Controle do IBGE?
Como se acentua
na imprensa, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem respeitabilidade e
credibilidade. Essas características não caem do céu, mas são o resultado de
longa trajetória (de 143 anos) de
trabalho sério, abrangente e veraz.
Pois, ora
vejam só. A Senadora pelo Paraná, Gleisi
Hoffmann, com a sua angelical fisionomia, de volta ao Senado, já começa a
aprontar das suas. Vinda da Casa Civil de dona
Dilma, habituada talvez a gerenciar o executivo com a proverbial delicadeza
da Presidenta, fez requerimento que põe
em dúvida a capacidade do Instituto
de fornecer os dados de renda
domiciliar per capita, que balizaria
a distribuição dos recursos do Fundo
de Participações dos Estados.
No ‘pedido de informações’, feito por Gleisi
e dirigido à Ministra do Planejamento, Miriam
Belchior, se pede que a metodologia de cálculo da Pnad contínua seja submetida ao
Senado e aos governadores, e não apenas aos atuais, mas também os futuros, sob
a justificativa de que eles terão de gerir as contas públicas com os recursos
pelo novo critério, que foi fixado pela lei
complementar 143.
Não é pedido
inocente, porém. Os dentes logo aparecem: “uma variável chave com esta não pode
ser pautada apenas por decisões do órgão de
estatística (meu o grifo) e se ajustar a uma pesquisa que não
foi pensada especificamente para esta variável”. Em seguida, as razões se vão
desnudando ainda mais: “considerando que este é um ano eleitoral, este
processo, que deverá se iniciar o mais rápido possível, deverá ser apresentado
aos próximos governadores, quando eleitos”.
(Gleisi Hoffmann (PT-PR) pensa
eleger-se governadora do Paraná).
Infelizmente, a
presidente do Instituto, Wasmália Bivar,
não mostrou a têmpera de antecessores seus. Diante de tais questionamentos,
Wasmália e o Conselho Diretor resolveram suspender a pesquisa. Esqueceu-se,
porém, conforme admite, de consultar o corpo técnico. Ao admitir a ingerência
política, logo se defrontaram com as renúncias da diretora de pesquisas, Marcia
Quintslr e a coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas
(Ence), Denise Britz.
Na sexta, a
presidente Wasmália Bivar passou mais de quatro horas reunida com dezoito
coordenadores e gerentes técnicos, que ameaçaram abandonar suas funções caso a
suspensão da pesquisa não fosse revista. Embora o encontro tenha terminado sem
que nada se resolvesse, a direção do IBGE
informou que a reunião foi ‘positiva’ e as conversas serão retomadas na semana
entrante.
Assinale-se que
já houve duas divulgações da pesquisa, e a próxima seria em junho.
É importante ter
presente o que ponderam os técnicos: “Tal decisão (a suspensão da pesquisa)
torna-se ainda mais grave por ter sido tomada sem consulta à equipe técnica e
apesar de a Diretora de Pesquisas (Marcia Quintslr) ter se manifestado
contrariamente à suspensão da divulgação.”
O Governo Dilma
e seus aliados no Congresso, como se assinala em O Globo, e como se já não lhes bastassem as quem tem pela frente, decidiram
criar nova fonte de confusão, o IBGE.
Apesar das
contorções da linguagem e o juridiquês, tudo isso tem óbvia origem, que é a
irritação da base com os resultados apurados em decorrência das políticas de
governo. A velha censura levanta a sua cabeça.
E como já dizia
o Evangelho: dize-me com quem andas e eu
te direi quem és. Cada vez mais, o petismo no poder se alia gostosamente ao
chavismo de Maduro e ao peronismo kirchnerista. Ambos são disfuncionais,
coisa que até há pouco o Brasil não era.
É difícil de
entender, mas pelo visto o abraço (sufocante) do companheiro nas vascas do
afogamento se está tornando uma dílmica opção. Por quê ? não sei. Talvez fosse o caso de perguntar à
angelical Gleisi Hoffmann.
Sombrias Perspectivas
Com efeito, o Brasil tem crescido
menos do que a média mundial desde 2011. Em 2013 e 2014 não deve ser diferente.
E há outras sinalizações que preocupam: a China continua liderando o
crescimento, mas há temores que a RPC não cumpra a meta de 7,5% neste ano. Dada
a nossa dependência da economia chinesa, isso não é bom para a balança
comercial do Brasil.
Por outro
lado, com o reforço das economias desenvolvidas se segue o aumento das taxas de
juros e, em especial, maior aversão ao risco no mundo. Diminui a atração dos
mercados alternativos, e, em consequência, as correntes de recurso.
A par disso,
avulta o problema da inflação reprimida. Com o controle dos preços
administrativos, e o sistemático adiamento das reformas e dos ajustes (correção
dos preços da energia elétrica e da gasolina), aumenta a pressão sobre a
carapaça da estabilização artificial.
Outras
estrelas repontam, como o México, com inflação menor (3,8%). A nossa continua
batendo no teto do máximo previsto, mas o céu não se desanuvia e a tendência é
para mais.
Enquanto
isso, o Brasil que não há muito repontava como a economia mais promissora
(superávamos então o Reino Unido).
Agora, ao invés, já se fala que seremos ultrapassados pela Índia...
Se todos
crescem, e nós ficamos para trás, alguma razão deve haver...
Sempre
considerada a nossa jóia da coroa, de repente, como se fora uma gigantesca OGX,
o seu valor de mercado começou a liquefazer-se.
Se assalta ao
bom senso que se queira um preço administrativo para a gasolina fundado em
exigências demenciais de que uma empresa determinada venha a bancar, com
gravosos prejuízos sucessivos, o preço da gasolina, infelizmente não se pode
inculpar a administração da Petrobrás de conjuminar essas demenciais
estratégias. Colocada diante de um tal absurdo, a presidente Graça Foster só
tinha uma opção. Se não a empolgou, não cabe a nós erigir-nos em juiz. Mas há
certas coisas que por contrariarem a boa norma e a correta avaliação, não
podem, s.m.j., ser toleradas. Com a continuação, evaporam-se as razões de un gran rifiuto.
Somente agora,
por uma série de escândalos, se vai corrigindo, de forma orwelliana, a
história recente da Petróleo Brasileiro S.A. Os percalços não provêm apenas de
um passado recente. Cabe incluir a estranha compra da refinaria de Pasadena. O
caso ainda fica mais estranho quando a direção anterior, com a cara mais limpa
desse mundo, se atreve a justificá-la.
De ação
preferida no mercado brasileiro, subitamente o chão caíu para esse papel,
antes considerado não só o mais seguro no céu
de Pindorama, senão o mais vantajoso pela sua promessa de solidez e contínua
progressão no valor de mercado.
Confrange,
dessarte, que a grande empresa Petrobrás
passe do pedestal de 12° entre as
gigantes mundiais, para um ridículo,
quase OGXiesco chão de 120° !
Como se
tenciona qualificar uma empresa que de 2010 para cá despencou em 50% de valor de mercado ? Hoje está orçada em
R$ 179 bilhões contra os R$ 380 bilhões, no último ano da presidência Lula da
Silva.
Tão só a fabula
OGX, de Eike Batista, apresenta totais
que rivalizam com os da Petrobrás: de R$ 13,4 bilhões caiu 94,5% . De segunda empresa petrolífera no
Brasil, atrás apenas da Petrobrás, está em concordata, e tem um novo nome, e a
cotação do título só pode ser vista como um convite à aventura, mas do gênero rough (áspero, e põe áspero nisso).
( Fontes: O Globo, Folha
de S. Paulo )
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