quarta-feira, 15 de agosto de 2018

STF: não há prazo para ressarcir fundos públicos

                    

          Houve reviravolta ética no STF, eis que a Corte decidiu pela contagem mais apertada - seis a cinco - que não existe prazo de prescrição para ressarcir o dinheiro público desviado por atos de improbidade administrativa praticados com dolo - i.e., com intenção de causar, seja por agentes públicos, seja por terceiros.
            Em boa hora, os ministros derrubaram a tese de que uma ação para esse tipo de cobrança teria de ser aberta até cinco anos após o descobrimento do fato.
             O julgamento começou na semana passada, quando a Corte formou maioria (seis a dois), pela fixação do prazo de cinco anos, o que provocou repercussão no meio jurídico. Para procuradores e juristas, a prescrição iria dificultar a reparação do  dano ao Erário e aumentar a impunidade, incluindo casos antigos da Lava Jato. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que, caso prevalecesse a regra da prescrição, haveria "enorme impacto negativo na defesa do patrimônio público".
                A reversão do placar ocorreu após os ministros Luiz Fux e Luís Roberto Barroso mudarem a posição da semana passada, quando tinham defendido a prescrição. Com a mudança de votos de Fux e Barroso, ajudaram a formar o placar mínimo, ainda que vencedor, formado pelos ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Cármen Lúcia e o decano, Celso de Mello,
                  Foram vencidos, além do relator Alexandre de Moraes, os ministros Marco Aurélio, Dias Tóffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.  Para Raquel Dodge, procuradora-geral, "foi uma vitória histórica, sobretudo em razão da reversão do posicionamento majoritário que começou a ser construído na semana passada."
                    Para o procurador da República, Hélio  Telho, do MPF de Goiás, o STF não recuou ontem: "O STF evitou que a Constituição fosse mutilada para favorecer o improbo que cause dano ao Erário. Foi decisão muito importante para tornar o assalto ao erário  uma atividade com maior risco de não compensar."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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