sexta-feira, 30 de março de 2012

CIDADE NUA V

O Espelho Mágico  (15)



         Alberto, querido,


        depois do turbilhão eu tento entender, e  confesso que não consigo.
    
      O que me parece natural quando acontece, mais tarde, sozinha, as coisas  vão ficando diferentes. Estava curtindo o Bracarense, queria mais um chope. Embora achasse  estranha a sua atitude – afinal não via razão de pressa – eu acabo fazendo o que Você quer. Agora, confesso, isso me dá um certo embaraço. Talvez o que me incomode mais não é a circunstância de fazer a sua vontade, mas de me comportar como se fosse uma boneca sem qualquer vontade própria. Não consigo atinar com o  porquê dessa situação – tenho até a impressão de que basta um olhar seu e me derreto toda... Sei que não faz sentido, não tem lógica nenhuma, mas, por favor, acredite, passado tudo, a presença relâmpago em um bar tão simpático, a ida apressada para o nosso refúgio, a tórrida noite, me fica depois que nos separamos um gosto amargo... A que atribuí-lo, não sei, mas ele ressurge, e mais forte do que da última vez.
         Por isso, me veio a ideia de pedir um tempinho para Você.
         Por favor, não se zangue comigo. Prometo não abusar, mas quero pensar. Nem sei bem exatamente no que. Quem sabe não me ajude a pôr ordem nas ideias.

        Com amor, da

                                          Lúcia Maria


                                                 *      *             

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