terça-feira, 4 de março de 2014

Notícias direto do Front

                                            

Crise Ucraniana

 
      O Secretário de Estado John Kerry não chega de mãos abanando a Kiev. Segundo se noticia, traz um bilhão de dólares, em garantias de empréstimo a serem dadas à República da Ucrânia. O apoio será dado em termos de assistência técnica, com vistas a incrementar a integração com o Ocidente, assim como compensar a redução nos subsídios concedidos pela Federação Russa na importação de energia daquele país.
     Por outro lado, será dado apoio técnico por intermédio de especialistas nas operações das finanças do banco nacional, assim como para dar maior sustentação e transparência na apuração das próximas eleições, com vistas a reforçar-lhe a legitimidade.

     O Presidente Barack Obama se orienta no sentido de isolar o presidente Vladimir Putin. Tanto na sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em que o delegado russo chegou a ler uma suposta carta do presidente deposto – em que alegadamente Viktor Yanukovich pede ao presidente russo a intervenção na Ucrânia – e por declarações posteriores de gospodin Putin (pela qualidade de seu conteúdo o leitor se veria forçado a reconhecer que, no caso, o silencio era de ouro), no qual se atribui motu próprio a tarefa de intervir na Ucrânia por força de golpe inconstitucional contra o presidente Yanukovich, que não por acaso é pró-Russia. Alguém acaso imagina que – mesmo se tal correspondência for apócrifa – o ex-presidente tentaria negar-lhe a autoria, ele que está asilado na Federação Russa de Putin e, portanto, se acha entregue ao poder do atual autocrata de todas as Rússias?
      Por outro lado, um colunista brasileiro, diante da atual crise, carimba a eleição de  Barack Obama como ‘sintoma trágico do declínio ocidental’.  Esse declínio americano já é objeto de ampla literatura na mídia, mas, salvo erro ou omissão, é a primeira vez que as eleições de Obama (pois foram duas, em 2008 e 2012) são consideradas sintoma desse declínio (ou decadência, se adotarmos a terminologia spengleriana). Não creio estar sozinho em apontar como causas eventuais do processo o 43º Presidente americano George W. Bush, com a ajuda do Vice Dick Cheney e do Secretário da Defesa Donald Rumsfeld, e o desastre da guerra contra Saddam Hussein, e as nunca encontradas armas de destruição em massa (WMD).

      A lógica de Putin é decerto bem diversa e nada tem a ver com pruridos constitucionalistas.  Para a Federação Russa do presidente Putin, a grande Rússia da União Soviética e mesmo do Império czarista é ainda uma realidade, e em função dela que ele se acredita autorizado a intervir militarmente em território de um país soberano.

     A intervenção do presidente Vladimir Putin implica em brutal retrocesso nas relações internacionais, eis que substitui a força militar como instrumento de ação, sem atentar para as garantias internacionais e todos os compromissos subscritos a respeito da Crimeia. 

     Para a comunidade especializada, diante de um país nuclear como a Federação Russa, a estratégia do Presidente Obama é a única responsável e possível.  Cumpre tornar dispendiosa e incômoda a tática imperialista de Putin. Em outras palavras, forçá-lo pela conta dos prejuízos advenientes a dar meia volta volver, mesmo que tal reação seja mediata e não imediata, pelas considerações de prestígio e credibilidade envolvidas.

 

Greve do Lixo        

      
      É lamentável que o carnaval de 2014 tenha sido saudado por uma greve irresponsável de parte do sindicato dos garis no Rio de Janeiro. Esse tipo de greve, feito à revelia do interesse público e da população em geral, não pode ser admitido, sobretudo no exemplo em tela, com a clara ameaça sanitária e não só aos foliões, como a todo o povo do Rio de Janeiro.

      Esse oportunismo mostra o quão pode estar desprotegida a nossa população. Uma das falhas gritantes da Constituição Cidadã foi ter silenciado sobre o caráter inaceitável das greves nos setores da segurança, saúde e de limpeza em geral.

      Deixar-se à responsabilidade dos setores sindicais diretamente envolvidos tende a tornar a questão ainda mais complexa, eis que muita vez tais iniciativas são tomadas por dissidências da direção sindical, como parece ter sido no caso diretamente em tela.

 

(Fontes:  The New York Times, Folha de S. Paulo, O Globo)

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