Liberalidades de D. Dilma
Será que o Governo de Dilma
Rousseff deseja realmente escapar da rebaixa de sua presente nota pelas
agências de avaliação de risco? O seu comportamento tem sido tão descarado no
capítulo que as dúvidas não são apenas retóricas.
Quem age da
maneira com que esta administração petista se vem tristemente assinalando, nos
faz pensar seriamente sobre a hipótese de que este modo desavergonhado, quase
cínico, não corresponda a uma escolha ao revés, como se tivesse cansado de
dissimular.
Não é
necessário muito esforço para que tais dúvidas assaltem o observador do mercado
econômico-financeiro. A despeito das chamadas capitalizações do final do
mandato de Lula da Silva, não há nada comparável na atuação do Presidente Lula
e, sobretudo, de seu Ministro da Fazenda Antonio Palocci que nos faça lembrar
dos atuais truques fiscais de Mantega & Cia. A própria Fazenda de Mantega –
posto que assaz diversa da conduzida pelo antecessor – não cairia tanto, quanto
agora se vê.
Malgrado as
promessas de Dilma, a sua gestão tem sido ruinosa, também em termos de
inflação. Tangida pela queda na popularidade trazida pela carestia, a
Presidente não teve outro jeito senão o de dar certa autonomia ao Banco
Central, para que intentasse controlar a alta dos preços. Malgrado a taxa Selic alta, a inflação continua a bater
no teto (mais de 6%), o que infelizmente constitui característica atribuível
unicamente à irresponsabilidade do Governo Dilma.
Trocando em
miúdos, a causa precípua da desordem fiscal – vale dizer, a incapacidade de pôr
ordem na casa, fazendo com que receitas e despesas sejam compatíveis – está na
marcada tendência de Dilma Rousseff para a gastança. O Governo petista – e isto
desde os primórdios de Lula – incrementou boçalmente (sem trocadilhos) os
gastos correntes, i.e., os dispêndios
com salários de funcionários estáveis. O PT
continua a inchar os orçamentos dos ministérios e das agências
especializadas. No entanto, não se fala
de despesas produtivas: o Partido dos Trabalhadores está em marcha batida para
virar o Partido dos Funcionários Públicos. Que vá fazer esta opção fisiológica
justamente quando o Estado Moderno se orienta para a diminuição dos
penduricalhos e dos quadros inúteis, e se volta para a eficiência, é indicação
segura de que o PT manipula um projeto
de poder, que nada tem a ver com desígnio de desenvolvimento e modernização.
Há tanta
gente nesse projeto neopopulista do PT,
que estão afetando áreas do Estado que antes se caracterizavam por política acima das contingências das
administrações partidárias. Em outras palavras, o Itamaraty – antes o garante da
política de estado que o distinguia dos
nossos hermanos (que se pautavam por
considerações partidárias) – agora tem áreas sob direto controle de apparatchicks petistas. Na diplomacia,
como nas finanças, surgem desenvolvimentos antes impensáveis.
Assim,
somos informados por um jornal de Brasília que o “Governo Dilma Rousseff
resolveu declarar-se ‘amicus curiae’ no processo movido em New York contra a Argentina
por fundos de investimentos norte-americanos”. Não é coisa de somenos
importância eis que “na disputa dos fundos com a Argentina, o Brasil se
apresentaria como fiador do governo de Cristina Kirchner, que responde à ação
por ter dado calote nos credores.”
O
comportamento brasileiro tem sido muito diverso do argentino, em termos de
garantia e de respeito aos compromissos. Nessa altura do campeonato, cabe
perguntar qual o sentido de nos envolvermos em questão que nos é alheia, e que
só pode acarretar danos para as nossas finanças, seja por sobrecarregar-nos com
compromissos que não assumimos, seja por afetar o nosso nome na praça, se
viramos ‘amicus curiae’ (sócios na ação) de processos que não nos concerniam
antes?
Mas a
estranha liberalidade do Governo Dilma não para por aí. Na surdina, Dilma
Rousseff passou por reunião da União Africana em Adis-Abeba. Dada a má repercussão de perdões anteriores
em dívidas de países africanos, a Presidenta preferiu que sem divulgação pela
mídia dívidas decenais de países africanos fossem novamente perdoadas – em um
montante de novecentos milhões de
dólares !
Estranha
liberalidade esta do Estado brasileiro. E qual o objetivo do perdão? Se há
dívida pendente, o pais devedor não pode contratar novos financiamentos. Tal faz muito sentido. Dada a corrupção na
África, muitas dessas dívidas são embolsadas por ditadores corruptos. Contudo,
enquanto o país credor não perdoa o devedor, a dívida fica de pé e não são
possíveis novos financiamentos.
Pois é
através do perdão da dívida anterior que novos negócios podem ser contratados,
que vão beneficiar as nossas empreiteiras... São, ao que parece, as
recomendações do ex-Presidente Lula da Silva...
Mas
será que o Brasil tem tanto dinheiro assim que deva perdoar as dívidas de
países africanos, muitos dos quais dirigidos por ditadores corruptos? Não é a regra que vige aqui no Brasil, não é
D.Dilma? Logo depois dos perdões
anteriores, mais outra leva, e com o Erário perdendo US$ 900 milhões ?!
(Fontes: Correio Braziliense, O Globo, internet)
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