sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Petrolão, fase dois

                                         

         Feito o trabalho da Lavajato – nenhuma das prisões foi levantada, com exceção da de Renato Duque, através de liminar do Ministro Teori Zavascki, que  atropelou súmula vinculante do Supremo – a Procuradoria Geral da República denuncia 36 suspeitos e cobrará R$ 1,186 bilhão dos acusados.

        Segundo o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que participou da divulgação da denúncia, aduziu que ela é resultado de apenas uma fase de longa investigação.

        Consoante estimativas  dos Procuradores, R$ 286 milhões foram desviados só em contratos com a Diretoria de Abastecimento, então comandada pelo hoje delator Paulo Roberto Costa.

       No que o Procurador-Geral definiu como uma ‘aula de crime’, foi pedido o ressarcimento de R$ 1,186 bilhão desviado por seis grandes empreiteiras. Nos 36 envolvidos, há 25 altos executivos ou funcionários de menor escalão das seis grandes: OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Engevix e Galvão Engenharia (estão indigitados presidentes, vice-presidentes e integrantes dos conselhos de administração das empresas).Este é o primeiro núcleo, o das empreiteiras.

       Do total acima, de conformidade com a denúncia, R$ 286 milhões foram apropriados exclusivamente pelo esquema de Paulo Roberto Costa (o Paulinho das reuniões com Lula) e o doleiro Alberto Youssef, ligados aos PP, e igualmente denunciados. Essa diferença de valores corresponde à parcela que teria sido repassada à Diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque, indicado pelo PT (José Dirceu), que ainda está sob investigação, posto que liberado pela liminar de Zavascki, como acima referido.

      Segundo o MPF, a organização criminosa instalou-se na Petrobrás em 2004 e perdurou até este ano. Consoante o doleiro Youssef, das quatro empresas de fachada por ele utilizadas (MCO Consultoria, Empreiteira Rigidez, RCI Software GFD Investimentos). Através dessas ‘empresas’ foram lavados R$ 74,1 milhões.

      Janot não prevê tempos breves para mais esta fase da Operação Lava-Jato.

      Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros’, afirmou o Procurador-Geral da República. ‘A complexidade dos fatos nos leva a intuir a dimensão desta investigação, vamos conduzir de forma equilibrada e serena, mas de forma firme e contundente.’

      Nesta magna causa, há dois delatores-premiados (através de suas informações foi possível identificar os culpados, seja no todo, seja em parte). Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento da Petrobrás, garantia a assinatura do eventual contrato, não obstante muitos dos valores estivessem acima do previsto pelos técnicos da Petrobrás. Ele fazia parte do 2° núcleo, o dos funcionários públicos da Petrobras, que inclui também Renato Duque, o diretor liberado da prisão por liminar do Ministro Teori Zavascki. Paulo Roberto recebeu inclusive pagamento através de bens, como o Land Rover com que foi mimoseado.

           As participações de cada empreiteira envolvidas na lavagem foram as seguintes, de acordo com a denúncia. Estão em ordem decrescente:

           Camargo Correa mais UTC : R$ 36.876.887,75; Engevix:  R$ 13.432.500,00; OAS: R$ 10.300.038,93; Mendes Júnior mais GDF: R$ 8.028.000,00; Galvão Engenharia: R$ 5.512.430,00. Para que se tenha ideia do ressarcimento buscado, que é necessariamente pelas multas e outras despesas legais muito superior ao ganho ilícito de tais empresas, assinalo o que será cobrado pelo Erário a Camargo Correa e UTC: R$ 343.033.978,68

           Não ajuda decerto à imagem do Partido dos Trabalhadores que essa grande roubalheira (nas palavras do Ministro Felix Fischer, do STJ) se haja instalado na Petrobrás a partir de 2004, no meio do primeiro mandato de Lula da Silva, e se estende até o corrente ano, sob Dilma Rousseff.

           O colunista político de O Globo, Merval Pereira faz importante comentário, ‘Orgulho roubado’ de que cito apenas o introito:   

           “Para aumentar ainda mais o vexame da CPI mista do Congresso, que um dia antes divulgara o escabroso (sic) relatório do deputado petista Marco Maia tratando com ligeireza cúmplice o escândalo da Petrobrás, o Ministério Público Federal apresentou ontem as primeiras denúncias contra 36 investigados pela Operação Lava-Jato”.

            Discrepando do surrealista relatório de Maia que não indiciou ninguém – tentando, como foi referido alhures, abrir o gigantesco forno da pizza dos sonhos do Partido dos Trabalhadores, destaca-se o trabalho sério da Procuradoria-Geral da República, e da Justiça em particular, com o Juiz de 1ª Instância da Fazenda Pública, Sergio Moro. Para Rodrigo Janot, há elementos suficientes para a abertura de processo criminal.

            Como oportunamente sublinha Merval Pereira, “a CPI dominada pela base aliada e relatada pelo petista Marco Maia não identificou, num ato vergonhoso que achincalha o Congresso” o esquema de corrupção na Petrobrás.

            A máxima famosa de Lord Acton “O poder corrompe. E o poder absoluto, de forma absoluta” não poderia encontrar no governo do PT, e da maioria parlamentar de gnomos que o apóia, mais escrachante e ultrajante confirmação.

            E, quem sabe no futuro, em aula sobre a decadência desse Congresso dominado pelo Partido dos Trabalhadores, e da dita base aliada dos senhores Renan Calheiros et al. será retransmitida pelo you tube a exposição do deputado  Marco Maia, no passado presidente da Câmara e hoje pequeno e medíocre soldado da tropa petista empenhada em operações que rivalizam com as  de embranquecimento e lavagem. Nesse contexto, em matéria digna da lata de lixo da história,  estarão as imagens de sua burocrática leitura  do vergonhoso relatório de CPI que se afunda nas sombras da própria irrelevância.

 

( Fontes:  O  Globo, Rede Globo )                         

 

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