Assistir ao primeiro jogo do Brasil - e a Suiça começa por
ser osso duro de roer - e fica ainda mais complicado se tivermos pela frente um
juiz mexicano.
Comecemos pela primeira brasílica
experiência com um time helvético. Como tenho alguns anos nas costas, ainda não
me esqueci do jogo na Copa de cinquenta - aquela que nós brasileiros contávamos
que estivesse no papo - e não é que a seleção canarinho de então achou que a
Suiça seria uma barbada, e por isso, atolados no otimismo foi que o time de
Flávio Costa empatou no Pacaembu de 2x2 frente aos suiços...
Todos - ou quase todos - sabemos que
nós brasileiros costumamos ter uma queda pelo otimismo, e nessa linha por
presumir que nas partidas os nossos adversários estariam dispostos a ... jogar
futebol.
Excluído aquele resultado em 1950 no Pacaembu,
tenho presente que os jogos da seleção canarinho contra os helvéticos costumam
ser duros. Outra coisa com que devemos ter cuidado é com los hermanos mexicanos...
O jogo de hoje, dezessete de junho, na
Copa da Rússia começou embalado pelo típico otimismo dos brasileiros.
Acabávamos de torcer pela vitória de um time mexicano contra os atuais campeões
do mundo. É natural que o infame 7 a 1
pese na nossa lembrança coletiva, e também se explica que a grande maioria dos
brasileiros haja torcido pelo México no jogo contra a Alemanha. Não é só para compensar o infame sete a um que sofremos em Belzonte, mas me parece explicável torcer
por um país latino-americano, sobretudo se enfrenta a atual campeã mundial.
No entanto, hoje de tarde o Brasil
sofreu um resultado negativo que não merecia. Depois de fazermos o primeiro gol
- e que belíssimo chute o do ex-vascaíno Filipe Coutinho! - a nossa seleção canarinho sofreu sorte
madrasta por uma arbitragem parcial.
Aliás, falta ao nosso time o aporte de um apoio pra valer em Copa do
Mundo. Temos que abandonar o complexo do vira-latismo, de que continuamos a
sofrer. Como admitir que um jovem juiz mexicano nos prejudique na forma como
atuou no que tange à partida contra o combinado suiço (creio que há alguns
suiços no time, mas pela aparência de outros atletas da dita seleção helvética,
mais me parece estar ali um combinado pluri-nacional).
Por outro lado, o goal de empate do
time "helvético" foi ilegal, e essa ilegalidade pareceu-me
dupla. O jovem juiz mexicano recusou-se
a consultar o árbitro que por determinação tem de acompanhar o jogo através de
um sistema interno de verificação. O empurrão do zagueiro suiço no beque
brasileiro foi manifesto e isso já bastava para anular o goal. Mas o tal árbitro mexicano se negou a valer-se desse novo
sistema de verificação das jogadas...
Pela violência contumaz de muitos
dos jogadores suiços, seria de todo
interesse que esse juiz mexicano tivesse agido com mais profissionalismo, e o
Brasil teria ganho a partida, pois o lance em que o beque suiço empurrou o
brasileiro invalida claramente a jogada do goal.
Sinto dizer que muitas outras
delegações não admitiriam esse tipo de procedimento. Um juiz não pode negar-se a consultar um
sistema que acaba de ser instalado justamente para evitar tais maracutaias, que
tornam ostensivas atitudes de
desrespeito já não mais digo ao fair-play,
mas a uma forma civilizada de respeitar o desempenho do esporte, e, dessarte,
não permitir que jogadores como Neymar sejam trucidados por brutamontes ou
cousa pior... Já tivemos a experiência do jogo com a Colômbia, e a forma
criminosa com que o Neymar fora tratado por um jogador colombiano (?) na anterior Copa do Mundo. E um árbitro da
FIFA nem repreendeu o tal beque, que
dizer sequer aplicou-lhe o cartão
amarelo, por uma falta ultra-violenta (que em qualquer campo determinaria a
expulsão do tal atleta, que agiu como um criminoso) O velho esporte bretão é
decerto talhado para homens, mas convém não exagerar, pois o que se vê nesses
campos é o acinte da violência boçal de celerados.
Acho que é mais do que tempo para que
o Brasil reaja e deixe de ser o tímido de sempre, que aguenta todo tipo de
violência, como hoje deparamos para quem quisesse ver.
Como diria mestre Nelson Rodrigues, temos que abandonar
esse persistente complexo de vira-latas
que nos persegue através de tantas décadas.
(
Fontes: Rede Globo, Nelson Rodrigues )
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