domingo, 12 de agosto de 2018

Avanço do Crime no Rio


                                     

          Que o crime, organizado ou não, avança no Rio de Janeiro, é um fato. O governo estadual, depois da roubalheira presidida pelo governador Sérgio Cabral (que foi preso e condenado pela Lava-Jato, que é  Operação gerida pela Polícia e o Ministério público) agora se acha em mãos de seu substituto, contra quem também pesam acusações de malversão de dinheiro público, posto que não com a amplitude demonstrada por seu antigo chefe. De qualquer forma, contra Pezão, o atual governador, tem lidado com suspeitas de envolvimento nesse campo.
          Por outro lado, é notório o envolvimento do Legislativo Estadual, notadamente a sua direção, com a prática da corrupção. A vinda da intervenção federal para o Rio de Janeiro se volta justamente para esse ponto, posto que se afigure difícil que num ambiente a tal ponto dominado pelo crime organizado e a mala vita possa a vinda do Exército exercer influência duradoura (a missão do exército está prevista, em princípio, para terminar no fim deste ano).
           O crime organizado, as quadrilhas munidas de armamento pesado, e, last but not least[1], a sua penetração na esfera estadual e municipal,  tenderá a habilitá-los a exercer uma influência nociva bem maior de a que se poderia esperar há coisa de dez ou quinze anos atrás.
            Em artigo do mês passado do médico Dráusio Varela, que resumi em blog relativamente recente, se lê uma séria acusação contra a penetração do crime organizado no Brasil, que ele atribui à negligência da sociedade brasileira seja em tomar conhecimento, seja em capacitar-se da gravidade desse desafio  para o nosso país.
             É dificil discordar de Varela. A presença do crime - e, em especial, aquele dito organizado - tem crescido muito no Brasil.  
               Por isso, não desperta surpresa maior que no Estado do Rio de Janeiro, cerca de um milhão de eleitores votem em áreas dominadas pelo crime (mala vita), como noticia o principal jornal carioca O Globo.  Nesse caráter nocivo interage a influência de áreas dominadas pelo tráfico de entorpecentes (os morros cariocas que ficaram entregues aos traficantes com a decadência das UPPs unidades de polícia pacificadora) e, por outro lado, em bairros suburbanos, de menor poder aquisitivo, cresce a presença das chamadas milícias.
               Para que se tenha idéia do poder dos traficantes e da milícia, a polícia do Rio de Janeiro ainda não determinou se o mega-crime cometido contra a vereadora Marielle e seu motorista Anderson deva ser atribuído seja à milícia, seja ao tráfico, ou mesmo à coligação de ambos.
               Até o momento, passados quase seis meses do cometimento deste mega-crime - Marielle e Anderson foram fuzilados dentro de seu carro, por viatura muito provavelmente clonada, em uma rua do centro da cidade do Rio de Janeiro, à noite. Tudo leva a crer que o móvel do crime esteja no perigo colocado pela popular vereadora, que representaria uma ameaça a autoridades como vereadores e outros associados na esfera municipal, em que o poder de Marielle implicaria um real perigo para a continuidade de atividades criminosas eventualmente  postas em risco pela corajosa e honesta vereadora, que tinha assento na Assembleia do Rio de Janeiro.  
                 Tem despertado tanto inquietude, quanto crescente suspeita de que a demora em determinar quais foram os mandantes desse megacídio - à noitinha, em bairro central da cidade do Rio de Janeiro,  foram abatidos tanto Marielle quanto o motorista Anderson - tenha a ver seja com as dificuldades práticas encontradas pelos investigadores, seja com a natureza dos mandantes desse delito.  Ora, há observadores que chegam a veicular a hipótese de que a importância dos eventuais mandantes esteja afetando o trabalho da polícia encarregada. Compreende-se, dessarte, o desalento e a indignação dos parentes mais próximos da corajosa e popular Marielle com a incapacidade, seja sistêmica, seja eventual, dos órgãos encarregados da descoberta e da sinalização tanto os perpetradores desse ato covarde, quanto sumamente perigoso, ao adumbrar a possibilidade inquietante de que o eventual mandante faça parte  daqueles que teriam condições de inibir a própria descoberta.
                    Boa parte da Opinião Pública carioca acompanha o trabalho do Deputado Estadual Marcelo Freixo. Personalidade que goza de grande respeito neste Estado, por força de sua honestidade, coragem e determinação,  ele se está empenhando em desvendar os responsáveis pela morte da Vereadora Marielle, uma das líderes do PSol,  e de seu motorista Anderson.    

( Fonte:  O Globo )


[1] Por último, mas não por menos

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