Não é de hoje
que a Federação Russa, presidida por Vladimir
Vladimirovich Putin, vem atuando no plano das relações internacionais de
forma acintosa e deliberadamente ilegal, e, nesse sentido, infensa aos
princípios, disposições e tratados internacionais.
Exitosa na sua
aventura da anexação da Crimeia, uma agressão sem outra motivação que a de bárbara
sede da conquista territorial, para tanto em desrespeito a toda norma de
direito internacional público e, a
fortiori, ao princípio basilar do pacta sunt servanda (os pactos devem
ser cumpridos), a Rússia de Putin parte agora, de forma arrogante e com igual
menosprezo às normas mais comezinhas de respeito aos tratados e à coexistência
pacífica entre Estados independentes e soberanos, para aventura ainda mais
grave.
Esse
comportamento só tem paralelo em épocas crepusculares da sociedade internacional,
em que estados movidos pela lei da selva e não a dos homens se lançam na aziaga
via da intimidação e do desrespeito das fronteiras reconhecidas.
Já pelas suas
recentes atitudes e indefensáveis desígnios o governo de Vladimir Putin se vem
colocando, com a prepotência e a arrogância de passados regimes (hoje
felizmente recolhidos à paz dos cemitérios), em deliberada política de agressão
por múltiplos meios. Os seus disfarces, no entanto, são risíveis, e, é
deplorável reconhece-lo, só vem prevalecendo por atitude demasiado
condescendente e, por conseguinte, fraca do Ocidente. Tampouco em aras
multilaterais, a condenação de política tão contrária aos princípios e às
regras das boas relações internacionais não tem colhido a unanimidade pela qual
deveria pautar-se. Não se enganem aqueles que, por oportunismo e falta de visão,
acreditam poder compor-se com quem se pauta apenas pelo próprio interesse e o
néscio juízo de que está acima das regras e leis da pacífica convivência.
Nesse contexto, o
tratamento que vem sendo dispensado aos observadores da OSCE[1]
– organização a que por pesada ironia a Russia de Putin igualmente pertence
– foge de qualquer princípio internacional. Aprisionados e mantidos cativos em
locais inadequados e expostos em público de forma humilhante, esse
comportamento dos carcereiros desses observadores europeus só é possível e só
se sustenta no seu deslavado tripúdio, porque por trás desses paus mandados
está o poder do Kremlin, exercido com
preocupante desenvoltura pelo candidato a tirano Vladimir Putin.
No entanto, esse
tratamento indigno, essa gritante humilhação de profissionais sérios, a serviço
de Organização respeitada, de que ironicamente participa a Federação Russa, só
se verifica e se prolonga pela postura inaceitável do Ocidente. Talvez Putin na
sua hubris esteja inconscientemente
colaborando para criar as condições do desmantelamento desse castelo de cartas
que é o sanhudo avanço de Moscou sobre a vítima da vez. Porque custa a crer que a capacidade e a hombridade
do Ocidente esteja tão débil que sequer se arroga a medidas legais e
infelizmente necessárias para pôr cobro a essas continuadas afrontas.
A Rússia não é
a potência econômica que deseja aparentar o discípulo do Duce, o fanfarrão Benito Mussolini. Como diz o poeta, há imagens
que doem: ver sequazes do Kremlin
expor ao público observadores da OSCE,
sob a guarda de indivíduos com uniforme militar descaracterizado, como se
fossem espiões, é uma acusação que se volta contra o Ocidente, pela sua
vergonhosa inação, diante da sorte madrasta de nacionais seus sequestrados por
prepostos do governo Putin. Para encontrar paralelo de tal tratamento teremos
de remontar a momentos ainda mais sombrios de uma ordem internacional que corre
o risco de ser tão só a da malta.
(Fonte subsidiária:
CNN)
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