segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Duque em colaboração premiada


                    

     Condenado a mais de quarenta anos pela Lava Jato, Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás declarou a três de agosto corrente ao Juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e o PT dividiam dois terços da propina arrecadada com os contratos  de plataformas para exploração de petróleo do pré-sal da Sete Brasil. Ainda segundo Duque, a informação foi passada pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
       Segundo o ex-diretor, um terço da propina ia para a 'casa', o que designava a destinada aos executivos da Petrobrás e da Sete Brasil; os outros dois terços íam para o PT dentro da 'formula' estabelecida acima.
       A motivação de Renato Duque de fazer colaboração premiada se prende à circunstância de que teve acordos de colaboração premiada com o Ministério Público rejeitados pelo MPF (ministério público federal). Condenado a mais de 40 anos pela Lava Jato, Duque optou por colaborar diretamente com a Justiça.
        Ao juiz Sérgio Moro, ele relatou que o pagamento da propina "era institucionalizado". "Todos os estaleiros pagaram", afirmou Duque. Nesse sentido, disse ele que ouviu de Vaccari que ele era o homem do partido responsável pela arrecadação de propina de parte política nos contratos da Sete Brasil, empresa criada em 2010 para intermediar os contratos de plataformas, e que está em recuperação judicial.
          Segundo Duque, Vaccari teria dito que o ex-ministro Antonio Palocci era o responsável pelo acerto e dava as coordenadas de como seria distribuído. Os contratos de plataformas feitos a partir  de 2011 envolveriam, segundo ele, propina de 1%. Ao todo, eram mais de US$ 20 bilhões em contratos.
          Duque confessou ao Juiz Moro que recebeu cerca de US$ 3,8 milhões de propina em negócio da Jurong com a Sete Brasil.  Ele relatou que o dinheiro foi pago em conta aberta em Milão, no banco Cramer. Segundo Duque, os pagamentos da Jurong e dos estaleiros internacionais foram destinados aos executivos da Petrobrás e da Sete Brasil, chamado por eles de "casa". O valor dos 2/3, que, segundo Duque, eram destinados ao PT seria bancado por estaleiros criados por empreiteiras como Odebrecht, OAS e UTC.
            A par de apontar que a propina destinada a Lula foi paga pelo estaleiro liderado pela Odebrecht, Duque relatou que a parte destinada a Dirceu saiu do estaleiro da Engevix e o montante para o PT saiu do estaleiro da Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.
             Na última sexta-feira, Moro ouviu depoimentos de quatro réus do terceiro processo a ser julgado na Lava Jato, envolvendo negócios dos 21 navios-sonda da Sete Brasil contratados pela Petrobrás a partir de 2011. O caso é o da Jurong, que tem R$ 2,1 bilhão em contratos com a estatal e envolveria propina de US$ 18,8 milhões.
               A esse propósito, a defesa de Vaccari disse que ele também foi interrogado por Moro nesta sexta-feira, mas foi orientado a permanecer calado. "O tesoureiro nega no processo qualquer envolvimento com arrecadação de propinas e ilícito." A assessoria de Lula afirmou que "o ex-presidente teve todas as suas contas vasculhadas e jamais recebeu valores ilegais ou teve em Palocci seu representante para receber qualquer valor. Não vamos comentar declarações sem nenhuma prova  
resos que buscam fechar acordos para obter benefícios judiciais."
                 Nesse contexto, a defesa do ex-Ministro José Dirceu emitiu nota afirmando que "diante da situação em que se encontra Renato Duque é absolutamente compreensível, que depois de anos de prisão, diga o que seus acusadores gostariam de ouvir".  O PT foi procurado pela reportagem mas não deu retorno.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )









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