Nessa semana,
apareceu na televisão o líder Vicentinho, da bancada do PT. Perguntado sobre o
deputado André Vargas, do PT e Vice-presidente da Câmara, a sua resposta foi
negar que tenha havido pressão do partido para o pedido de licença. Limitou-se
a dizer que a decisão de Vargas fora pessoal.
Essa atitude
seria imaginável nos primórdios do PT? Claro que não. Naquele tempo, os
deputados da bancada – e não eram tantos – caíam por desvios políticos, nunca
por questões de trânsito com doleiros e quejandos.
Poder-se-ía
dizer que o PT era um partido intransigente e impiedoso, quase stalinista na
disciplina gremial ? Sim. Desobedecer a linha doutrinal fazia cair sobre o(a)
deputado(a) o raio da expulsão, que viria mesmo, se quem se afastasse da trilha
comum o fizesse para associar-se ao sentimento da maioria.
O PT naquele tempo não tinha problemas com Lord
Acton. Longe do poder, se esmerava em atitudes de fazer inveja aos jacobinos em
termos de firme inflexibilidade doutrinal.
Hoje o PT é um
partido do poder e, sobretudo, no poder, e a sua postura é um retrato de Dorian
Gray, cuja única diferença do original, é que por injunções várias ele tem de
ser pendurado na sala de visitas e não em algum recesso ou quarto de despejo,
trancado a sete chaves.
O deputado
Vicentinho é um veterano militante petista. A sua expressão, ao responder às
perguntas dos repórteres, mostrava não a firmeza e a intransigência de antanho,
mas os fundos riscos da experiência. Nesse novo contexto, o pedido de licença
do mandato por 60 dias fora pessoal, sem pressão do partido e negou, por conseguinte,
a pressão partidária: “É uma decisão pessoal dele, que nós respeitamos. O nosso
partido está satisfeito com a atitude que ele tomou e na expectativa de que se defenda da melhor
maneira possível”.
Lula que
fundou o partido, e é seu líder em todas as suas estações, expressou, na própria
linguagem telúrica, que pode refletir os diferentes ares da política nos
tempos, que o PT não vai pagar o pato do
Deputado André Vargas.
Não sei. Pois
em política há várias maneiras de pagar o pato. Os tempos mudam, e o fato de
que muitos pensem que é preciso mudar para que nada mude, não significa
necessariamente que os bons velhos tempos do passado são ainda alcançáveis e
vivíveis, com somente umas poucas adaptações...
(Fonte
subsidiária: O Globo)
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