segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Política externa de AMLO


                                            

         AMLO  são as iniciais de Andrés Manuel López Obrador, que é o presidente-eleito do México. A constituição mexicana, entre as suas idiossincrasias, determina que o novo presidente assuma somente em dezembro o respectivo sexênio.
          Após acomodar-se com esse notável atraso na respectiva posse,  Obrador tem tentado exercer uma espécie de governo paralelo, mas parece bastante difícil que Peña Nieto se vá acomodar com a perspectiva de ceder cerca de seis meses do respectivo mandato. De qualquer modo, o novel presidente eleito mexicano vem evidenciando um certo natural desconforto diante dessa longa pausa, que parece um contrassenso ao obrigar alguém que é escolhido para posição com a força do presidente mexicano se veja constrangido a pacientar por tal espaço de tempo.
           Dada essa pausa constitucional, não há outro remédio senão conjeturar sobre o estilo e as eventuais iniciativas principais desse novel chefe de estado.
            O embaixador Andrés Rozental, que foi vice-chanceler de Carlos Salinas de Gortari (1988 - 1994) prevê que o estilo conciliatório que Obrador demonstrara quando governou a capital dos Estados Unidos Mexicanos - e que lhe rendeu elogios do mercado e de adversários, deve tender a sobrepor-se ao seu discurso populista.
              Por outro lado, Rozental também disse  crer que AMLO tenderia a privilegiar a não-inter-venção em questões regionais, e por isso pode procurar  não tomar lado nas crises da Venezuela chavista, e da Nicarágua sandinista.
               Contudo, a eventual gravidade das ditas crises poderá forçá-lo a tomar posição.
                O único país em que as coisas poderão tender a serem diferentes é o Estados Unidos e o seu presidente Donald Trump. Dada a importância dos Estados Unidos da América para o México, importância essa que a circunstância de uma fronteira com a extensão da atual poderá constranger Obrador a adotar posições que difiram da sua postura habitual. Nesse contexto, as atitudes autoritárias de Trump podem forçar a Obrador a adotar reações que, normalmente, ele não tomaria. Mas nesse campo da diplomacia, tendo presente o caráter imprevisível do chefe de estado americano, parece-me que seria um pouco arriscado tentar desenhar cenários potenciais...

( Fonte:  O Globo )

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