimentos que vão muito além de seu escopo precípuo. Dessarte, nesses
tempos internacionais de vacas magras, se quer engalanar o BNDES com fins
interamericanos, como no financiamento milionário de Mariel, que será o maior porto
caribenho e isso às custas de nosso dinheiro. Com efeito, em empréstimo
secreto, com dúbias garantias, o BNDES desembolsa 682 milhões de dólares. Ao
ver D.Dilma inaugurando o magnífico porto, ao lado do ditador Raul Castro, e
sob os compridos olhos dos membros da Alba, ficamos estarrecidos por não
dispormos de um porto com tal adiantamento tecnológico (tudo isso faz lembrar
as lutas inglórias com os nossos sindicatos de estivadores, e a sua política de
domínio sindical, com os consequentes retardamentos em nossos portos, a custosa
demora nas cargas, e o custo-Brasil determinado pelo arcaísmo desse controle
sindicalista).
Mas em breve Mariel
não estará sozinho. Enquanto os nossos portos continuam como pérolas do atraso,
pelo noticiário sabemos que o Brasil planeja financiar outro superporto, este
em Rocha, no Uruguai. Como será de águas profundas, terá capacidade para
atender a grandes navios, e assim o terminal deve tirar cargas do Brasil, a
começar pelo porto de Rio Grande, na saída da Lagoa dos Patos.
Agora, o Brasil
de Dilma Rousseff prevê crédito de até um bilhão de dólares, e sempre do
inexgotável BNDES. Essa vocação pelo Mercosul não pode ser desvirtuada.
Consoante O Globo
informa, o porto uruguaio de Rocha pode atrair cargas que hoje vèm para o
Brasil. Segundo os cálculos, Rocha movimentaria 87,5 milhões de toneladas por
ano, mais do que os terminais nacionais de Paranaguá e Rio Grande somados.
Nesse peculiar
modelo brasileiro de desenvolvimento de um total de R$ 54,2 bilhões em investimentos
públicos e privados previstos pela Administração Dilma Rousseff em fins de
2012, só foram confirmados R$ 8 bilhões.
Com as fraquezas
no comércio com a Argentina, causadas pelas brutais demoras na liberação das
mercadorias (provocadas pelos precários recursos cambiais do Erário portenho), os apoios
aos regimes repressivos de Havana e do candidato a caudilho Nicolás Maduro, o
Brasil do PT e de dona Dilma quer acaso abandonar o objetivo primeiro e
precípuo de todo o governo – que é a defesa dos próprios interesses nacionais?
Aumentos na Conta de Luz
Isso se deve a
vários fatores, entre os quais o aumento do calor, devido à deterioração
ambiental, e a redução da incidência pluvial, o que forçou o maciço recurso às
termo-elétricas, que, além de poluírem o ambiente, são bastante mais caras.
Neste festival
de erros de programação, é difícil entender porque não se utiliza, como em
outros países, a energia solar – de que é tão rica Pindorama – e também a
eólica. Nesta última, houve casos de que parques de captação eólica adrede
preparados tiveram de ser abandonados porque o poder competente se esquecera de
conectá-lo com as redes de fornecimento de energia.
No capítulo, a
situação da Eletrobrás e do parque elétrico motivara, em passado recente,
iniciativa inusitada da Presidenta, que resolveu conceder um agrado ao setor,
para evitar uma imediata alça do preço da energia.
Como toda
intervenção desse gênero, no fim de tudo, a conta acaba batendo no consumidor
comum. Nesse contexto, conforme indica a imprensa, o socorro de R$ 11,2 bilhões
às elétricas ainda será repassado aos consumidores, mas a partir de fevereiro
de 2015, quando os comícios de outubro para decidir da governança Brasil já
serão história...
Esse acumulo de reivindicações sindicais grevistas teria um
escopo pouco confessável, já que corresponderia a fins extorsivos, para
arrancar concessões às vésperas do grande evento internacional.
Para evitar
atrasos, os julgamentos serão agilizados no Tribunal Regional do Trabalho
(TRT), da 2ª Região.
Rotineiramente,
os juízes trabalham de segunda a sexta, e os julgamentos das eventuais greves
acontecem às quartas-feiras. Instituído
o plantão do certâmen, tais julgamentos poderão ser realizados inclusive em
fins de semana.
Essa preocupação
da justiça trabalhista está baseada em informações concretas. Pelo menos dezesseis
categorias profissionais querem servir-se do calendário da Copa do
Mundo para tentar arrancar aumentos acima da inflação e ampliar direitos trabalhistas.
Dentre essas
categorias, assinalam-se os aeroviários, rodoviários, e os segmentos de
alimentação e telefonia. Metade dessas
categorias com tais fins oportunísticos e de discutível ética se acha no setor
de transportes, um dos mais envolvidos no acompanhamento da Copa, como as
várias sedes das partidas respectivas o demonstram amplamente, pelos inúmeros deslocamentos através desses Brasis que necessariamente ensejam.
Elio Gaspari e o Pró-Delinquente
No congresso das
quartas-feiras (único dia de trabalho integral de Suas Excelências) Câmara e
Senado encaminharam a MP à sanção
presidencial com um dispositivo (verdadeiro contrabando) aí inserido que
aliviaria as multas devidas pelos planos de saúde que negam aos clientes o
atendimento contratado.
Seria nova
sistemática para a cobrança dessas penalidades, que o jornalista denomina de Pró-Delinquente. Se a operadora nega ao freguês
procedimento médico e a Agência Nacional de Saúde (ANS) lhe reconhece o direito, a empresa tem de pagar multa de R$ 2
mil. Assim, se a mesma empresa nega dez
procedimentos, carece de pagar multa de
R$ 20 mil.
Com a emenda na
MP, se o plano de saúde negar de dois a
cinquenta procedimentos, pagará duas multas (R$ 4 mil, ao invés de até R$ 100
mil). Pela imoral escala introduzida por meio da
emenda, quanto pior o serviço da operadora, menor será a multa.
Assinale-se que o
Pró-Delinquente foi um dos 523
contrabandos enfiados na MP 627. Nesse contexto, é oportuno saber que o relator
da Medida Provisória foi o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o atual líder da bancada do PMDB.
Como refere
Gaspari, Cunha chegou a defender em plenário o aludido dispositivo durante a
votação na Câmara. Dias depois, recuou,
mas não disse com quais dirigentes, seja dos ministérios da Saúde e da Fazenda,
assim como da Casa Civil da Presidência terá discutido a mágica. Por fim, o jornalista
sublinha que, além de Cunha, não há registro de outro parlamentar que haja patrocinado
a iniciativa.
Acrescento um
comentário: se há instrumento legislativo que clama e grita por uma
regulamentação é a Medida Provisória. A sua pletora desvirtua o processo
legislativo, além de eventualmente trancar as pautas. Por outro lado, elas não
deveriam ser transformadas em leis omnibus,
vale dizer tratando de fins os mais disparatados e, por vezes, até
contraditórios.
(Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo)
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