Hoje, dia
cinco de março é quarta-feira de cinzas, dia que se supõe seja de penitência e
arrependimento, o que a marca na testa deveria simbolizar. Na verdade, esse fim
de carnaval carioca se assinala por uma quarta-feira suja, com o lixo por toda
parte, jogado que foi por blocos e grupos de foliões.
Uma festa – ou
melhor, um conjunto de festas, festejos e festividades de todo tipo, de que a
elegância, as brincadeiras para menores de dezoito anos e a alegria sem
adjetivos são fenômenos raros vistos a grandes penas e à distância, enquanto a
vulgaridade como a poeira se espalha por toda parte, sem precisar de convite ou
crachá – uma festa, repito, que não vai ser lembrada pela animação dos foliões,
a beleza das foliãs, mas sim pelo lixo que está em toda parte, nas avenidas,
nas ruas, nas calçadas, sarjetas, ruelas, praças e logradouros, e os enxames
das moscas, que retornam em estilo, trazendo de volta a imundície dos bons e
velhos tempos.
A que devemos
essa dúbia e imprevista viagem a um passado de pouca higiene e muita sujeira? O
lixo por toda parte não nos deixa esquecer quem o trouxe. Se créditos devem ser
atribuídos, eles cabem, primeiro, a uma greve oportunista de uma parte do
sindicato dos garis da prefeitura. Sem qualquer escrúpulo, ela não se peja de
conspurcar a festa, de desfigurar a cidade e de trazer de volta as moscas –
muitas moscas! – para reforçar o movimento.
A violência tem
muitas formas. Além de invadir a alegria alheia, não é que a facção da greve
selvagem chega a desmoralizar ainda mais a prefeitura? Atreve-se a impedir que outros garis, que tem respeito
pela própria profissão, façam o seu serviço. O que
surpreende mais não é a audácia e o menosprezo dessa gente pela festa do Rio,
mas a apatia de prefeito (e do próprio Estado) que dispõe de forças para coibir
a baderna e os atos antissociais.
(Fonte: O Globo on-line)
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