Estará terminada a crise criada por
Dilma Rousseff pelo seu temperamento
e os muitos conselhos que terá ignorado? Se a previsão do futuro será sempre missão sujeita a chuvas e
trovoadas, não creio esteja longe da verdade afirmar que, a despeito da revolta
na Câmara, com as desfeitas dos ministros convocados e a comissão externa para
a Petrobrás (talvez a melhor coisa da
rebelião), as relações de Dilma com a Câmara dos Deputados e, em especial, com
a bancada do PMDB liderada pelo
deputado Eduardo Cunha, se acham por ora em mar ainda encapelado.
A Presidenta
acumulou erros – no médio e curto prazo -, a mor parte ditada pelo próprio comportamento,
e a falta de visão mais integrada e proficiente da política como ela ora se
desenvolve em Pindorama.
Muitos dos
equívocos se devem a deficiências de conhecimento. Ela acreditou possível
isolar o líder Cunha de sua bancada. Má-informação tanto na teoria quanto na
prática.
Na sua nota de
hoje ‘Meia-sola ministerial’, Ricardo Noblat, com a habitual
proficiência, conclui: (Dilma) “sai da
reforma politicamente mais fraca do que quando entrou”.
Não terá sido
este o seu propósito. Pois, em fim de contas, passada a fase aguda, ‘o PMDB do Senado apoia o Governo. O PMDB da Câmara deixou de apoiá-lo.’
Mas há um ulterior aspecto que não deixará de
ser ativamente considerado, posto que não pareça oportuno ou mesmo relevante
aos diretamente interessados enfatizá-lo.
Uma coisa é a
revolta surda, que se agita nos conciliábulos, nos corredores e até nas bancas da Câmara. Outra é a
realização de sua potencialidade, comprovada em voto em comissão e plenário.
Se a sopitada
insatisfação dá lugar a votações concretas, em que se contesta e se contraria o
poder do Palácio, a situação se transforma. Não é hora de bombeiros, porque o
fogo já grassou na campina.
Agora, a hora é
outra. Hora de engolir o que antes seria impensável. Hora de procurar compor o que
for possível, e esquecer o resto.
Perder, e tirar
a lição, qualquer que ela seja, é uma coisa. Outra é perder e fingir que nada
de ruim aconteceu.
Em geral, para
essa dicotomia, os resultados não variam. No primeiro, ainda que aos trancos,
as coisas tendem a acomodar-se, pelo menos no futuro previsível. Perdem-se este
ou aquele anel, mas se guardam os dedos.
Já no segundo
caso, precisa repetir que a estória será outra ?
(Fonte: O Globo)
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