domingo, 19 de agosto de 2018

Kofi Annan (1938 - 2018)


                                   
              O primeiro africano a presidir as Nações Unidas, comandou com competência e personalidade a entidade por dez anos.
                 Nascido em Ghana em 1938, morreu ontem, dezoito de agosto, com oitenta anos de idade.  Em meio a algumas mediocridades, o africano marcou presença à frente da Organização, tendo recebido o Prêmio Nobel da Paz em 2001.
                  O mundo ainda se recuperava do ataque de Ben Laden às Torres Gêmeas, em setembro de 2001, e os organizadores do Prêmio Nobel decidiram dar a Kofi Annan e às Nações Unidas a distin-ção do Nobel, talvez na esperança de sinalizar aos líderes internacionais acerca da importância da luta pela paz.

                 Por haver-se oposto à guerra de George W. Bush contra o Iraque, calamitosa empreitada estadunidense, que daria início ao período de declínio dos Estados Unidos, e  haver denunciado como "ilegal" a guerra contra Saddam Hussein, e as suas famosas e míticas armas  de destruição em massa (WMD),  o Secretário-Geral das Nações Unidas se tornara alvo da diplomacia estadunidense.

                   Annan pagaria caro a audácia de denunciar a guerra de Bush ao Iraque. O Secretário-Geral, abalado pela fatídica decisão estadunidense de invadir os domínios de Saddam Hussein, a que se seguiu a morte, em Bagdá, do amigo pessoal Sérgio Vieira de Mello, seu enviado especial, e diante das usuais denúncias de corrupção, Annan deu indicações de que abandonaria o cargo.  Em seu livro, Fred Eckhart, por oito anos porta-voz de Annan nas Nações Unidas, disse :"Annan viu a Carta da ONU ser rasgada na sua cara". Tal foi a propósito da decisão americana de ignorar o Conselho de Segurança, ao adotar  a estratégia de ataques preventivos e rever toda a questão da tortura. No referido atentado contra Vieira de Mello, na sede das Nações Unidas em Bagdá, em que o brasileiro morreu dessangrado, e junto dele, outras 22 pessoas. Esse dia - 19 de agosto de 2003 - ele o considerou o pior de seu mandato.  Quando Annan alertou que a guerra  do Iraque era ilegal, Eckhart disse haver avertido o Secretário-Geral de que teria problemas. O que se seguiu foi uma chusma de acusações de corrupção contra Annan, que sói ser a tática de os que se descobrem acuados - a maioria de tais ataques proveio de aliados do governo de George W. Bush.

( Fonte:    O Estado de S. Paulo )  

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