Não é
mistério para ninguém – excetuada talvez a Velhinha de Taubaté – que a húbris
será o principal problema de atitude da Presidenta[1]
Dilma Rousseff. A húbris – esse vício comportamental dos heróis gregos – é um
composto de soberba e prepotência. O pressuposto desta complexa atitude está no
menosprezo das pessoas no entorno. Tem uma única limitação (fantasma sabe pra
quem aparece): como não ignora dele depender, Dilma respeita o seu criador, o
ex-presidente Lula da Silva.
Autoritária
na personalidade, acreditando já conhecer tudo o que interessa das questões de
Estado e da política, além de extrapolar para o conhecimento a superioridade de
sua opinião com respeito às posições das áreas executivas a ela subordinadas,
semelha crer firmemente na majestade da respectiva capacidade em preponderar no que tange às relações com
outros poderes, e, em especial, o Legislativo.
Se pessoas
inteligentes são vítimas da arrogância, esse defeito de comportamento não é,
por certo, característica necessária de
homens e mulheres com alto Q.I. Se a cultura e a vivência humana podem ajudar
no controle desse vício, a altivez é uma espécie de peixe-piloto das altas
autoridades. Por ser mais própria dos faltos de conhecimento existencial, vamos
encontrá-la menos naqueles com mais milhagem na ascensão na escada das honras.
Não era por capricho que o cidadão romano que ambicionasse as altas
prerrogativas do Consulado, deveria fazer o longo percurso da scala honorum (escala das honras). Nesse
aprendizado, muitas coisas lhe viriam por acréscimo, inclusive as ínsitas
limitações do poder.
Por que a
Presidente Dilma descura de Câmara e Senado? Não terão faltado conselhos e
avisos – e não dos mais próximos, eis que esses costumam sofrer das injunções
das altas árvores na floresta – de pessoas com mais peso. Não creio, v.g., que
o seu mentor terá sido omisso na matéria. E outros – mas não muitos – haverão
intentado.
Não sendo do
ramo, e acreditando tê-los satisfeito com a inchação dos ministérios – com a
sua carga de inúteis despesas (V. blog
na Rota da Insensatez) - Dilma pensará que a túrgida base está aí para
cumprir ordens. Contudo, a chamada ‘maioria’ não pode esquecer o respectivo interesse
direto, que se insere no fisiologismo da dita política menor. É nesse entorno
que florescem plantas como o líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).
E quem negará o benefício colateral
dessa rebelião diante do menosprezo imperial da Presidenta? O atual
‘primeiro-ministro’ Aloizio Mercadante (Casa Civil) intentou em vão atender aos
pedidos dos oito partidos do chamado ‘blocão’ (liderados pelo maior deles,
a grande frente chamada PMDB). Os longos rancores, frutos do desprezo imperial,
não sóem desaparecer por ações da vigésima-quinta hora, e ainda por cima de
afogadilho.
Dessa maneira, por 267 votos a favor, e 28 contra,
e 15 abstenções, o plenário da Câmara
aprovou a criação de Comissão Externa –
sem poder de convocar testemunhas e quebrar sigilos – para acompanhar os
desdobramentos de supostas irregularidades na Petrobrás.
Nesse contexto, caberá à dita comissão
acompanhar investigações e elaborar relatórios sobre a firma holandesa SBM
Offshore, que aluga plataformas à Petrobrás, e é suspeita de ter
pago suborno a empresas em diversos países, inclusive o Brasil. A Petrobrás não
recebeu de supostos neoliberais como FHC
o tratamento que lhe vem sendo dispensado por Dilma. A debilitação desta
conquista do nacionalismo, iniciativa ícone do Presidente Getúlio Vargas, vem
sendo perpetrada logo por Dilma Rousseff, por desvio de funções da estatal
(entre outros, pagando dos próprios fundos para viabilizar preços administrados
de gasolina). Maiores luzes sobre a administração da empresa poderá ajudá-la a
liberar-se desses contrapesos que muito contribuem para depreciar-lhe o valor e
entorpecer-lhe o aporte para a real autossuficiência nacional em termos de
combustível.
Além disso, os rebelados da Base dizem que aprovarão hoje quarta-feira doze, nas
Comissões da Casa a convocação do Ministro Arthur Chioro (Saúde), para responder
aos questionamentos da Oposição ao Mais Médicos, lançado com estardalhaço pelo então
Ministro Alexandre Padilha (PT/SP), para atender ao déficit de médicos,
sobretudo nos grotões da República, e que tem sido objeto de contundentes
ataques e análises (como a do Dr. Ives
Gandra Martins, em seu artigo sobre o Neo-Escravagismo
Cubano), o que provocou viagem
extraordinária de ultima ratio da
república dílmica, vale dizer, Nosso Guia,
que teve de regatear do companheiro Raul Castro menos avidez nos nacos
reservados ao Estado comunista em detrimento dos médicos cubanos tão mal-pagos
(apresentamos o peixe como nos foi vendido, e se desconhece se algo cabe a mais
ao nosso Erário).
Dessarte, em consequência da arrogância
de Dilma e de sua recusa de receber e de atender às bases legislativas (já
mencionei aqui que o Presidente Getúlio Vargas, no seu último mandato
constitucional, costumava acolher no próprio gabinete todos os deputados em
audiências de pé – pela contingência do número -, de cerca quinze minutos, em
que seus pleitos eram registrados por um assessor do Catete), se sucedem as
dificuldades da Presidente com a maioria.
Nesse contexto, parece, ao cabo,
relevante inserir a declaração do pré-candidato Eduardo Campos (PSB): “A
presidente não soube tocar o Brasil do jeito que precisava ser tocado... Com
respeito ao povo organizado, com respeito ao diálogo democrático, com a
capacidade de ouvir e somar forças. Ter
a paciência que o líder tem que ter e a sabedoria de aprender com o Povo. Quem acha que sabe tudo, não sabe nada.(meu
o grifo) O Brasil parou de crescer como estava crescendo. Não dá mais para
ter mais quatro anos de Dilma. O Brasil
não aguenta.” (de discurso do Governador Campos, em Nazaré da Mata, a 65 km do
Recife)
(Fontes: Folha de S. Paulo, O
Globo)
[1] Nesse neologismo, forçado
por Dilma Rousseff, estaria quem sabe o problema original. Todos sabemos que é
a primeira Presidente do gênero feminino (mas não a primeira Magistrada), quem
isso ninguém tira de nossa Princesa Isabel. Daí o feminino é pleonástico, mas
não para quem quer mudar inclusive o vernáculo.
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