quinta-feira, 16 de maio de 2013

Imagem atual do Brasil

                                         
      Depois de todo o oba-oba do Governo Lula da Silva – Brasil, sexta economia mundial! – não será mero detalhe que a sucessora Dilma Rousseff ora venha colecionando dados negativos.
           Voltou a inflação. A despeito de todas as dílmicas promessas vazias do gênero ‘não admitirei’, ela continua a diminuir as vendas e a tornar as notas de cem e cinquenta cada vez mais presentes nas transações do  dia-a-dia.
           Cai a confiança dos empresários em relação ao Brasil. De acordo com calculo de grande banco nacional, baixou o otimismo empresarial no que tange a nosso país. Assim, o índice de confiança medido entre janeiro e abril de 2013 está 10% menor do que o registrado em agosto de 2010.
          Por outro lado, consulta do Banco Mundial com 800 investidores, apenas sete disseram que o país apresenta as maiores oportunidades da América Latina.
          O Governo Dilma Rousseff preferiu passar ao largo das reformas, seja a fiscal, seja a política. Quanto a esta última, é demasiado eloquente a resposta dada pela chamada base de apoio parlamentar, que, a despeito de bem cevada em benesses e ministérios, não contribui com a recíproca da sustentação política. Em uma casa dividida, todos brigam e ninguém tem razão. E, no entanto, como só a recíproca é verdadeira, segundo ensina o velho preceito, as causas do descalabro parlamentar serão muitas, e todas as partes, a começar pelo Palácio do Planalto, têm culpa em cartório.
         Os governos petistas ignoram o investimento e a poupança. Optam pelos gastos correntes, daí o inchaço dos ministérios – que breve atingirão o mítico numero dos quarenta de Ali Babá. Mas não é só. Não é que com a desordem fiscal, a opacidade nas contas, e o virtual desaparecimento do superávit primário, a data de ontem teve uma estranha comemoração.  O Senado Federal aprovou 6.818  cargos de funcionários públicos em tecnologia de informações e outros, com uma despesa fixa de R$ 480 milhões por ano.
        Com todo o dever de casa, feito pelos Ministros Palocci e Meirelles, desde o início do governo de Nosso Guia houve enorme incremento nos gastos correntes da Administração, com a nomeação de grande número de funcionários. Passados os anos da planície, chegara o momento de premiar a militância dedicada de tantos quadros.
       Não se ignora que o aumento desproporcional dos gastos correntes no orçamento público implica em sobrepeso considerável para a União, eis que, como se infere, é uma das partes menos elásticas das contas públicas.
       Sem embargo, as más notícias continuam, com a sua costumeira importunidade, a acotovelar-se nas antecâmaras palacianas. Assim, a indústria brasileira tem o pior desempenho entre as emergentes, com queda de 2,6% na produção. Somente se lhe compara a Argentina de Cristina Kirchner. Por outro lado, o resultado negativo também se reflete enquanto componente do PIB, em que igualmente sofreu a maior contração no mundo emergente (a queda de Pindorama foi de 0,8%). 
        Mas as novas agourentas não param por aí. Após dez anos – terá algo a ver com o período do Partido dos Trabalhadores no governo ? – a dívida pública volta a crescer. Conforme previsão de grande banco, a dívida acumulada no setor público alcança o patamar de  36%  do PIB (a projeção é de que chegue a 38% em 2015).
         O quadro negativo também se estende às contas externas, como tem de resto sido assinalado. O Brasil não consegue superar a barreira de ser precipuamente um exportador de produtos de base (commodities). A nossa produção de manufaturas, máxime aquelas com maior agregação tecnológica, continua a ser insuficiente. Apesar de termos uma empresa que constrói aviões de médio alcance, e que enfrenta a concorrência a contento, a nossa produção industrial empalidece diante da pletora dos produtos primários, sina que nos persegue desde os tempos coloniais.
         Escusado dizer que o desempenho menos brilhante nas exportações contribui para engordar o déficit, que precisa ser pago no final do exercício. No passado, os IEDs (investimento estrangeiro direto) compensavam eventuais posições no vermelho, mas de uns tempos para cá, com a dílmica inflação e a vitrine econômica menos vistosa, o afluxo de tais inversões, se não secou, diminuiu deveras, com as consequências do endividamento que carece de ser zerado.
        O anti-modelo Brasil – temos o dúbio galardão do maior peso de impostos nas Américas – constitui o enigma que administrações, ou incompetentes, ou timoratas, não logram reformar.
        A carga do impostômetro representa por si só uma piada para todos os brasileiros. Reflete, com o seu caráter acumulativo, um obstáculo para o desenvolvimento,em que a cega ganância e a burrice se dão as mãos.
        E se isto é piada, é de muito mau gosto.

 

( Fontes:  Folha de S. Paulo,  O  Globo )

Nenhum comentário: