A Crise da Crimeia
O Secretário de
Estado John Kerry, em suas
conversações com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, recomendou ao governo
russo a máxima cautela (restraint).
Nesse sentido, Kerry explicitou que qualquer escalada militar e/ou provocações
na Crimeia, ou em outras partes da Ucrânia, juntamente com medidas para anexar
a Crimeia à Federação Russa, implicaria no fechamento do espaço ainda
disponível para a diplomacia.
O Secretário Kerry empenha-se, outrossim, para
que se forme um grupo de trabalho integrado pela Alemanha, França, Estados
Unidos, Russia e Ucrânia, com vistas a debater medidas para a solução da crise.
A ideia do Secretário de Estado é de proporcionar um conduto direto de contato
entre Moscou e Kiev, mas até o presente não recebeu qualquer resposta favorável
do Kremlin.
No entanto,
Lavrov se prontificou a levar as propostas estadunidenses para o presidente Vladimir Putin, que ora se acha em
Sochi.
Diante da
atitude pregressa de gospodin Putin, é mais do que dúbia a possibilidade de
costurar um enredo que seja conducente, senão à solução da crise, pelo menos a
uma postura que privilegie não a confrontação e o fato consumo, mas a troca de
ideias para eventuais soluções.
Sob pretexto de
que a Ucrânia é devedora a Gazprom (estatal russa de petróleo e derivados) de
US$ 1,89 bilhão, o Kremlin ameaçou cortar o fornecimento de gás à Ucrânia. Além
disso, sinalizou-se o apoio ao referendo sobre a anexação da Crimeia à
Federação Russa. Dada a movimentação militar precedente, a votação em condições
peculiares do parlamento regional na Crimeia, e a manifestação no mesmo sentido
do Senado russo, não podem subsistir dúvidas quanto aos propósitos anexionistas
de Putin.
Em cenários que
são decerto reminiscentes das vésperas das crises que antecederam a guerra mundial de 1939, Vladimir V. Putin multiplica as medidas
tendentes à anexação, enquanto rejeita planos de diálogo com o Ocidente.
Não subsistem,
de resto, dúvidas de que a anexação da península da Crimeia é apenas parte de
uma investida imperialista. Putin não
quer uma vizinha Ucrânia que esteja voltada para o Ocidente, e que
eventualmente se associe – como, entre outras,a vizinha Polônia – à União
Européia.
Expulso o quisling[1]
Viktor Yanukovich pela revolução da Praça Maidan – os três meses de revolta do
povo ucraniano se devem à própria recusa em aceitar a associação com a
Federação Russa e não com a União Europeia – o autoritário Putin, desabituado a
que não
lhe façam a vontade no entorno do império respectivo, terá resolvido virar a
mesa, imaginando talvez uma ‘solução’ tipo Abkázia e Ossétia do Sul. Que o
presidente russo terá cometido uma grande calinada, restam poucas dúvidas, como
exposto em meu blog “O Erro de
Putin”.
De qualquer forma, pela sofreguidão e tentativa da
imposição de ‘soluções’ que importariam em colossal recuo nas relações
internacionais e ao princípio basilar do ‘pacta
sunt servanda’ (os tratados devem ser obedecidos), o ditador Putin semelha
disposto a pôr-se fora da lei internacional. É difícil imaginar o que ocorrerá
com líder nacional que voluntariamente se coloque hors la loi (fora da lei). Se as armas terríveis do passado não nos
parecem aplicáveis, tampouco é crível que alguém possa agir dessa forma, sem
sofrer consequências.
A Mensagem de Dilma
Ataque dos nacionalistas do Xinjiang
Ao
contrário, no entanto, dos naturais do Tibete – que se imolam pelo fogo -, os
uighures principiaram a levar a própria contestação fora das fronteiras do Xinjiang, anexado pela China ao cabo da
derrocada de Chiang Kai-shek e da ‘redistribuição’ fronteiriça no extremo
oeste. Houve já um ataque na Praça da
Paz Celestial, conforme referido pelo blog, e agora na região chinesa de Kunming, no sudoeste.
A
investida dos extremistas uighures
– era um grupo de pelo menos dez homens – usando punhais mataram 28 chineses e
feriram mais 162. Dessa unidade
terrorista, cinco foram abatidos pela polícia, enquanto os outros lograram
fugir.
A Crise nas UPPs
No corrente
ano morreram três policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora do
Complexo do Alemão, o que mostra um recrudescimento da ação de bandidos e
traficantes na área. O modelo da UPP,
tão enaltecido pelo Governo Sérgio Cabral, mostraria sinais de esgarçamento ou
enfraquecimento ?
O próprio
Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, não mais descarta a
possibilidade do retorno de nova
ocupação militar na área. Haveria, para tanto, seiscentos homens disponíveis,
do Exército e da Polícia Federal.
Outra área
em que há baixas de policiais das UPPs é o morro do Pavão-Pavãozinho, em que a
presença do tráfico semelha levantar a cabeça, inclusive impondo fechamento do
comércio ao ensejo de morte de traficantes, a exemplo do ocorrido em passado
não tão afastado.
Esta é
uma outra área delicada, que afeta tanto Copacabana (no entorno da rua Sá
Ferreira), quanto Ipanema, na rua Teixeira
de Melo.
(Fontes:
The New York Times, O Globo)
[1] O sobrenome do governante
norueguês que se bandeara para os invasores nazistas, tornou-se sinônimo de
colaboracionista traidor de sua pátria.
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