quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Nem Hillary, nem EUA mereciam isto


                    
         Serei talvez o único a mencionar a primeira mulher que deixou de ser presidente pelas estranhíssimas ações de um promotor que o presidente Barack Obama trouxe do quase anonimato para nomear diretor do Federal Bureau of Investigations (FBI), v.g. Mr James Comey. A responsabilidade desse republicano que Obama resolvera distinguir se reporta notadamente à maneira agressiva e desrespeitosa com que tratou a candidata Hillary, a ensejo de audiências públicas por causa da investigação dos e-mails de Hillary Clinton e de seu emprego, em caráter privado, de um canal público de comunicação, quando na chefia do State Department. Mas a má-fé do promotor decidiria na prática a eleição, ao ensejo da malfadada "descoberta" do computador do esposo separado de sua secretária Huma Abedin, em que Comey levantara as atenções dos chamados eleitores antecipados sobre o eventual conteúdo desse computador. Como se insinuavam revelações que jamais se confirmaram, este seria o triunfo da má-fé, manipulada por um promotor que, à vista das aparências, se transforma no determinante fautor da desastrosa eleição de Donald Trump.
              Pelas notícias na imprensa americana, a investigação realizada pelo Promotor especial Robert S Mueller III colhe êxito sobre êxito, condenando associado do Presidente Trump como Paul Manafort por oito acusações de fraude, e, por outro lado, forçando o advogado particular do presidente, Michael Cohen, a reconhecer, sob juramento, haver trabalhado em coordenação com Trump para que as histórias sobre os casos extraconjugais não se tornassem públicas antes das eleições. Os detalhes revelados por Cohen batem com os pagamentos feitos a Stephanie Clifford (ou Stormy Daniels), e a Karen McDougal, a quem teria pago  150 mil dólares. Cohen disse ter sido reembolsado por Trump mais tarde.
                 Mr Cohen, cujas implicações desastrosas para o presidente haviam sido objeto de artigos anteriores em The New York Review, declarou-se culpado de evasão fiscal, fraude bancária e de violações financeiras da legislação sobre campanha eleitoral.
                 Por outro lado, Cohen é o exemplo típico de quem, por excesso de ambição - se meter em questão de alto bordo, para salvar o candidato Trump das próprias confusões sexuais - e ao fazê-lo se expõe aos holofotes da máxima atenção pública, pondo a descoberto as suas questionáveis ações em matéria de aquisição de frota de táxis. Ao lançar-se a jogadas bem acima de seu nível costumeiro, o advogado Michael Cohen paga o alto preço de expor-se aos refletores da campanha presidencial.
                  Compreende-se, por conseguinte, que num comício na Virgínia Ocidental Trump discorreu por primeira vez sobre Manafort, a quem descreveu como "um bom homem". O presidente, no entanto, ignorou o caso de Cohen.  Não é de surpreender, porque advogados de Trump têm dito há meses, de forma privada, que o caso de Cohen é potencialmente mais problemático para o  presidente do que a investigação do Conselheiro Mueller.


( Fontes:  O Estado de S. Paulo,  The New York Times )

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