Em sua vinda
ao Brasil, a deputada Corina Machado comparou o governo Maduro à ditadura
brasileira (regime militar) e pediu a renúncia do Presidente Nicolás Maduro
como saída para a atual crise.
Como a atitude
do regime Maduro é conhecida, com a sua opção por radicalizar e reprimir, o
espaço para o diálogo se tem mostrado por enquanto inacessível para a oposição.
A deputada
Corina faz a respeito um raciocínio: o regime chavista persegue a todos que
pensam diferente, não importa se dirigente estudantil ou político, sindicalista
ou jornalista. Exemplo disso é o líder oposicionista Leopoldo López (preso em
fevereiro) e de dois prefeitos igualmente presos por se negarem a reprimir atos
(manifestações, passeatas). O governo Maduro dispara contra estudantes,
tortura, censura. Um regime desses se chama ditadura.
A deputada
Corina propugna o direito de mudança de regime no marco da Constituição
(referendo revogatório, emenda constitucional, assembleia nacional
constituinte, exigência de renúncia).
Dada a situação
política, a saída mais rápida seria a renúncia. Para tanto, Corina e a oposição
venezuelana preconizam criar condições políticas – através de grande mobilização
coletiva, pacífica e organizada na rua – para viabilizar a exigência da
renúncia pela sociedade.
Maduro partiu
para a radicalização. A ele não interessa o diálogo com essa oposição. A
violência para o chavismo – como para todas as ditaduras – é uma falsa solução.
Corina, a esse respeito, rebate o argumento de que a oposição não consegue
reunir multidões nos bairros pobres de Caracas. As zonas populares estão sob
controle político e pessoal pelos ‘coletivos do terror’ (grupos paramilitares). No bairro 23 de janeiro – que é tradicional
reduto chavista – aconteceu nas últimas semanas uma contundente forma de protesto:
o panelaço. Solução dada pelos coletivos:
dispararam contra as janelas de onde vinham os ruídos. Além disso,
marcaram com tinta as portas das casas onde suspeitam haja manifestantes
anti-chavistas.
A respeito da
participação no processo de organizações interamericanas ou sul-americanas,
forçoso é reconhecer que não saem bem na fotografia. Como assinala Corina, a
Unasul se colocou ao lado do regime chavista. Isso não gera confiança no povo
venezuelano. Apesar de o que Brasil tenha co-assinado nota do Mercosul que criminaliza as
manifestações, Corina acredita ainda que o governo Dilma Rousseff mude de
posição.
Dada a hostilidade
do PT à visita da corajosa deputada Corina (evidenciada nas vaias no Congresso,
e em movimentos de entidades ligadas ao PT como o MST e o MPA - Movimento dos
Pequenos Agricultores), tal possibilidade se afigura bastante remota, pela
cegueira ideológica.
Ao ensejo do
aniversário dos cinquenta anos do golpe militar de 31 de março de 1964, a
crença em uma posição de Estado da diplomacia brasileira coerente e sustentada se
vê, desmentida pela postura partidista e ideológico-oportunista do PT. O que os militares não conseguiram no que tange à nossa política
externa – que continuou a pautar-se pelos princípios da diplomacia de estado –
acima das ideologias e na defesa do interesse do país, por enquanto nesse
quarto e último ano de mandato de Dilma Rousseff, tais princípios basilares e
institucionais correm o risco de virar quadros na parede.
(Fonte: Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário