terça-feira, 8 de abril de 2014

O que foi feito do PT ?


                                       

        Nessa semana, apareceu na televisão o líder Vicentinho, da bancada do PT. Perguntado sobre o deputado André Vargas, do PT e Vice-presidente da Câmara, a sua resposta foi negar que tenha havido pressão do partido para o pedido de licença. Limitou-se a dizer que a decisão de Vargas fora pessoal.

       Essa atitude seria imaginável nos primórdios do PT? Claro que não. Naquele tempo, os deputados da bancada – e não eram tantos – caíam por desvios políticos, nunca por questões de trânsito com doleiros e quejandos.

       Poder-se-ía dizer que o PT era um partido intransigente e impiedoso, quase stalinista na disciplina gremial ? Sim. Desobedecer a linha doutrinal fazia cair sobre o(a) deputado(a) o raio da expulsão, que viria mesmo, se quem se afastasse da trilha comum o fizesse para associar-se ao sentimento da maioria.

       O  PT naquele tempo não tinha problemas com Lord Acton. Longe do poder, se esmerava em atitudes de fazer inveja aos jacobinos em termos de firme inflexibilidade doutrinal.

       Hoje o PT é um partido do poder e, sobretudo, no poder, e a sua postura é um retrato de Dorian Gray, cuja única diferença do original, é que por injunções várias ele tem de ser pendurado na sala de visitas e não em algum recesso ou quarto de despejo, trancado a sete chaves.

       O deputado Vicentinho é um veterano militante petista. A sua expressão, ao responder às perguntas dos repórteres, mostrava não a firmeza e a intransigência de antanho, mas os fundos riscos da experiência. Nesse novo contexto, o pedido de licença do mandato por 60 dias fora pessoal, sem pressão do partido e negou, por conseguinte, a pressão partidária: “É uma decisão pessoal dele, que nós respeitamos. O nosso partido está satisfeito com a atitude que ele tomou  e na expectativa de que se defenda da melhor maneira possível”.

        Lula que fundou o partido, e é seu líder em todas as suas estações, expressou, na própria linguagem telúrica, que pode refletir os diferentes ares da política nos tempos,  que o PT não vai pagar o pato do Deputado André Vargas.

        Não sei. Pois em política há várias maneiras de pagar o pato. Os tempos mudam, e o fato de que muitos pensem que é preciso mudar para que nada mude, não significa necessariamente que os bons velhos tempos do passado são ainda alcançáveis e vivíveis, com somente umas poucas adaptações...

 

(Fonte subsidiária:  O Globo)

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