sábado, 14 de dezembro de 2019

O AI - 5


                                           
       Nos últimos tempos, o famigerado AI - 5 - sobre o qual não faz muito escrevi blog acerca do dia em que esse infeliz nasceu - quando relembrei ex-officio  a chegada do então chanceler Magalhães Pinto ao antigo Palácio Itamaraty (o verdadeiro), no seu casarão da Rua Larga, quando afogueado pela experiência, Magalhães vinha do Palácio Laranjeiras, apresentando-me por assim dizer a essa nova criatura que infernizaria a vida de muitos brasileiros.

          Como oficial de gabinete, mal podia imaginar que más notícias trazia, enquanto signatário dessa jóia da política de então, em que o governo militar principiava a mostrar os dentes.

           Estranhei a forte carnação da pele do ex-governador mineiro e então ministro das relações exteriores, no mesmo salão do velho Palácio do Itamaraty, que presenciara a agonia do Barão do Rio Branco, essa unanimidade nacional que pesava com a sua imaginária presença, naquele mesmo grande salão de suas últimas horas.

             Mal podia então imaginar que nos papéis que sobraçava o político mineiro, já se preparava tanto sofrimento para jovens e velhos que pensavam na Pátria, não com olhos injetados, mas com os sentimentos que a esperança propicia.

              Magalhães, com a sua visão de moderação e mineiro entendimento, decerto principiava a temer pelo que vinha, mas jamais imaginaria a torrente de besteiras que os  tempos deste presente trariam com a sua estranha ótica  de um AI-5 que passa por ênfase e feito grande, quando na verdade trouxe miséria, tortura e morte.  A ignorância, por mais militante que seja, não tem o direito de divinizar a esse monstro.

( Fonte: O Globo - Mourão minimiza peso do AI-5 que cassou 322 políticos).   

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