sábado, 14 de dezembro de 2019

Reino Unido: problemas a bombordo e estibordo


                                   
      A eleição por larga margem de Boris Johnson, do partido Conservador,  garante o Brexit, mas ao mesmo tempo fortalece os nacionalistas que ameaçam a integridade do Reino Unido.

       É a velha estória: favorecer o Brexit pode ser bom para aqueles que cultivam velhos ódios contra Bruxelas, mas traz também à primeira plana os nacionalistas que ameaçam a integridade do Reino Unido. E com isso, temos de volta o nacionalismo escocês e também o irlandês.
        Por oportunismo político, ao apelar para o nacionalismo inglês, Johnson se valeu de uma carta arriscada, ao ignorar os interesses da Escócia e da Irlanda do Norte.

        Esse oportunismo de curtíssimo prazo, se lhe acena com o Brexit, ao ignorar os interesses da Escócia e da Irlanda do Norte, lhe promete um desastre próximo. Nicola Sturgeon, líder do SNP, considera o resultado da eleição como um mandato para outro plebiscito que pode acabar com a união de trezentos anos entre Escócia e Inglaterra. E as coisas não ficam por aí: a reunificação da Irlanda. Os unionistas, que salvaram o mandato de Theresa May, depois do fracasso eleitoral, ora consideram Johnson  um traidor por haver firmado acordo com Bruxelas que coloca a Irlanda do Norte, protestante, em regime comercial diverso do restante do Reino Unido.

         Nessa época da decadência inglesa, não há de fato motivo para surpreender-se  se as eleições desmoralizaram ao líder da oposição, Jeremy Corbyn, que mancha, pela própria funda mediocri-dade, a tradição do Labour, e o podium trabalhista fica virtual-mente deserto, à espera do próximo aventureiro, que traga algo que faça ao povo inglês relembrar  presenças como a de Harold Wilson.

( Fonte: O Estado de S. Paulo)

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