domingo, 6 de abril de 2014

Colcha de Retalhos B 13

                              

A queda de Dilma, segundo o Datafolha

 
       Diz muito mais do que a atual pesquisa do Instituto Datafolha, o alívio sentido nas hostes do PT pela sua queda de seis pontos. Com efeito, se temia um tropeço maior, e a inflexão de seis pontos foi acolhida como o mal menor.
       Com esses magros 38%, Dilma venceria com a dispensa de um segundo turno.

       Não sendo Marina candidata à Presidente (por ora), vê-se o quanto foi importante que os cartórios do ABC paulista tenham encontrado tantas fichas faltosas naquelas que informaram o requerimento da Rede de Sustentabilidade. E se o voto do Ministro Gilmar Mendes naquela sessão do TSE não houvesse sido solitário ? São perguntas que ficam no ar...

        Pois, vejam só. Em uma simulação com Marina como candidata à Presidente, ela seria a única candidata que forçaria um segundo turno contra Dilma.

         Consoante o Datafolha, por ser o menos conhecido dos candidatos, Eduardo Campos tem possibilidade de transformar a sua desvantagem (é o menos conhecido dos postulantes: 42% dizem não conhecê-lo) em vantagem, dada a menor rejeição percentual de que é passível.

         O governo do PT é vítima do próprio desgoverno de Dilma. Assinala-se a deterioração das expectativas no que tange à inflação (mantém-se constante, batendo sempre no teto da meta), além de emprego e poder de compra.

         Outra involução importante – no que concerne à Presidenta – foi registrada pela atual pesquisa, i.e., a queda na aprovação do governo Dilma. Nesse contexto, há uma disparada da frustração com as realizações de Dilma: se há pouco mais de ano era de 34% o sentimento de que ela faz menos pelo país de o que se esperava, agora são 63% dos consultados que emite esse juízo negativo.

 

O Deputado petista André Vargas e o doleiro

 
          Continuam a enegrecer os horizontes políticos do Deputado André Vargas (PT-PR). A última revelação concerne conversa interceptada pela Polícia Federal do Vice-presidente da Câmara, em que Vargas afirma que ajudará o doleiro Alberto Youssef.

           Em outro trecho das mensagens interceptadas pela P.F., Youssef afirma: “Tô no limite. Preciso captar.”  Vargas responde: “Vou atuar”.

           Uma das hipóteses da Operação Lava Jato é de que o deputado e o doleiro sejam sócios num laboratório chamado Labogen.

           Conforme revelação da Folha, um financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde para a Labogen foi obtido por meio de ‘contatos políticos’, segundo Leonardo Meirelles (sócio da empresa) que resolveu colaborar com a PF. Posteriormente, o financiamento foi cancelado depois da revelação dos e-mails. A Saúde diz que irá investigar a parceria.

 
As CPIs  assustam tanto políticos quanto financiadores

 
            Por que será que os requerimentos para instalar a CPI da Petrobrás – e outras CPIs- se estão se arrastando tanto e topam com tantos bois na linha?

            O potencial explosivo de uma investigação séria da Petrobrás pode ser muito danosa e não só para Dilma Rousseff, que estouvadamente a chamou para si e para o Planalto, envolvendo-o diretamente no hoje já celebre despacho manuscrito, respondendo a questão de dois repórteres do Estado de São Paulo.

             Segundo a reportagem da Folha dominical, as implicações das CPIs são inúmeras e envolvem também os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos, assim como com empresas a eles ligadas (e também a outros menos votados) que não querem saber de investigações.

             Vai requerer muita blindagem, todavia, para impossibilitar uma análise aprofundada da Petrobrás, e o que foi feito com a maior companhia brasileira, a jóia da coroa no firmamento do povo brasileiro.

              É preciso explicar muita coisa (além do estranhíssimo negócio da refinaria de Pasadena, nos EUA) no que concerne à Petrobrás. Por que ela está nesse estado, com tal perda de valor de mercado ? Será tudo responsabilidade do José Gabrielli e da Graça Foster ?...   

 

Situação na Ucrânia

 
              Para quem acompanha a atual situação da Ucrânia, e o que significa a permanência de formações militares russas na fronteira leste, há muitas informações discrepantes.  De uma parte, em entrevista ao direitista Wall Street Journal, o comandante geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, o general de exército Philip Breedlove, transmite uma visão algo pessimista no que concerne à Rússia, cuja alegada invasão é considerada entre possível e provável. 

             Por outro lado,a Casa Branca e Departamento de Estado têm  visão não tão sombria. Houve há pouco reunião entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov e o Secretário do Exterior, John Kerry.

              De qualquer forma, na avaliação dos expertos, a Rússia mantém cerca de quarenta mil homens na fronteira, com objetivos ainda não esclarecidos. Aqui não se trata de um país como a Geórgia, mas de outro, bem mais avantajado, cuja população, antes da anexação da Crimeia era de 45 milhões de habitantes.

                As eleições presidenciais estão marcadas para 25 de maio p.f. e, por enquanto, pelo UDAR, apresentou-se como candidato Petro Poroshenko,  um dos oligarcas,  e pelo Partido Pátria,  Yulia V. Timoshenko.

               Vitali Klitschko, o ex-boxeador, e um dos parlamentares mais atuantes em favor dos manifestantes da Praça da Independência, optou por renunciar à sua pretensão presidencial em favor de Poroshenko. Com a sua notoriedade e o positivo apoio dado à luta contra o presidente Viktor Yanukovych, Klitschko até que surpreendeu pela atitude de ceder o lugar a Poroshenko.

               Este último, no entanto, apoiou resolutamente a campanha pró- acordo com a União Europeia, a ponto de ter enfrentado entraves para as suas exportações de chocolate para a Federação Russa.

               Poroshenko é uma face nova na política ucraniana.  A sua principal adversária será provavelmente Yulia Timoshenko, que, além do carisma, é uma das políticas mais conhecidas  na cena política. Depõe a seu favor a condenação politicamente motivada pelo regime Yanukovych, e o longo padecimento nos cárceres interioranos da Ucrânia (estava em um lazareto em Kharkov, sem maiores condições de tratamento médico especializado digno desse nome de sua séria afecção na coluna). Prova de sua força de vontade e resolução foi a de ter vindo tão logo libertada após a queda do algoz Yanukovych diretamente para a praça Maidan, onde encarou multidão, em que a emoção do reencontro e as acusações de corrupção pairavam no ambiente.

              Com a sua conhecida coragem, arrostou bem a prova, mas terá ainda uma longa travessia, em que provações não estão excluídas. No lado positivo, está o inegável carisma e a férrea determinação; no negativo, as acusações de corrupção e a rejeição de ter sido primeiro ministro e a longa presença no palco da política. Paradoxalmente, Yulia, apesar de suas raízes no partido nacionalista, tem muitos admiradores do lado pró-Rússia, como o próprio Presidente Vladimir Putin, que a considerava como o único homem dentre os políticos ucranianos...

             Comparecem entre os candidatos também  Mikhail Dobkin, do Partido das Regiões (a agremiação de Viktor Yanukovych) e Sergei Tigipko, como independente, malgrado seja também próximo ao ex-presidente Yanukovych.

             No que concerne ao Kremlin, por enquanto o único a que se opõe de forma virulenta é Dmitri Yarosh, de extrema-direita, que encabeça a coalizão ultranacionalista Setor da Direita.    

 

( Fontes: Folha de S. Paulo,  O  Globo, The New York Times )

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