Crise Ucraniana
O Secretário de
Estado John Kerry não chega de mãos abanando a Kiev. Segundo se noticia, traz
um bilhão de dólares, em garantias de empréstimo a serem dadas à República da
Ucrânia. O apoio será dado em termos de assistência técnica, com vistas a
incrementar a integração com o Ocidente, assim como compensar a redução nos
subsídios concedidos pela Federação Russa na importação de energia daquele
país.
Por outro lado,
será dado apoio técnico por intermédio de especialistas nas operações das
finanças do banco nacional, assim como para dar maior sustentação e
transparência na apuração das próximas eleições, com vistas a reforçar-lhe a
legitimidade.
O Presidente Barack
Obama se orienta no sentido de isolar o presidente Vladimir Putin. Tanto na
sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em que o delegado russo
chegou a ler uma suposta carta do presidente deposto – em que alegadamente
Viktor Yanukovich pede ao presidente russo a intervenção na Ucrânia – e por
declarações posteriores de gospodin
Putin (pela qualidade de seu conteúdo o leitor se veria forçado a reconhecer
que, no caso, o silencio era de ouro), no qual se atribui motu próprio a tarefa de intervir na Ucrânia por força de golpe
inconstitucional contra o presidente Yanukovich, que não por acaso é
pró-Russia. Alguém acaso imagina que – mesmo se tal correspondência for
apócrifa – o ex-presidente tentaria negar-lhe a autoria, ele que está asilado
na Federação Russa de Putin e, portanto, se acha entregue ao poder do atual
autocrata de todas as Rússias?
Por outro lado,
um colunista brasileiro, diante da atual crise, carimba a eleição de Barack Obama como ‘sintoma trágico do declínio
ocidental’. Esse declínio americano já é
objeto de ampla literatura na mídia, mas, salvo erro ou omissão, é a primeira
vez que as eleições de Obama (pois foram duas, em 2008 e 2012) são consideradas
sintoma desse declínio (ou
decadência, se adotarmos a terminologia spengleriana).
Não creio estar sozinho em apontar como causas eventuais do processo o 43º Presidente
americano George W. Bush, com a ajuda
do Vice Dick Cheney e do Secretário
da Defesa Donald Rumsfeld, e o
desastre da guerra contra Saddam Hussein,
e as nunca encontradas armas de destruição em massa (WMD).
A lógica de
Putin é decerto bem diversa e nada tem a ver com pruridos
constitucionalistas. Para a Federação
Russa do presidente Putin, a grande Rússia da União Soviética e mesmo do
Império czarista é ainda uma realidade, e em função dela que ele se acredita
autorizado a intervir militarmente em território de um país soberano.
A intervenção do
presidente Vladimir Putin implica em brutal retrocesso nas relações
internacionais, eis que substitui a força militar como instrumento de ação, sem
atentar para as garantias internacionais e todos os compromissos subscritos a
respeito da Crimeia.
Para a comunidade
especializada, diante de um país nuclear como a Federação Russa, a estratégia
do Presidente Obama é a única responsável e possível. Cumpre tornar dispendiosa e incômoda a tática
imperialista de Putin. Em outras palavras, forçá-lo pela conta dos prejuízos
advenientes a dar meia volta volver, mesmo que tal reação seja mediata e não
imediata, pelas considerações de prestígio e credibilidade envolvidas.
Greve do Lixo
Esse oportunismo
mostra o quão pode estar desprotegida a nossa população. Uma das falhas
gritantes da Constituição Cidadã foi
ter silenciado sobre o caráter inaceitável das greves nos setores da segurança,
saúde e de limpeza em geral.
Deixar-se à
responsabilidade dos setores sindicais diretamente envolvidos tende a tornar a
questão ainda mais complexa, eis que muita vez tais iniciativas são tomadas por
dissidências da direção sindical, como parece ter sido no caso diretamente em
tela.
(Fontes:
The New York Times, Folha de S. Paulo, O Globo)
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