sexta-feira, 17 de maio de 2013

Picado com Pimenta à brasileira

                                           
Assaltante estupra passageira

            De repente cenas de violência sexual estouraram nos ônibus cariocas. Depois de um primeiro estupro meses atrás, sofrido por moça em banco traseiro do coletivo, a prática criminosa dá a impressão de tornar-se quase corriqueira.
            Se os assaltos aos passageiros, a que os ladrões despojam de seus magros cobres, desde muito aparecem como ocorrência dentro da suposta normalidade, mais um inconveniente a sobrepairar no acidentado trajeto para o trabalho A violência sexual contra mulheres representa, mesmo no ceticismo do carioca, uma escalada na animalidade.
            Não creio que os criminosos estejam imitando o estupro da jovem na India. O fenômeno é local, e mostra a que ponto chegamos em termos de insegurança e de desrespeito ao público. Se põe a nu a selva do transporte nos ônibus, com a falta de fiscalização e o excesso de velocidade, não é incidente isolado, mas mais uma página da escabrosa crônica, de que a geral insegurança e o desrespeito contumaz às leis do trânsito são consequências da perene negligência das autoridades, que não podem banalizar tal violência como se fora algo incontrolável, a suportar com asiático conformismo.
           Consta que o estuprador era de menor. Se para alguma coisa serve, será para escancarar o fracasso do  Estatuto da Criança e do Adolescente. Como o noticiário tem evidenciado de forma nauseante, esta lei está sendo instrumentalizada grosseira e acintosamente tanto pela criminalidade – que chega ao cúmulo de terceirizar os delitos, dada a virtual impunidade dos falsos incapazes – quanto pelo coro usual dos românticos defensores de uma juventude que não mais existe, seja nas ruas de São Paulo, seja no Rio de Janeiro.
          É mais do que tempo de pôr cobro a tal escândalo, que é decorrência da hipocrisia de uma elite que, como nas ordenações filipinas, pensa tudo resolver no papel. Aí está o monstro que criaram. Se pode votar para presidente, será que as suas faculdades mentais não lhe permitem distinguir do acerto ou não de atos cínicos e brutais, como os estupros nos ônibus, e o assassinato frio do jovem que até o celular já cedera ?


Palpite infeliz

          Marina Silva literalmente pisou na jaca, ao solidarizar-se com o deputado do PSC.
          Se tem  o direito de confessar-se evangélica – esse credo, vindo do Norte, e que se dissocia da fé tradicional brasileira, que nos acompanha desde os albores da nacionalidade – a ex-Senadora e candidata a presidente com quase dezenove milhões de votos deveria ter refletido mais ao entrever preconceito nas críticas ao atual presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Deputado Marco Feliciano (PSC/SP).
         Não é por ser evangélico que o deputado Feliciano é estigmatizado pela mídia e  boa parte da opinião pública pensante. Ele é a pessoa errada naquela comissão, por ser preconceituoso, por não ter trânsito na sociedade civil em geral, e por ser réu de  processos que correm no Supremo.
        O que tem um eventual preconceito anti-evangélico a ver com isso ? Antes de pronunciar tal despautério, o povo brasileiro sabia que Marina Silva é evangélica. E sem embargo a consagrou, malgrado os pífios segundos da propaganda eleitoral, com aquele derrame de confiança no primeiro turno da eleição presidencial de 2010.


Na Argentina, Lula rasga a camisa

         Com que Lula temos a  ver ? O Lulinha ‘paz e amor’ de 2002, ou o barbudo radical dos primeiros embates presidenciais ? Não é pormenor de somenos importância, dados os rumores que, em partidário desespero, seria ele lançado pelo P.T. para uma hipotética terceira presidência, desarvorados diante das dílmicas confusões na economia.
        Não é pergunta acadêmica, pelas novas que nos chegam da Argentina. Ao ensejo da inauguração da Primeira Universidade Sindical (sic) na Argentina, Lula da Silva resolveu bater forte na imprensa, sempre o alvo preferido daqueles que partilham a telúrica raiva do finado Saddam Hussein contra os mensageiros.
       A reação do tirano de Bagdá não é tão fora do comum quanto os políticos daqui e de além mar nos querem fazer crer. A crítica, ainda mais quando veraz, morde fundo, e nos faz entender as baboseiras de Nosso Guia em terra portenha: “ Às vezes tenho a impressão de que a imprensa está exilada em meu país.”
       E por aí vai: “Quando nós os criticamos, eles dizem que estão sendo atacados. Quando nos atacam, falam em democracia...”
      No momento em que se propala nova investida de Cristina Viúva de Kirchner contra a mídia cujo o pendão de independência é levado pelo grupo Clarín, não se afiguram, SMJ, das mais apropriadas tais invectivas, que associam Nosso camaleônico Guia – estaremos diante do barbudo ardente de 1989, ou do domesticado contemporizador de 2002 – a uma causa que não é a da liberdade de expressão.
      O Brasil de D. Dilma tem sido muito bonzinho com os métodos da viúva do Caolho (minha fonte é a do uruguaio Tabaré Vázquez), retendo na bruta, sem qualquer base legal, as exportações brasileiras para lá. Ao fazer o nosso exportador pagar o pato da violência peronista, o dílmico governo mostrou fraqueza e perdeu credibilidade para brecar novos abusos dos muy amigos portenhos.
       Só não entendi da notícia que tipo de universidade é esta. Qual o currículo que a discípula do general Perón deseja implantar, por primeira vez, na América Latina ? Quais seriam as matérias a serem estudadas pelos delegados sindicais ? A programação temática acaso incluiria: como se articula uma greve? Como se arrebanha, com braço forte, a guarda para dissuadir os companheiros porventura discrepantes ? Qual o melhor modo de impedir a circulação de  folha contrária às sagradas teses do movimento ?
      

 
( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo, Globo on-line )

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