quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A Peça de Lula


                                                

          Conseguir espaço de primeira página em The New York Times não é cousa de pouca monta.  Que Lula o haja logrado, diz muito sobre sua presidência e quanto terá impactado na memória desse grande jornal, decerto o mais importante dos Estados Unidos, que o ex-presidente tenha conseguido o espaço nobre no Times.
            Mesmo em nível presidencial é um feito de se tirar o chapéu, como antes se dizia.
            Pena é que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva haja preferido um discurso que não quadra bem com a realidade.
             Da prisão especial em Curitiba terá recorrido aos escribas do PT. Fica o público nova-iorquino deveras mal informado, mas a rigor não creio que os ghost-writers se importem muito com isso.  Se o torneiro-mecânico que virou presidente da república, pelo próprio mérito, por mais que se aferre à ficção ou à meta-realidade,  se é forçado a reconhecer que o presidente Lula terá chegado muito além da Taprobana, e terá contribuído para que os presidentes no Brasil não se limitem a um amontoado de bacharéis, com pouquíssimas exceções.
             Meu bom e grande amigo Pedro Carlos Neves da Rocha, que não mais entre nós se encontra[1], quando lhe fui comunicar que votaria - como a maior parte do eleitorado brasileiro - em Lula para presidente, me disse apenas: "não voto para presidente em quem não tem o grau universitário".  Era uma forma lapidar de dissociar-se da paixão que se apossara do eleitorado brasileiro quanto a sua decisão de votar em Lula.
              Na época, dei de ombros, porque me pareceu preconceituoso o pensamento de meu grande amigo.  Passado tanto tempo, eu e muitos outros nos demos  conta - e quanto ! - de que a precaução de Pedro tinha muita razão de ser.
              O New York Times pode ser o jornalão americano, cujas colunas merecem respeito.  Mas deveria ter aberto um espaço para que à verdade de Lula da Silva se colocasse outra verdade, que explica a sua prisão, e a confirmação da sentença do Juiz Sérgio Moro pelos desembargadores de Porto Alegre, no Tribunal Superior ( TRF-4 )
               Com isso, palavras e versões à parte, o iter judicial continua. Teria sido mais inteligente - e mais prudente - do jornalão americano da costa leste, que outras ponderações repontassem, para que surgissem as condenações de instâncias superiores, porque no Brasil temos Justiça, e com letra maiúscula, e o que já se congregou no que tange à realidade penal de Luiz Inácio Lula da Silva já o torna inelegível pela chamada Lei da Ficha Limpa - que colheu aplausos internacionais, e que corresponde a um grande avanço na legislação penal-eleitoral, eis que  ex vi de um tribunal superior - e não de um juiz simples - que essa grande legislação de iniciativa popular  - que torna inelegível quem é condenado em segunda instância  - garante que os candidatos a  Presidente só possam concorrer na eleição presidencial se não foram condenados por um tribunal colegiado (2ª instância).               

( Fontes:  Luiz de Camões, Lusíadas; The New York Times;  O Estado de S. Paulo )


[1] Se quiserem conhecer melhor esse meu grande e velho amigo, leiam Cartas ao Amigo Ausente, que publiquei neste modesto blog.

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