quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Quem com ferro fere..,


                                                    
              Na última eleição, a candidata Dilma Rousseff, com expressão severa, procurou destruir o suposto mito da eficiência técnica do candidato José Serra. Em um país de memória curta como o Brasil, não foi tarefa das mais difíceis.
              Primeiro, cumpria refutar a incômoda realidade de que, como primeiro leigo na pasta da Saúde, Serra deixara para trás os seus antecessores médicos, com a implantação dos genéricos e a geral melhoria no atendimento clínico. O meio político já antes temia a iniciativa de FHC, como o demonstrou a prévia oposição à sua nomeação pelo Senador Antonio Carlos Magalhães. Bem anteviam opositores e ‘amigos’ o perigo representado por Serra...
            Por outro lado, armada com os factoides garimpados pelos companheiros paulistas do PT, Dilma, com fisionomia sisuda, enquanto buscava enxotar as sombras do escândalo da fugaz sucessora Erenice Guerra, na Casa Civil, brandia censuras à suposta incompetência tucana, com o racionamento de energia de 2001.
            E não é que, malgrado rotule de ridícula a possibilidade de que ora venha a atazanar-lhe tal perspectiva, logo a ela que controla o setor energético desde 2003, é a energia suja das termo-elétricas trazidas por FHC, que tem fornecido a retaguarda para evitar o racionamento ?
            Enquanto isso, a variante ecológica da energia eólica não pode ser utilizada por falta de instalação das indispensáveis redes de transmissão...

            A  Eficiência  é federal ou estadual ?

             Quem  não terá presente o semblante contrito da novel Presidente, vinda às pressas para trazer apoio moral  à população flagelada pelas desastrosas inundações na Serra fluminense em janeiro de 2011? Ao lado do igualmente consternado governador Sérgio Cabral, e as eternas promessas de pronta ação, o que nos resta dessa tragédia senão o drummondiano retrato na parede ?
             Porque em 2013, se os danos foram menores, o cenário basicamente não mudou. Entrementes, nas localidades atingidas, a ajuda, quando chegou, foi muita vez parar em outras mãos que aquelas que deveriam recebê-la.
             Bastaria a monótona repetição do noticiário – as promessas, as ocasionais visitas dos figurões da época, a falta de seguimento ou o desvio dos recursos, para que no ano sucessivo tudo volte a ser o mesmo, enquanto passam os decênios, e se afunda na terra a consciência do abandono das comunidades atingidas...
             Quem sabe se as pressurosas e ao cabo inúteis presenças não fazem parte de uma encenação decenal, em que a vinda ao cenário envergando jaquetas de socorro oficial constitua na verdade  princípio e fim de uma ópera bufa que se limita a fisionomias apenadas, sem qualquer outra consequência do que o inevitável olvido das populações atingidas, que têm o grave defeito de serem pobres e enquistadas em áreas de difícil acesso mas de fácil esquecimento ?

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

Um comentário:

Unknown disse...

O governo do estado cadastrou as familias prejudicadas e liberou o aluguel social enquanto as familias não recebem suas novas casas. A verba foi liberada e as obras começaram.